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Combate às queimadas terá mais 95 brigadistas e duas aeronaves de Brasília

Silvio Andrade, da Assecom MS em 31 de Outubro de 2019

Chico Ribeiro/Governo do Estado

Região de influência da BR-262 queimou intensamente, numa extensão de 60 km em linha reta

Uma grande operação, a Pantanal 2, está sendo preparada pelo Governo de Mato Grosso do Sul para entrar em ação neste fim de semana na área de focos de calor que atingem o bioma, entre os municípios de Miranda, Aquidauana e Corumbá, com a incorporação ao trabalho de combate de mais 95 homens e duas aeronaves. O fogo se alastrou por uma extensa área do bioma desde o último domingo (27).

Atendendo a novo pedido do governador Reinaldo Azambuja, o governo do Distrito Federal estará enviando 35 bombeiros e o avião Air Tractor, que tem capacidade para lançar até três mil litros de água nos alvos em queima. Também foi solicitado pelo Estado, numa articulação com o Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres, um reforço de 60 brigadistas do Ibama e do Icmbio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade).

O coordenador da Defesa Civil de MS (Cedec), tenente-coronel Fábio Catarinelli, informou que o combate aéreo terá ainda o apoio de um helicóptero do Ibama. O Grupo de Patrulhamento Aéreo da Polícia Militar (GPA) também estará atuando com o helicóptero Harpia 02, no transporte da tropa. Nesta quinta-feira, mais 30 bombeiros do Estado foram deslocados para o posto de comando da operação, na fazenda BR Pec, em Miranda.

“O contingente de brigadistas e as aeronaves de Brasília devem chegar nos próximos dias”, adiantou o coordenador, que solicitou apoio logístico do Comando Militar do Oeste (CMO) na área de comunicação terra-ar. O Exército também participa da ação com um caminhão-pipa para abastecer o Air Tractor cedido pelo Corpo de Bombeiros de Mato Grosso, que está em operação há quatro dias, tendo lançado mais de 100 mil litros de água sobre os focos.

Fogo se desloca para os campos

O cenário que ficou ao longo da BR-262, no Pantanal de Mato Grosso do Sul, depois da passagem do fogo por mais de 60 quilômetros no sentido Oeste-Leste-Sul em linha reta, é de um campo devastador. Sobraram cinzas e paus retorcidos onde era vegetação nativa, habitado por animais silvestres e uma grande variedade de aves. Mais de 50 mil hectares foram queimados durante cinco dias, um desastre nunca ocorrido antes.

Nesta quinta-feira, o dia amanheceu com uma névoa cinzenta cobrindo toda a região, enquanto o fogo avança pelos campos depois de queimar a borda da rodovia numa velocidade que surpreendeu bombeiros, brigadistas e os proprietários rurais. A fumaça se estendia por mais de 120 km, da localidade do Passo do Lontra (MS-184), região turística, a Miranda (200 km de Campo Grande). Havia pouca visibilidade nas estradas, mas o fogo deu uma trégua.

O tráfego na BR-262 ainda exige muita atenção devido à fumaça, que, dependendo da direção do vento, “fecha” a rodovia. Caminhões com cargas de carvão, que circulam diariamente pela via, estão sendo monitorados pela Polícia Rodoviária Federal. Uma das cargas, na quarta-feira, foi atingida por fagulhas e quase ocorreu um incidente. Quem passa pela rodovia percebe a extensão do desastre ambiental e a alta temperatura que permanece no solo queimado.

O capitão bombeiro Vinicius Barbosa Gonçalves, que está à frente das operações de campo, informou que os focos estão se concentrando mais ao Sul do Pantanal, devido a força do vento, com grande incidência ainda na BR Pec, que está dando todo apoio à operação. O diretor da fazenda, Anderson Vargas, disse que, além de 85 voluntários, a fazenda auxilia o combate com 23 tratores grandes e médios para fazer o aceiro e abertura de acessos na mata.

“Toda a nossa área é 100% monitorada por satélite e mantemos nosso pessoal treinado. O fogo surgiu no domingo na beira do rio (Miranda) e ao longo da rodovia (BR-262)”, explicou Vargas. “Estou aqui (na região) há pouco tempo, mas quem é morador antigo fala que nunca houve um fogo tão intenso como esse. Tivemos uma área muito grande queimada, mas ainda não dimensionamos a extensão e os prejuízos”, prosseguiu.