Leonardo Cabral em 12 de Maio de 2020
Reprodução/ Internet
Tempo entre o contágio do ser humano pelo vírus e o início dos sintomas da covid-19, varia de 2 a 14 dias
Por isso, uma das principais medidas adotadas pelos países e cidades do Brasil, como Corumbá e Ladário, é o isolamento social, ação defendida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e que é eficaz no combate a disseminação do vírus, o famoso achatamento da curva epidêmica. Situação necessária para que não haja o acúmulo de casos graves de covid-19 e sobrecarga nos sistemas públicos e privados de saúde público das cidades, principalmente leitos de terapia intensiva já tão escassos. Estudos e experiências de outros países apontam que a queda das taxas de isolamento social tem impacto no aumento do contágio, sendo percebido dentro de duas semanas, com base no intervalo de tempo de 14 dias do período de incubação.
“Após esse período de incubação a pessoa pode ou não apresentar sintomas. Sabe-se que crianças, adolescentes apresentam maiores taxas de infecção assintomáticas, ou seja, têm o vírus no corpo e são capazes de transmiti-lo e não apresentarem sintoma nenhum, considerado assim, um risco potencial de disseminação do novo coronavírus, onde pessoas mesmo não apresentando tosse, febre, dor de garganta, entre outros, podem estar disseminando o vírus sem saber. Por isso, a importância de cumprir o isolamento social, distanciamento entre as pessoas e ficar em casa nesse momento, pois não sabemos quem pode ou não estar infectado”, explicou o infectologista Hilton.
No entanto, o médico diz que a pessoa que está infectada, com sintomas ou não, pode disseminar o vírus após poucos dias do contágio. “Depois do período de incubação, no indivíduo, o vírus se comporta diferente em cada pessoa, dependendo do seu sistema imunológico, idade e doenças crônicas pré-existentes. Pessoas mais frágeis podem transmitir o vírus durante um período até maior que o esperado, reforçando o isolamento social para as pessoas do grupo de risco e seus contatos domiciliares”, afirmou.
A recomendação para evitar viagens não urgentes ou essenciais faz parte dessas medidas na linha de frente contra a doença, e por isso, como forma de “barrar” essa problemática, o embarque e desembarque de passageiros, tanto nas cidades de Corumbá e Ladário, seguem suspensos por decretos municipais.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Médico infectologista alertou que isolamento social é fundamental
“Pessoas recém-chegadas de locais de transmissão comunitária apresentam alto risco de contágio, principalmente nos primeiros sete dias, lembrando que pessoas infectadas sem sintomas também podem transmitir o vírus, facilitado quando tem contato direto dentro de casa ou em aglomerações. Com isso, cria-se uma cadeia de transmissão, por meio de gotículas liberadas ao falar e até mesmo o contato com qualquer tipo de superfície contaminada. A pessoa encosta em algo contaminado e depois coloca a mão na boca ou nariz, levando o vírus às mucosas e se infectando. Se as pessoas ficam em ambiente fechado sem o uso de máscara, sem guardar o distanciamento de 1,5 a 2 metros, numa festa de aniversário, por exemplo, é muito improvável que todos os convidados guardem o distanciamento entre elas, ficando sujeitas a se infectarem com o vírus respiratório seja ele qual for”, alerta o médico sobre doenças infecciosas de transmissão pessoa a pessoa.
“Onde há aglomeração, não existe prevenção contra o novo coronavírus. Pode-se transmitir o vírus para qualquer pessoa. Uma criança, que em geral brinca e realiza contato intenso entre elas e seus responsáveis, pode apresentar infecção assintomática e continuar transmitindo o vírus, perpetuando entre esses contatos. Na covid-19, a maioria da população apresenta sintomas leves, 80% das pessoas que têm sintomas apresentam quadro gripal leve, mas quando pacientes idosos e com doenças crônicas se infectam, aumenta o risco de doença grave (15% dos casos), com hospitalização e até mesmo em alguns casos de entubação (5% dos casos)”, diz o infectologista.
Outro fator também lembrado pelo médico é em relação aos tipos de contágios. Ele faz questão de mencionar que o vírus “não tem pernas ou asas”. Quem faz a doença se proliferar é a própria população, já que boa parte ainda resiste ao não cumprimento das determinações que são recomendadas tanto pela Organização Mundial de Saúde (OMS), como pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
“É bom ressaltar que o vírus pode ficar muito tempo em superfícies, como permanecer dias numa mesa dentro de casa que não é limpa com frequência. Ele tem persistência em plástico, papelão, fica lá viável e se uma pessoa tiver contato, pode se contaminar. Embalagens e sacolas de supermercados também são apontadas como objeto de contágio, pois não sabemos quem tocou, tossiu ou espirrou nesses objetos, assim é muito importante higienizar todos os produtos antes de guardar, evitando levar o vírus para dentro da nossa casa”, chama a atenção o infectologista, mencionando a importância da desinfecção desses materiais antes de entrar nas residências.
Tratamento
Não existe ainda tratamento específico ou vacina para a covid-19, o que reforça a adoção das medidas de isolamento social. Uma vez diagnosticada com o coronavírus, o processo de tratamento até a cura, segue todos os passos recomendados pela OMS e Ministério da Saúde, com o isolamento total do paciente e a hospitalização quanto necessária.
O isolamento dura pelo tempo mínimo de 14 dias, dependendo da reação do organismo de cada pessoa. Contudo, aqueles pacientes que apresentam quadro clínico mais complicado apresentam maior risco de transmissão do vírus.
“Tudo isso depende dos fatores individuais. Pacientes idosos e com doenças imunológicas, ou mesmo aqueles internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) e que necessitam de ventilação mecânica podem apresentar persistência da replicação viral e devem permanecer por mais tempo em isolamento. Sabemos que em geral são 14 dias de quarentena quando se tem a doença, mas se no final dos 14 dias, o paciente continuar com tosse ou algum outro sintoma, ele segue como potencial transmissor do vírus”, explica Hilton.
Ele ainda explica que a perda do olfato e paladar podem perdurar por mais tempo, o que não impede que a pessoa seja considerada recuperada e volte às suas atividades.
O infectologista reforça que após os 14 dias, ainda há que se ter uma atenção com os pacientes. “Sempre temos que observar se há persistência de algum sintoma importante para a transmissão e eventuais sequelas da doença. A persistência dos sintomas é um indicativo de que ela pode não estar curada totalmente, como a tosse e dificuldade de respirar”, diz concluindo que há que se ter acompanhamento médico e também o resguardo da quarentena até a alta médica definitiva.
O calor como potencial protetor é um mito
Em relação ao clima quente, característico em Corumbá, ser protetor da disseminação do vírus, o médico infectologista diz que trata-se de mito. Sempre é bom lembrar que a covid-19 é uma pandemia, está presente nos continentes e em diferentes países, com climas diversos.
“O clima não é fator protetor, ainda mais aqui, onde temos variações constantes do regime de chuvas, frentes frias e altas amplitudes térmicas no mesmo dia. O tempo frio e seco, ajuda na proliferação do vírus, porque as pessoas tendem a ficar mais aglomeradas, além da baixa umidade do ar, que facilita a transmissão de vírus pelo ar, ressecando as mucosas e diminuindo a defesa natural do organismo. Esses mitos não podem fazer com as pessoas relaxem em relação às medidas adotadas na prevenção à covid-19”, finaliza Hilton Alves Filho.
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