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Mortes por dengue em Corumbá e na Bolívia, deixam fronteira em alerta

Leonardo Cabral em 17 de Janeiro de 2020

Com 399 casos notificados na primeira quinzena de 2020, o óbito de um homem de 29 anos, no dia 09 de janeiro, e a suspeita da morte de uma menina de 09 anos, na cidade boliviana de Puerto Suárez, aumenta o alerta para uma possível epidemia de dengue na fronteira de Corumbá com a Bolívia. 

Na última terça-feira (14), uma menina de 09 anos, morreu com suspeita de dengue. Segundo o boletim médico emitido pelo hospital San Juan de Diós, ela apresentou todos os sintomas da doença e não resistiu. 

Diário Corumbaense

Menino boliviano de 6 anos está internado na Santa Casa de Corumbá

De acordo com declarações ao jornal El Deber do diretor do hospital, em Puerto Suárez, Waldo Justiniano, o chamado teste rápido deu positivo, no entanto, o caso é tratado como suspeito, até que venha a confirmação oficial pelo Departamento de Serviço de Saúde.

Teste rápido feito na mãe da menina e mais quatro filhos, também deu positivo para dengue. A mulher e mais três crianças são tratadas na cidade boliviana. Com quadro clínico mais grave um menino de seis anos, foi trazido para Corumbá e está internado na Santa Casa. Ele é acompanhado por uma tia.

A situação preocupa o secretário municipal de Saúde, Rogério Leite. “A Bolívia nos preocupa muito, lá vem aumentando os casos e a maioria está vindo para Corumbá, não conseguimos absorver a demanda da Bolívia, pois além da nossa população, atendemos Ladário. Por isso o trabalho deles (na Bolívia) também tem que ser efetivo no combate ao Aedes aegypti”, afirmou.

Já em Corumbá, já são 399 notificações de casos suspeitos da doença e uma morte por dengue do tipo mais grave. 

Conforme levantamento realizado pela Secretaria de Saúde, os bairros com mais casos suspeitos da dengue são: Cristo Redentor; Popular Velha; Centro; Guanã ; Dom Bosco; Aeroporto; Guatós; Maria Leite e Nova Corumbá.

Em busca de parcerias e ações rápidas

Por conta da situação na região, o secretário de Saúde Rogério Leite se reuniu com o secretário do Estado de Saúde, Geraldo Resende, na quarta-feira (15) para discutir a situação epidemiológica em Corumbá.

“Não é só no Estado ou Corumbá que estamos enfrentando esse problema, mas todas as cidades do país estão passando pelo surto. O programa Mais Médicos do Brasil ainda não iniciou o envio de profissionais para os municípios e estamos com falta de médicos em Corumbá. O que nos resta é fazer o revezamento de médicos, e olha que tem cidade que nem isso tem condições de fazer”, explicou Rogério Leite.

Divulgação

Ações de combate à doença estão sendo realizadas em Corumbá

Ele também está à frente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de Mato Grosso do Sul (Cosems), e devido a isso, encaminhou documento ao Ministério da Saúde, pedindo rapidamente o envio de médicos para as cidades. “Além disso, o documento pede de imediato uma atenção em relação às ações necessárias de combate à doença, e que, instituições possam estar envolvidas, seja elas quais forem”, afirmou o titular da pasta se referindo ao apoio das Forças de Segurança. “Todos temos que estar unidos nessa luta”, declarou.

A Secretaria Municipal de Saúde, com o apoio da Secretaria de Infraestrutura, Serviços Públicos e Habitação, realiza nos bairros da cidade, um mutirão de limpeza, junto com os agentes de endemias e todas as quintas-feiras, a equipe conta com o apoio de militares da Marinha do Brasil. Neste sábado, 18, a equipe estará no bairro Popular Velha.

Sem fumacê e falta de conscientização da população

Os riscos de proliferação da doença aumentam ainda mais com a falta de conscientização da própria população que insiste em não manter os quintais e imóveis limpos. Fiscais da Vigilância Sanitária estão notificando os moradores onde há reincidência de focos de dengue. “Temos dados de países que têm o problema do mosquito Aedes aegypti, mas não há endemia de dengue porque é outro padrão de higiene. A gente tem lutado nessa conscientização, a população tem que ajudar, fazer a sua parte com ações preventivas. A Prefeitura está trabalhando e a população precisa estender a mão, tomar conta da casa, imóveis fechados, donos de terrenos baldios têm que se conscientizar”, pediu o secretário Rogério Leite.

Nas visitas realizadas pelos agentes de endemias, o fiscal sanitário acompanha e notifica os donos de residências onde são encontrados focos de larvas do mosquito. Após a notificação é dado um prazo para que o morador faça a limpeza e readequações necessárias, como a eliminação dos focos e de recipientes ou vasos que possam se tornar criadouros.

Após cerca de 10 dias, os fiscais da Vigilância retornam aos locais notificados para verificar se o problema foi solucionado. No caso de serem encontrados novamente focos de larvas do Aedes, o morador recebe um auto de infração que, após análise de uma comissão, pode gerar uma advertência ou uma multa. O valor das multas varia de R$ 200 a R$ 5.000, conforme o grau de risco à saúde pública.

O desabastecimento do inseticida Malathion EW 44%, aplicado por meio da bomba motorizada, popularmente conhecido como fumacê, também é questionado. Desde maio passado, esse método de combate ao mosquito Aedes aegypti, está suspenso pelo Ministério da Saúde.

Divulgação

População precisa se conscientizar sobre o combate ao mosquito transmissor

“Está comprovado cientificamente que o fumacê não acaba com a propagação da dengue, ele é uma parte que vai nos ajudar, mas afeta a saúde das pessoas, além da fauna e flora. A população tem que entender que o fumacê não vai salvar, não vai resolver, o que resolve é a prevenção. Por isso, essa é uma luta dos moradores, que precisam assumir a responsabilidade. Muita atenção à sua casa, comunidade, para combater os criadouros do mosquito", concluiu o secretário de Saúde.  

A Secretaria de Saúde de Corumbá disponibiliza telefones para moradores também denunciarem locais, como terrenos baldios e imóveis abandonados, com possíveis foco. O anonimato é garantido. Os números são: 0800 647 2255 / 0800 647 2109 / 3233-2783.

As principais medidas de prevenção e combate ao Aedes aegypti são:

  • Manter bem tampados tonéis, caixas e barris de água;
  • Lavar semanalmente com água e sabão tanques utilizados para armazenar água;
  • Manter caixas d’agua bem fechadas;
  • Remover galhos e folhas de calhas;
  • Não deixar água acumulada sobre a laje;
  • Encher pratinhos de vasos com areia ate a borda ou lavá-los uma vez por semana;
  • Trocar água dos vasos e plantas aquáticas uma vez por semana;
  • Colocar lixos em sacos plásticos em lixeiras fechadas;
  • Fechar bem os sacos de lixo e não deixar ao alcance de animais;
  • Manter garrafas de vidro e latinhas de boca para baixo;
  • Acondicionar pneus em locais cobertos;
  • Fazer sempre manutenção de piscinas;
  • Tampar ralos;
  • Colocar areia nos cacos de vidro de muros ou cimento;
  • Não deixar água acumulada em folhas secas e tampinhas de garrafas;
  • Vasos sanitários externos devem ser tampados e verificados semanalmente;
  • Limpar sempre a bandeja do ar condicionado;
  • Lonas para cobrir materiais de construção devem estar sempre bem esticadas para não acumular água;
  • Catar sacos plásticos e lixo do quintal.