PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Vídeo mostra policial militar batendo em mulher algemada em Bonito

Campo Grande News em 22 de Novembro de 2020

Reprodução/Campo Grande News

Policial militar foi filmado ao agredir uma mulher dentro do quartel da PM de Bonito, a 297 quilômetros de Campo Grande. Câmeras de segurança registraram a cena de violência contra a senhora que estava algemada no dia 26 de setembro. 

Nas imagens, é possível ver o policial empurrando a mulher; ela tenta se defender com os pés, mas acaba apanhando com tapas, depois socos e chutes. A sequência de agressões só é finalizada quando uma policial contém o homem, enquanto pessoas que estão no mesmo ambiente seguem paradas, apenas olhando.

A mulher foi presa em um restaurante da cidade. De acordo com boletim de ocorrência registrado pelos policiais militares, ela se envolveu em confusão quando tentava levar comida à sua filha de 3 anos, que tem autismo.

No mesmo registro foi indicado que ela estava bêbada e que teria desacatado os policiais, registrando a prisão por ameaça, dano, desacato e embriaguez. 

Agressão não foi informada ao Comando da PM

O Comando da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul admite que só ficou sabendo do espancamento na recepção de quartel de Bonito quase dois meses após as agressões. Nenhum envolvido foi afastado das ruas. O 2º tenente André Luiz Leonel segue trabalhando, apenas não responde mais pelo Comando do 3º Pelotão de Bodoquena, onde é lotado.

Oficialmente, a PM diz que só ficou sabendo do ocorrido pela imprensa neste fim de semana e informa que agora abre inquérito para apurar o caso. "Foi feita uma análise preliminar do conteúdo, identificando o local e militares envolvidos. Imediatamente, o comandante do CPA-3, coronel Emerson de Almeida Vicente, determinou a instauração de um Inquérito Policial Militar (IPM), que é o instrumento legal para investigar fatos dessa natureza", informa. 

A PM, no entanto, abre a nota e usa a maior parte do texto para falar das acusações contra a mulher: "desacato, danos ao patrimônio, ameaça, resistência à prisão e embriaguês (sic)".

Também justifica que a ocorrência "teve origem após uma equipe policial militar ser acionada para contê-la, em um restaurante daquele município, após a mesma, supostamente, ter ameaçado atear fogo no local, ameaçado de morte os proprietários e quebrado garrafas dentro do estabelecimento comercial".

Sobre o uso de algemas, a PM argumenta que "durante a confecção do Boletim de Ocorrência, a pessoa detida teria se exaltado contra os PMs que atenderam a ocorrência, sendo necessário o uso de algemas e mantê-la dentro do compartimento para condução de detidos, considerando o avançado estado de embriaguez da mesma".

Só no último parágrafo o Comando fala sobre as imagens que apresentam cenas de violência contra a mulher e não cita qualquer punição imediata aos envolvidos.

OAB

Em nota, a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil/MS) destacou que o policial militar “teria o dever de zelar pela segurança das pessoas, inclusive custodiadas como era o caso da mulher algemada dentro de um Órgão Público, e não partir para uma violenta agressão, sob qualquer pretexto que se possa alegar”.

A instituição também ressalta que as imagens divulgadas são “estarrecedoras” e “fortes”. O órgão também cobrou que o caso seja investigado.

“O episódio deve ser severamente apurado, inclusive com o afastamento das funções, sempre observando o devido processo legal para que não restem dúvidas de que o Estado, que tem o dever com o cidadão, com a cidadania e com a Constituição da República, acobertar qualquer tipo de violação às leis deste País”, reforça em nota. 

Comentários:

João Batista: Tenente despreparado, ainda é Comandante de Pelotão! Teve que ser contido por uma Policial Feminina que demonstrou profissionalismo. Desrespeito aos direitos humanos. Acredito que essas atitudes truculentas não representa a PM do Estado, cuja Instituição é legalista e respeita o Estado Democrático de Direito. O estranho é que o Comando imediatamente Superior ainda não conhecia dos fatos ocorridos há mais de dois meses, ou os colegas foram coniventes, ou ninguém comentou na cidade?