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Força-tarefa ganha reforço de mais bombeiros e apoio da Marinha no combate às queimadas

Leonardo Cabral em 25 de Julho de 2020

Divulgação/ Bombeiros

Focos de incêndio se alastram por diversos pontos do Pantanal

Para o combate aos focos de incêndios que estão devastando grande área no Pantanal de Mato Grosso do Sul, o 3° Grupamento de Bombeiros, recebeu apoio, neste sábado, 25 de julho, de mais militares de unidades do Estado. Já estão atuando junto às equipes, bombeiros vindos de Maracaju e Ponta Porã, conforme apurado pelo Diário Corumbaense. Militares de Aquidauana e Jardim, já integravam a força-tarefa, que também conta com brigadistas do Prevfogo. 

O Ibama,  através do Centro Nacional de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais (Prevfogo), informou em nota a este Diário que mantém uma Brigada Especializada composta por 27 brigadistas, treinados, equipados e contratados para combater os incêndios florestais no Pantanal. O Prevfogo/Ibama tem ainda outras quatro Brigadas Indígenas em Mato Grosso do Sul responsáveis pela proteção do território contra os incêndios florestais.

Ainda conforme a nota, nesta semana a Brigada está atuando em duas frentes, empregando todo os recursos disponíveis nestes incêndios. A primeira frente é na Fazenda Jatobazinho, ao norte da área urbana de Corumbá, onde as chamas colocam em risco estruturas físicas, inclusive uma escola rural que atende crianças e jovens ribeirinhos. O incêndio ocorre desde o dia 13 deste mês. Está controlado e os trabalhos estão na fase de rescaldo e vigilância, para que não retorne.

O outro incêndio está ocorrendo no Posto Avançado da Marinha do Brasil, local conhecido como Rabicho. 13 brigadistas foram deslocados para aquela região e estão desde o dia 23 de julho realizando o combate às chamas.

A grande dificuldade encontrada pelas equipes é o acesso, que na maior parte das vezes é pelo rio e o deslocamento é completado a pé por regiões pantanosas, com vegetação cerrada.

As justificativas para os focos de incêndios na região, são as chuvas abaixo da média, temperaturas acima da média, com grande preocupação para os meses de agosto e setembro, reconhecidamente mais críticos para os incêndios florestais. Somado a estes fatores, o rio Paraguai apresenta a menor cheia dos últimos nove anos. Isso faz que diversas áreas que deveriam estar cobertas de água nessa época, estejam expostas, secas e extremamente vulneráveis ao fogo. Há, principalmente, a ação humana, que provoca a maior parte das queimadas.

“Este ano tivemos uma antecipação dos períodos de queimadas por causa dos poucos índices pluviométricos. Com o baixo volume de chuva praticamente não tivemos cheia no Pantanal, o que propiciou grandes áreas expostas, que deveriam estar alagadas, essas áreas contém bastante matéria orgânica, fato que em conjunto com as altas temperaturas de Corumbá e o tempo seco colaboram para uma maior propagação das chamas”, explicou o 2° tenente do Corpo de Bombeiros, Jônatas Lira Costa e Silva de Lucena.

Na noite de ontem e madrugada desta sexta-feira, 24 de julho, em Corumbá, ventos fortes chegaram à região junto com a frente fria, causando ainda maior preocupação, pois as chamas se alastram ainda mais rápido, consumindo a vegetação.

Mas, neste sábado, as equipes também ganham reforço da Marinha do Brasil. O Comando do 6º Distrito Naval, informou que está reforçando o apoio aos bombeiros e brigadistas do Prevfogo. Serão utilizadas aeronaves do 1º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral do Oeste, em voos de reconhecimento de locais afetados, transporte de brigadistas e lançamento de água nos focos de incêndio.

Sem chuva

A mudança climática registrada no Sul do Brasil, deve influenciar apenas cidades da região Sul do Estado, conforme explica o  meteorologista Natálio Abrahão, da Estação Meteorológica da Uniderp/Anhanguera.

“Para este final de semana temos uma frente fria atuando no Sul do país, exatamente nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Esta frente fria deve influenciar fracamente em alguns município do Sul do Estado, principalmente entre Amambaí, Paranhos, Sete Quedas, El Dourado e Mundo Novo, aumentando a nebulosidade, mas as chances de chuva são mínimas nessa região”, falou Natálio.

Ele ainda ressaltou que nos demais municípios a possibilidade de chuva é nula, ou seja, pois “permanece o bloqueio atmosférico atuando em todo o país, principalmente no Estado, não deixando com que as frentes frias avancem, alterando a atual situação em todo MS”, mencionou.

“Isso significa que teremos temperaturas elevadas e umidade relativa em baixa e os focos de queimadas podem ainda se multiplicar e aí alertamos que nos próximos dias, não havendo previsão de chuva, essas condições podem se espalhar entre Corumbá e chegando até o Norte do estado. O período de estiagem segue sem nenhuma previsão de chuva”, completou.

Emergência Ambiental

O Governo do Estado declarou “Situação de Emergência Ambiental” por 180 dias em toda a área do bioma Pantanal, no Estado de Mato Grosso do Sul, afetada pela incidência de queimadas. Assinado pelo governador Reinaldo Azambuja, o decreto "E" nº 80 foi publicado na desta sexta-feira, 24 de julho, em edição extra do Diário Oficial de MS. 

Em razão da situação de emergência, fica autorizada a adoção de medidas visando a contratação, por prazo determinado, de pessoal, para atendimento de necessidade temporária de excepcional interesse público e  combate aos focos de incêndios florestais. Toda contratação deve ser feita respeitando o que preconiza a legislação. 

O decreto considera a necessidade de resposta urgente ao controle de incêndios florestais. Leva em consideração que a área queimada estimada pelo Ibama/Prevfogo já ultrapassa 300 mil hectares, somente em Corumbá e a fumaça provocada pelas queimadas acarreta no aumento de atendimentos nas unidades básicas de saúde, por causa de doenças relacionadas à qualidade do ar, havendo registro de aumento substancial dos casos em coexistência com situação excepcional causada pela pandemia da covid-19.

O Governo alinhou com as prefeituras de Corumbá e Ladário a decretação municipal da situação de emergência. O Estado pediu a disponibilidade de um helicóptero do Ibama, um avião Hércules e um helicóptero Pantera do Exército para transporte dos brigadistas às áreas de difícil acesso.

A Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) coordenará a articulação interinstitucional com os demais órgãos públicos para a definição e a execução das estratégias de combate aos incêndios.