Produtos já começam a acabar em supermercados e "sem comida", restaurantes podem não abrir

Ricardo Albertoni/Diário Corumbaense

Em um supermercado da região, produtos começam a faltar

Com a falta de combustíveis, Corumbá também já enfrenta desabastecimento em estabelecimentos comerciais. A maioria dos supermercadistas da região afirma que tem estoque de itens considerados básicos por mais alguns dias, entretanto, produtos como hortifrúti, frios e carnes começam a faltar. A solução provisória encontrada por alguns empresários foi recorrer aos produtores da região.

Ao Diário Corumbaense, o proprietário de um supermercado localizado na área central, Diogo Oliveira, 37, explicou que a medida foi tomada para que o consumidor não fique sem o produto neste primeiro momento, entretanto, ele relatou que a alternativa não deve suprir a demanda por muito tempo.

“Itens básicos temos sempre que fazer estoque, como a nossa logística é diferente, longe dos grandes centros, precisamos estocar mais e por isso conseguiremos atender a população por pelo menos mais 20/30 dias. Já itens como carnes, nossa previsão é de que tenhamos para até o fim de semana e não sabemos se teremos para a semana que vem. Aqui temos a sorte de ter as feiras livres e por isso estamos sendo criativos indo atrás para atender o público, fazendo essa parceria com os fornecedores que atendem os feirantes. Estamos vendo outras alternativas, mas isso não vai abastecer o mercado em Corumbá por muito tempo”, relatou  Diogo.

Em outro supermercado de Corumbá a situação preocupa. Sem poder oferecer alguns produtos, o estabelecimento que conta com abastecimento duas vezes por semana já sente a ausência de alguns itens. A previsão, nada otimista da gerência, é que mesmo que a situação se resolva rapidamente, o estabelecimento ainda terá que comercializar produtos com qualidade inferior, já que alguns veículos com carga de produtos perecíveis estão parados em bloqueios.

Anderson Gallo / Diário Corumbaense

A solução provisória encontrada por alguns empresários foi recorrer aos produtores da região

“Temos apenas o que está nas prateleiras, não temos estoque. Recebemos mercadoria duas vezes por semana e a última remessa que chegaria na quinta-feira está em caminhão parado em um dos bloqueios, com a mercadoria estragando. Dentro de uns dias, mesmo se voltar, não teremos produto de tanta qualidade. O que mais preocupa são os hortifrúti e os frios, como por exemplo a muçarela, não temos nada. Estamos quase zerados de frango”, afirmou a gerência do estabelecimento.

Os restaurantes também começam a ser afetados pela falta de produtos e de combustíveis na cidade. Proprietária do restaurante Miguéis, Amanda Cláudia do Nascimento Miguéis, informou a este Diário que já suspendeu o serviço de entregas do estabelecimento e optou por alterações no cardápio para que os clientes não sejam prejudicados. Amanda adiantou que se não houver mudança no panorama, não deve abrir as portas na próxima semana.

“Lei da oferta e procura, o preço de alguns produtos subiu, mas não queremos passar isso para os clientes. Por isso estamos substituindo itens dos ingredientes, trocando por exemplo carne por porco para tentar até remediar a situação. Estamos encontrando dificuldade na compra da muçarela, a carne, o peixe, itens básicos que todo restaurante tem que ter. Hoje, eu cancelei as entregas porque não temos gasolina. Minha meta é tentar abastecer para poder atender o Festival América do Sul, pelo compromisso que a gente fez e na segunda-feira, se eu não tiver comida, não vou poder abrir”, frisou Amanda.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

A empresária Amanda já suspendeu o serviço de entregas do estabelecimento e optou por alterações no cardápio

Entretanto, a empresária reforçou que embora esteja tendo prejuízo é solidária à causa que visa melhorias para os caminhoneiros, mas indiretamente pode beneficiar o restante da população. “Tomamos prejuízo, mas estamos juntos por uma mudança e é agora, já estamos no fundo do poço, com alta dos combustíveis e eu concordo com a causa, temos que fazer mesmo”, reforçou.