“Pensei apenas na morte”, diz ribeirinho que ficou perdido no Pantanal

“Pensei apenas na morte”. Essas foram as palavras do ribeirinho, Sebastião Ferreira, de 81 anos, que ficou perdido no Pantanal, na região do Castelo, durante 13 dias. Debilitado, mas com uma sensação de alívio, o idoso contou ao Diário Corumbaense, que se perdeu durante uma pescaria.

“Eu ia visitar minha irmã e como ela sempre me cobra para levar peixe, saí para pescar nas proximidades da baía Brava, como de costume, pois conheço muito bem aquela região. Mas quando consegui fisgar algumas piranhas, foi que percebi que o baceiro (vegetação) fechou a baía, me deixando sem saída”, lembrou o ribeirinho que tinha planejado voltar para casa, cortar os peixes, passar o sal e levar para a irmã.

Ao perceber que estava sem saída, o ribeirinho ficou apreensivo e tentou buscar um caminho para retornar. "Tentei de algumas maneiras retornar, mas não consegui. Foi então que comecei a perceber que eu estava me afastando cada vez mais”. Perdido, Sebastião disse que apenas pensou na morte. “Eu só pensava que iria morrer, pois tinha tentado de várias maneiras retornar, meu alimento nesses últimos dias foi só a água do rio”, disse.

“Todos esses dias, fiquei apenas no barco. Só saí para atravessar um baceiro. Desci do barco, puxei e até afundei porque estava com muita água”, lembrou. Foram ao todo, 13 dias de muita angústia e medo por parte do ribeirinho.

A família dele procurou ajuda do Corpo de Bombeiros Militar, que se deslocou para a região, fez buscas, usou um drone para fazer uma varredura na área, mas nenhuma pista foi achada.  

O retorno e sensação de alívio

Familiares continuaram com as buscas e foi na manhã de domingo, 30 de junho, que uma sobrinha o avistou quando ele remava em direção ao Porto Maracangalha. 

“Eu pedia tanto para Deus. Já não tinha mais forças. Nem mesmo conseguia dar partida no motor do barco, fui remando bem devagar até que minha sobrinha, que estava me procurando, me viu e foi só alegria”, falou o ribeirinho que ainda frisou ter crescido na região e que essa foi a primeira vez que se perdeu. “Nunca tinha me perdido. Me criei ali e conheço tudo, mas graças a Deus consegui sair e voltar para casa”, completou Sebastião, que toma remédio controlado após ter enfrentado um derrame, que o deixou três meses internado na Santa Casa de Corumbá.

Logo depois de ser achado, os familiares acionaram equipe do Corpo de Bombeiros, que o trouxe para Corumbá e o encaminhou ao pronto-socorro.

Até a manhã desta segunda-feira, 1º de julho, Sebastião permanecia no pronto-socorro aguardando vaga na Santa Casa, onde ficará internado. Sobre o estado de saúde dele, o médico plantonista, Lauther Serra, disse que o idoso vai passar por alguns exames ainda.

“Ele chegou com quadro de desnutrição e desidratado. Foi medicado e está em observação, aguardando vaga para internação na Santa Casa. Ainda deverá passar por alguns exames, para ver se há alguma infecção. Ele fez muito bem em se hidratar com bastante água. Essa é a recomendação quando pessoas se perdem, hidratação, água é essencial”, frisou o médico.