Leonardo Cabral em 01 de Abril de 2019
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Presidente da Câmara, Daniel Benzi, presidiu sessão de julgamento que decidiu pela cassação de Carlos Ruso
O relatório da Comissão Processante, que trabalhou por mais de três meses, foi favorável às denúncias de infrações político-administrativas cometidas por Carlos Ruso, feitas pelo MPE. A investigação apontou que o agora ex-prefeito, comandava esquema para ter apoio político dos vereadores, com pagamentos mensais que chegavam até R$ 3 mil a cada um dos acusados.
Conforme o presidente da Câmara, Daniel Benzi, o próximo passo é publicar o decreto que traz a decisão da comissão, oficializando a cassação de Ruso.
“Ele está cassado ao ser condenado aqui político-administrativamente. Independente do que ocorra na esfera judicial, ele não volta mais ao cargo. O próximo passo é publicar o decreto”, explicou Daniel Benzi ao Diário Corumbaense.
O relator da CPI, o vereador Gesiel Paiva Figueiredo, avaliou o trabalho da comissão de forma positiva e classificou o momento como difícil para a cidade. “É um momento negro para Ladário. Nada disso teria acontecido se as partes envolvidas não tivessem participado dessa situação. Porém, cabe a nós desempenhar esse papel de decidir. Analisamos e estudamos todos os fatos até chegarmos à cassação”, declarou.
Por sua vez, o advogado de defesa do prefeito cassado, Elton Nasser, disse que já se tem medida judicial ajuizada e irá ingressar com outras providências.
“No nosso entendimento houve cerceamento de defesa e houve inclusive incorreta adequação da norma ao caso concreto. Diante disso, vamos tomar medidas que o caso requer no sentido de salvaguardar os direitos do Carlos Ruso, na esfera eleitoral. Vamos apresentar a ação cabível, onde prefiro fazer o histórico na própria petição. O que falei na tribuna, extremamente de forma respeitosa, foi no sentido que houve a afronta às garantias constitucionais na ampla defesa contraditória e essa situação vai ser objeto de exame mais profundo no judiciário e todas essas questões podem ser acolhidas”, declarou o advogado de Ruso.
Acompanhando a sessão, a denunciante Marinalva Aranda da Silva, que hoje é servidora pública estadual, acompanhou a sessão e em entrevista ao Diário Corumbaense, disse que foi funcionária pública por quatro anos em Ladário e que em 2017, tomou a decisão de denunciar ao MPE irregularidades que acabaram culminando na sessão de cassação, que trouxe outras denúncias ligadas a Carlos Ruso.
“Sou cidadã, atuante na politica, voto e participo das eleições. Fui denunciar as irregularidades que acabaram trazendo à tona todos esses fatos. Hoje, me sinto satisfeita e acredito que Ladário esteja começando uma nova história. Muitas pessoas foram prejudicas com o que aconteceu”, frisou Marinalva.
O advogado da Câmara de Ladário, George Fuentes de Oliveira, lembrou que a decisão de cassação é referente ao julgamento político de Ruso.
“O atual prefeito, Iranil Soares, continua no cargo como prefeito. Por conta dessa decisão o ex-prefeito está cassado, perdeu seus direitos políticos. A ação penal e criminal fica sob competência da Justiça. Não quer dizer que a defesa não possa questionar na Justiça, mas na Câmara, o plenário é soberano e a decisão já foi tomada”, explicou.
Vereadores envolvidos
Também tramitam na Câmara Municipal de Ladário mais sete processos que investigam infrações cometidas pelos vereadores afastados: Vagner Gonçalves (PPS), Agnaldo dos Santos Silva Junior (PTB), André Franco Caffaro (PPS), Augusto de Campos (MDB), Paulo Rogério Feliciano Barbosa (PMN), Osvalmir Nunes da Silva (PSDB) e pastora Lilia Maria Villalva de Moraes (MDB) única que responde ao processo em prisão domiciliar.
As sessões de que irão votar os relatórios das Comissões Processantes ocorrerão durante esta semana.
Mensalinho
O mensalinho pago pelo prefeito cassado Carlos Ruso, conforme o Gaeco e o Ministério Público Estadual, acontecia há mais de um ano.
Indicação de cargos na Secretaria de Educação, pelos vereadores acusados, também fazia parte do "acordo" e quem cuidava da nomeação era o então secretário de Educação, Helder Botelho, também preso. Os parlamentares ainda teriam barrado uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que averiguava denúncias de irregularidades na Saúde.
A investigação fez apreensões em dinheiro, gravações telefônicas e de vídeo, com a colaboração dos vereadores Fábio Peixoto, Daniel Benzi e Jonil Júnior.
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