Rosana Nunes em 07 de Outubro de 2021
Anderson Gallo/Arquivo Diário Corumbaense
Nesta quinta-feira, altura do rio Paraguai na régua de Ladário é de -52 cm
Projeções do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) mostram que marcas ainda mais baixas podem ser atingidas este mês. A estimativa para o dia 15 é de -57 centímetros. Este nível igualaria a segunda pior seca da história, quando os negativos 57 cm foram alcançados em outubro de 1971.
A estação de Ladário é considerada um termômetro para medir o grau da estiagem no bioma Pantanal. É, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil, o terceiro ano consecutivo em que o Pantanal não apresenta a habitual cheia, condição em que o nível d’água supera os 4 metros em Ladário. A última vez foi em 2018, quando o rio atingiu o pico de 5,35 metros.
O maior ciclo de seca registrado no Pantanal foi de dez anos consecutivos (1964 a 1973). Nesse ciclo, o nível mínimo foi de 61 centímetros abaixo do zero da régua, ocorrido em 1964, segundo a Embrapa Pantanal.
No ano passado, a marca mínima foi de -32 centímetros, atingida nos dias 23 e 25 de outubro. Em 2020, houve a maior estiagem em 50 anos.
Em 1964, o rio alcançou a menor marca, chegando aos -61 cm (em setembro) na régua de Ladário. Em 1971, mediu -57 cm (setembro). Em 1967 alcançou -53 cm (outubro). Dois anos depois, em 1969, a régua do 6º Distrito Naval registrou os mesmos -53 centímetros (setembro). A quinta maior vazante aconteceu em 1910 com -48 cm (outubro).
Nível abaixo do zero da régua
O fato de a régua marcar altura abaixo do zero da régua ladarense não significa que as pessoas podem "atravessar a pé" o rio Paraguai. A explicação para isso é que a régua foi instalada num local de fácil leitura (margem direita do rio), assim, o zero da régua não corresponde ao local mais profundo.
Se o nível da água do rio Paraguai, em Ladário, atingisse a marca de zero centímetro, mesmo assim o rio nesse local teria uma largura de aproximadamente 250 metros e uma profundidade média de 4 metros. Daí a explicação para o fato dessa régua já ter registrado valores negativos, como ocorreu em 1964, quando o nível ficou 61 centímetros abaixo do zero.
A variação natural sazonal dos níveis dos cursos d’água da bacia do rio Paraguai, o pulso de inundação, constitui o fator principal que rege o funcionamento de rios com a planície de inundação e condiciona a vida da população e as atividades econômicas na região.
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