Rosana Nunes com Portal de Notícias MS em 13 de Setembro de 2020
Divulgação/Bombeiros
Rio Paraguai não saiu da calha e áreas que deveriam estar alagadas, sofrem com os focos de queimadas
Essa é a situação enfrentada por Mato Grosso do Sul e apresentada no balanço semanal das ações de combate aos incêndios florestais no Estado. O trabalho é coordenado pela Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) e conta com a atuação do Corpo de Bombeiros Militar de MS e o apoio da Marinha, Exército, Ministério da Defesa, Ibama, ICMBio, PrevFogo, entidade do setor privado e produtores rurais.
O secretário Jaime Verruck, da Semagro, lembrou que “nunca tivemos incêndios dessas proporções em Mato Grosso do Sul, mas por outro lado, também nunca tivemos tanto esforço conjunto com o Governo do Estado de Mato Grosso do Sul”, referindo-se ao apoio do Estado de Mato Grosso, ao governo federal, por meio da Marinha, Ministério da Defesa, Ibama, ICMBio, iniciativa privada, produtores rurais e ongs. “Existe um grande esforço conjunto dos entes federados e do setor privado. É importante que as pessoas que têm se manifestado, realmente nos ajudem, nos apoiem”, afirmou.
De acordo com o Gerente de Recursos Hídricos do Imasul (Instituto de Mato Grosso do Sul), Leonardo Sampaio “em 2020 não houve cheia no Pantanal, pois não houve transbordamento do rio Paraguai, ele não saiu da calha, o que geralmente ocorre entre os meses de junho e julho. Nessa época, o nível do rio Paraguai estava pouco acima de dois metros, agora está em 0,38 m na régua de Ladário e vai continuar baixando. Isso restringe muito o uso do rio, sobretudo a navegação”, informou.
A menor cheia na região, segundo os dados da Sala de Situação do Imasul, apresentados por Leonardo Sampaio, “ocorreu no ano de 1964. Essa de 2020 é a sexta menor da série histórica apurada há 82 anos. Estamos em um ano crítico, preocupante em diversos rios de Mato Grosso do Sul e em diversos pontos do Rio Paraguai. A previsão, segundo a CPRM e a Agência Nacional de Águas, é de que o rio Paraguai atinja o seu pico em 28 de outubro”.
Essa estimativa dos órgãos do governo federal corrobora com a previsão de retorno das chuvas a Mato Grosso Sul no final do mês de setembro e índices pluviométricos acima da média para outubro, apresentada pela coordenadora do Cemtec/Semagro (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), Franciane Rodrigues.
“Durante essa semana acompanhamos a expansão da massa de ar seco sobre Mato Grosso do Sul. Em todas as regiões do Estado as temperaturas estão muito elevadas, batendo recordes históricas, umidade relativa do ar abaixo dos 12% em boa parte do Estado. Na semana passada, havia uma previsão de chuva para o dia 13 a 15, mas essa intensificação da massa de ar seco sobre o Estado modificou os modelos climáticos”, informou Franciane Rodrigues.
De acordo com a coordenadora do Cemtec/Semagro, “até o dia 18 de setembro não haverá chuva em Mato Grosso do Sul e continuaremos com temperaturas elevadas, baixa umidade relativa do ar e ventos fracos a moderados, que dificultam o combate aos focos incêndio. De 21 a 26 de setembro, na troca de estação, ainda permanecem os modelos que indicam chuva fraca em todo o Estado, com baixos acumulados, mas que devem auxiliar no trabalho de contenção dos incêndios florestais. Para outubro não foi modificada a previsão e deveremos ter uma maior intensidade de chuvas, com a saída da massa de ar seco e a entrada da primavera”, finalizou.
O tenente-coronel Moreira, do Corpo de Bombeiros Militar de Mato Grosso do Sul também ressaltou que, “sem ciclo da cheia, tivemos um acumulado maior de material combustível, com muita vegetação extremamente seca no Pantanal, o que favoreceu parte dos incêndios ocorridos no primeiro semestre. Muitos deles ocorreram margeando o rio Paraguai, justamente em trechos que antes eram alagados e que secaram. Essa grande quantidade de biomassa acumulada, aliada ao tempo seco, temperaturas elevadas, a ausência de chuva e de cheias, só favoreceu essa grande quantidade de incêndios que registramos neste ano no Pantanal”.
De acordo com os dados apresentados pelo tenente-coronel Moreira, “de janeiro a 10 de setembro de 2020 foram registrados 12.567 focos de calor no Pantanal, maior número desde 1998, quando foi iniciada nossa série histórica na região”. Até o momento, 2,34 milhões de hectares do Pantanal foram atingidos por incêndios florestais ao longo deste ano. A maior parte foi registrada no Estado de Mato Grosso, sendo 128 mil hectares de janeiro a junho e 1,13 milhão de hectares de julho a setembro, totalizando 1,259 milhão de ha. Em Mato Grosso do Sul, foram 414 mil hectares de janeiro a junho e 667 mil hectares de julho a setembro, totalizando 1,081 milhão de ha.
“Hoje, estamos com esforços concentrados, juntamente com a Marinha, o Ibama, e os Bombeiros de Mato Grosso para evitar que os focos de calor no Mato Grosso avancem para Mato Grosso do Sul, como aconteceu no caso dos incêndios que estão ocorrendo na região de Alcinópolis, no Parque Estadual das Nascentes do Rio Taquari”, finalizou o tenente-coronel Moreira.
O contra-almirante Sérgio Gago Guida, comandante do 6º Distrito Naval, reiterou que o trabalho da Marinha têm se concentrado nas regiões da Serra do Amolar e Porto Jofre, com o apoio logístico aos Bombeiros de Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, com aeronaves e outros suprimentos.
Corumbá
Na região de Corumbá, bombeiros e brigadistas combatem focos de incêndios no Pantanal da Nhecolândia, distante 200 km da cidade, onde, de acordo com o 3º Grupamento de Bombeiros, a fase mais crítica já teria sido contida, com o auxilio dos pecuaristas locais, que disponibilizaram maquinários pesados para a estruturação e ação de técnicas de combate indireto e direto aos focos de incêndio.
Nas últimas 48 horas, as equipes também combateram focos no Porto da Manga, Codrasa, Anel Viário e em vários terrenos baldios em Corumbá e Ladário.
Divulgação/Bombeiros
Bombeiros de Corumbá combatendo focos de incêndio em áreas próximas à cidade
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