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Criticar hidrovia é como "proibir o desenvolvimento da região", diz deputado

Lucia Morel - Campo Grande News em 08 de Janeiro de 2025

Arquivo/Semadesc

Transporte de cargas em trecho do rio Paraguai que já funciona como hidrovia, em Corumbá

Enquanto a imprensa internacional insiste em afirmar que haverá danos ao Pantanal com a concessão prevista pelo governo federal para dragagem de 600 km dos 2.477 km do rio Paraguai, o deputado estadual Paulo Duarte (PSB), nascido em Corumbá, defende o projeto, diz que a intervenção será em pontos isolados e quer debate contundente na Assembleia Legislativa sobre o assunto. “Não se pode proibir por proibir”.

O governo federal abriu, em 19 de dezembro, com validade por 60 dias, consulta pública para colher contribuições e sugestões sobre o modelo de concessão para a hidrovia do rio Paraguai. Os investimentos previstos são de R$ 63,8 milhões para garantir navegabilidade em todos os pontos do rio e transformá-lo num modal competitivo para escoamento, principalmente, na escoação de minério.

Em agosto do ano passado, o jornal britânico The Guardian publicou longo artigo sobre os riscos ao Pantanal em tornar o rio Paraguai numa hidrovia de escoamento de insumos. Já em dezembro, o Washington Post, tradicional jornal americano, chamou a já existente hidrovia Paraguai-Paraná de “superautopista de cocaína”, uma facilidade para o tráfico de drogas para a Europa.

O deputado questiona o interesse da imprensa internacional no assunto, lembrando que o rio Mississipi - que é o segundo mais longo curso de água dos Estados Unidos - é dragado o ano todo.

Duarte afirma que a negativa, ao menos ao debate do caso, é “condenar Corumbá, quase que proibindo o desenvolvimento da região”. Ele defende a concessão com monitoramento constante. “Se nós estivermos errados, proíbe, mas agora, você proibir sem conhecer esses impactos, quer dizer, é condenar uma região toda a não se desenvolver”, afirma.

Sobre o alcance da dragagem, Paulo Duarte rebate: “Há um processo de discussão desse assunto do DNIT com a Antaq, que é quem cuida das hidrovias no País, com esse pedido dessa concessão para que possa ser feito através de concessão, é essas intervenções apenas em pontos críticos”.

Juliano Almeida/Campo Grande News

Deputado Paulo Duarte vai defender o debate sobre a concessão na Assembleia Legislativa

Segundo Duarte, transformar 100% do rio Paraguai em hidrovia é garantir crescimento e competitividade a Mato Grosso do Sul num momento em que o Estado corre o risco de sofrer um “apagão de infraestrutura”, uma vez que o principal modal para transporte de insumos é o rodoviário. “Já passou da hora de a gente trabalhar para que isso aconteça e eu vou fazer um debate respeitoso, porém, contundente desse assunto, porque eu acho que a hidrovia é uma virada de chave tanto para a região de Corumbá quanto para Mato Grosso do Sul”.

Pesquisadores e ambientalistas também são contra a medida e entendem que o processo de dragagem, necessário para aprofundar o leito do rio e aumentar a navegabilidade, vai fazer o Pantanal secar mais rapidamente, com escoamento acelerado das águas que banham a planície.

Paulo Duarte contesta essa visão, dizendo que a dragagem será em pequenos trechos e é a melhor alternativa, hoje, para transporte de cargas, por ser menos poluente do que o rodoviário, reduzir custos, e assim aumentar a competitividade de Mato Grosso do Sul e do Brasil.

"Há o risco de ter um apagão do ponto de vista da infraestrutura, porque você tem o Estado crescendo a níveis muito acima da média nacional, só que nós temos problemas na logística do transporte, porque temos deficiência nas nossas rodovias e com uma ferrovia completamente sucateada. Nós temos o modal que todo mundo quer, né? E temos que ficar ouvindo gringos dando palpite na nossa vida. Eu achei um absurdo”, sentencia.

Consulta Pública

O governo federal, por meio do Ministério de Portos e Aeroportos, lançou em 19 de dezembro a consulta pública para a concessão da Hidrovia do rio Paraguai, a primeira do Brasil. O objetivo é coletar contribuições e sugestões para o modelo de concessão, que prevê investimentos iniciais de R$ 63,8 milhões e um contrato de 15 anos, prorrogável por igual período. A iniciativa pretende modernizar a infraestrutura de transporte fluvial e reduzir os custos logísticos no país.

Comentários:

Gisela N.Nunes: Corumbá foi o terceiro maior porto da América Latina até 1930. Até a década de 1950, os rios Paraguai, Paraná e Prata eram os únicos meios de integração da região. Por isso, a cidade vivia sob a influência dos países da Bacia do Prata, dos quais herdou grande parte dos seus costumes, hábitos e linguagem. Isso ocorreu naturalmente devido à sua localização fronteiriça e ao isolamento físico que sofria na época. Sempre a navegabilidade deu certo e o Rio Paraguai, até hoje segue seu curso natural como deve seguir, claro, graças as instituições que o observam e são responsáveis pela sua manutenção! A dragagem, sendo feita, sempre que for necessário, não vejo óbice que seja utilizado para o desenvolvimento econômico.

Celio luiz damo: Sou arquiteto. Pouco entendo de sistemas hidroviarios...nas um estudo no sistema de comportas pontuais..nos trechos onde o nível precisa ser escavado...apenas na largura necessária..como no canal do Panamá... no restante o leito estaria natural . Talvez até em algum ponto mais estreito do rio fazer uma contenção que controlaria a vazão do rio. Mantendo assim controle do seu nível.. também controlar o trânsito de drogas que fazer este mundo cada vez pior do que está. Deixar ideologias retrógradas de lado. Bom trabalho..

EDUARDO RATTON: Informo que coordenamos, em 2015, o Estudo de Viabilidade Técnica Econômica e Ambiental da Hidrovia do rio Paraguai, tramos norte e sul, em parceria entre o DNIT e a UFPR-ITTI. O resultado dos estudos aponta para a total viabilidade das intervenções de dragagem e sinalização, de forma a se garantir uma navegação segura em qualquer época do ano. Estes estudos estão disponíveis para quem quiser aprofundar-se nos aspectos técnicos e ambientais, afastando todas as opiniões tendenciosas e infundadas que veem ocorrendo em diversos meios de comunicação.

DANIEL SENNA: Qual a intenção de dragar o Rio? Mais riqueza pra quem? Como está hj não é o suficiente? E qdo o minério acabar daqui a 100 anos qual será a alternativa? Depois tds os que causaram o prejuízo já não estarão por aqui. Está será a herança???