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Abreviações e acrônimos

Coluna English Corner, com Regina Baruki (*) e Lorena Duarte Santiago (*) em 03 de Janeiro de 2022

Não é novidade que a internet influencia a comunicabilidade de seus usuários ao redor do globo. Redes de relacionamento instigam-nos a ficar conectados o tempo inteiro; por causa da limitação da internet, encurtamos a linguagem para acelerar a comunicação ou manter um assunto fora da obviedade. Em diversos filmes e séries em língua inglesa, em que as pessoas conversam por meio de chats, notamos um amplo recurso às abreviações.

Segundo Evanildo Bechara, a abreviação consiste no emprego de uma parte da palavra pelo todo. No português, assim como em outras línguas, tendemos a abreviar palavras: pq (para todos os porquês), ctz (certeza), qnts (quantos), tb (também), sp (sempre) etc.


Mas as abreviações não começaram a existir apenas com o advento da internet. No antigo império romano, já eram utilizadas para que palavras comuns fossem mais bem acomodadas nos pergaminhos e pedras. Como a língua e a cultura latinas formavam as ferramentas básicas para a tecnologia e a ciência europeias, esse hábito persistiu. E com as duas Grandes Guerras, as abreviações começaram a ser amplamente usadas no mundo todo para tratar de cargos, códigos etc. Realmente, às vezes é mais ágil encurtar palavras ou frases em mensagens escritas.


Acabamos de passar por período de festas de final de ano, uma felicitação abreviada é Merry Xmas, que relembra a famosa canção natalina e hino antiguerra Happy Xmas (War is over), do Beatle John Lennon e da artista multimídia Yoko Ono. Mas por que a palavra Christmas é abreviada assim?


Esse costume data de mais de seis séculos. O X relaciona-se à letra grega Chi, letra inicial da palavra χριστός (Chrīstos), ou seja, simboliza o nome de (Jesus) Cristo. O termo Xtian é uma possível abreviação para a palavra "cristã(o)". Já o sufixo ‘mas’ vem de mæsse (que depois passou a ser mass), palavra em inglês antigo que significa missa, cerimônia religiosa da Igreja Católica. Com o tempo, além de aludir ao sagrado, o X passou a aparecer em outros contextos, como, por exemplo, para classificar mídias indicadas apenas para maiores de 18 anos, com o termo X rating. Ele também pode representar o desconhecido, como em XR (X-ray, inglês para Raios X): quando essa radiação foi descoberta, sua natureza ainda era uma incógnita.


Para expressões informais do dia a dia na internet, podemos imaginar algumas situações: Se você está terminando uma conversa, mas ainda espera uma informação, pode mandar a sigla (pronunciada letra por letra) LMK – Let me know (Depois me avise). Alguém agradeceu por um favor? Pode responder com um NP – No problem (Sem problemas). Se você não sabe a resposta de uma pergunta, seja sincero e envie um IDK - I don’t know (Não sei). Ao final de uma cansativa semana, você pode postar a sigla TGFI – Thank God it's Friday (Graças a Deus, é sexta-feira), que é praticamente o nosso ‘sextou’ e foi popularizada pela rede estadunidense de restaurantes T.G.I. Friday's e pela música Last Friday Night (T.G.I.F.), da Katy Perry. Se seus amigos mandarem um ‘textão’ desinteressante, você pode brincar usando a sigla TL; DR – Too long; Didn’t read (Longo demais; não li).


Há outras siglas mais conhecidas: LOL – Laughing out loud (Rindo alto), ILY – I love you (Eu te amo), FS - For sure (Com certeza), TBT – Throwback Thursday (algo como Quinta-feira do Retorno, muito usada em hashtags de redes sociais para postar fotos antigas), BTW – By the way (Por falar nisso), THX/TKS – Thanks (Obrigada). Um acrônimo (que se pronuncia como uma palavra) muito utilizado pelos jovens para designar pessoas que se destacam positivamente é GOAT – Greatest of all time (Melhor de todos os tempos). Também temos os famosos ASAP – As soon as possible (O mais rápido possível) e YOLO – You only live once (Só se vive uma vez).


Existem infinitas formas de se encurtarem palavras e frases, que podem deixar tudo short and sweet (expressão que significa que algo é agradavelmente breve). No entanto, como não há regras para neologismos abreviados, qualquer um pode criar uma abreviação, o que pode restringir o entendimento. Um exemplo é Ig2gttyll8r. A frase por extenso é: I got to go, talk to u later (Tenho que ir, depois falo com você). Complexo, certo? Também podemos confundir muitas abreviações se não nos atentarmos ao contexto. Por exemplo, AC pode se referir a air conditioner (ar condicionado) ou a alternating current (corrente elétrica alternada). Wyd, a abreviação bem coloquial que significa What (are) you doing? (O que você está fazendo?), também pode significar What (would) you do? (O que você faria?). 


Diante dessas reflexões, percebemos que as abreviações sempre fizeram parte da comunicação humana e que, quanto mais evoluímos, mais tendemos a agilizar e facilitar a nossa forma de transmitir sentidos. Com isso em mente, é interessante tentar acompanhar esses processos, para nos adequarmos às diferentes situações ou para, pelo menos, não acabarmos tão perdidos no mundo da comunicação digital.


(*)Lorena Duarte Santiago é graduada no Curso de Licenciatura em Letras, Habilitação Português/Inglês, Campus do Pantanal/UFMS.

(*)Regina Baruki-Fonseca é Mestre em Letras Modernas Inglês (UFRJ) e Doutora em Educação (UFMS). É docente do Curso de Licenciatura em Letras, Habilitação Português/Inglês, Campus do Pantanal/UFMS.