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Halloween e o cinema

Coluna English Corner, com Regina Baruki (*) e Lívia Gaertner (*) em 30 de Outubro de 2020

A origem do Halloween remonta aos festivais que faziam parte da tradição dos celtas e dos romanos. Os celtas promoviam o festival para marcar o início do inverno. Os romanos que invadiram os locais onde viviam os celtas mesclaram aquelas comemorações com a celebração da passagem dos mortos. Com a difusão do Cristianismo, houve uma movimentação para a substituição dessas festas pagãs. O dia 1º de novembro, na tradição cristã, é o Dia de Todos os Santos. Os rituais dos celtas e romanos não foram totalmente extintos; algumas características permaneceram.

A comemoração do dia 31 de outubro ficou conhecida como Halloween, palavra formada pela corruptela de All Hallows’ Eve, ou seja, a véspera (eve, de evening, que se torna een em Halloween) do Dia de Todos os Santos, All Hallows’ Day ou All Saints’ Day. Um comentário: a palavra eve também é usada para a noite de 24 de dezembro, Christmas Eve, véspera do Natal. O dia 25 de dezembro é Christmas Day. Da mesma forma, a véspera do Ano Novo, 31 de dezembro, é New Year’s Eve e o dia 1º de janeiro é New Year’s Day.

No início da comemoração do Halloween, as pessoas menos favorecidas pediam alimentos nas casas, em troca de orações aos familiares mortos. Esse hábito deu lugar à visita das crianças às casas, fantasiadas de bruxas e outras figuras arrepiantes, pedindo doces, dizendo “Gostosuras (treats) ou travessuras (tricks)”, em inglês “Trick or Treat”.  

No cinema, o tema do Halloween é recorrente. Desde os filmes mais sombrios, recheados de muitos sustos, personagens com situação psicológica conturbada e crimes sangrentos, até animações que podem ser vistas com toda a família, sem fazer ninguém perder o sono, o Halloween mostra-se um grande negócio para a indústria do cinema.


Prova disso é a série de filmes estreada em 1978, com o assassino em série Michael Myers, o maníaco da máscara branca. Intitulado Halloween – A Noite do Terror, o longa, dirigido pelo renomado John Carpenter, tornou-se um desses clássicos indispensáveis sobre o assunto, inspirando uma sequência de 11 filmes homônimos, cujo mais recente é de 2018, portanto, 40 anos após a estreia. No mais novo longa, os produtores optaram por voltar ao primeiro filme e, de lá, partiram para um enredo cheio de ‘referências’ e ‘reverências’ à película inaugural.


Se você quer algo mais light, vamos falar do famoso Tim Burton e seu O Estranho Mundo de Jack (1993), que promove a união do que podemos dizer assim... duas datas antagônicas: o Halloween e o Natal. A animação em stop motion tem Jack Skellington, rei da cidade de Halloween, como personagem que tenta levar o ‘espírito natalino’ ao seu povo, mas de um jeitinho ‘um pouco’ distorcido. Já que citamos Tim Burton, aproveitem e assistam ao clássico Beetlejuice, que, em bom português, virou Besouro Suco, um fantasma interpretado por Michael Keaton, que faz de tudo para irritar os vivos. Mas atenção: os tradutores optaram por adotar, como nome do filme, Os Fantasmas se Divertem.


Por falar em tradução, o cinema brasileiro não bebe tanto da fonte do Halloween, porém contesta quem diz que o Brasil não sabe fazer filmes com temática arrepiante. Basta nos lembrarmos do lendário José Mojica Marins, o Zé do Caixão. É de 1964 uma de suas mais consagradas produções, À Meia-Noite Levarei sua Alma, que até hoje causa arrepios. Em tempos mais recentes, o aclamado Bacurau (2019), que mistura realismo mágico-fantástico e crítica social, traz elementos que não podem faltar em um bom filme de terror: cadáveres, sangue e muito mistério.


(*) Regina Baruki-Fonseca é professora do Curso de Letras do CPAN. Tem Mestrado em Língua Inglesa pela UFRJ e Doutorado em Educação pela UFMS.  


(*) Lívia Gaertner é jornalista, professora, produtora cultural e Mestre em Estudos Fronteiriços pela UFMS.