Rosana Nunes com assessoria de imprensa do IHP em 23 de Agosto de 2023
Divulgação/IHP
Oficina ministrada por Matias tem o apoio do Fundo de Investimentos Culturais de MS
As atividades começaram na segunda-feira (21) e vão até sexta (25), nos períodos da manhã e tarde. Por meio de demonstrações e ações práticas, o mestre artesão Matias busca valorizar e difundir os saberes, conhecimentos, práticas e modo de vida dos homens e mulheres que vivem no Pantanal, principalmente nas regiões da Nhecolândia e do Paiaguás.
A socióloga no IHP, Wanessa Rodrigues, aponta que esse trabalho é uma grande expressão cultural pantaneira, ao mesmo tempo que está ligada ao fator econômico. “Há vários elementos culturais, especialmente as imaterialidades ligadas ao Pantanal, que necessitam serem reconhecidas e difundidas como formadora da cultura local. O mestre artesão Matias faz seu ofício uma arte e um produto econômico tipicamente dessa região.”
“Saber sobre nossa cultura, sobre nossos costumes e riquezas, são os elementos que moldam a nossa identidade e que promovem a diversidade cultural de um povo, de uma sociedade. Dessa forma, cada indivíduo que retém informações sobre seu povo irá proteger e propagar para que essa cultura não seja esquecida. A Oficina de Saberes Pantaneiros, faz com que saibamos o devido valor de nosso passado, e do que faz parte de nossa linhagem. Ver as riquezas que a natureza nos proporciona é muito importante também para sua preservação, cada participante ao sair dessa Oficina, com certeza irá passar adiante e, futuramente, esperamos que sejamos grandes conservadores de nossa cultura pantaneira”, destacou Kaíza Alves, coordenadora do Instituto Moinho Cultural Sul-Americano.Nascido no Pantanal
Matias Silva é nascido e criado no Pantanal. Nasceu pelas mãos da parteira Demétria, na Fazenda São Roque, no Pantanal do Paiaguás, em Corumbá. Aprendeu a ler só aos oito anos porque na época, não havia escola. O jeito era aprender com professor particular contratado pelo proprietário da fazenda que ensinava as crianças da região.
Ele aprendeu o ofício da selaria ainda criança. Na fazenda, não existiam opções de materiais para serem comprados, e a alternativa era produzir peças em couro ali mesmo. O artesão Matias detém o conhecimento de todo o processo, que vai do curtimento do couro bovino à confecção de peças de selaria e acessórios em couro. “O curtimento do couro bovino é feito com cascas de árvores nativas, como por exemplo a Ximbuva e o Jatobá”, contou.Ensinar o que aprendeu era um antigo sonho de Matias. "Esse projeto é um sonho realizado, porque é uma cultura que está desaparecendo, o aprendizado que veio lá do campo não se vê mais. Sempre quis repassar o que aprendi para os jovens e isso está sendo possível por meio desse projeto. Então, por mais que hoje, eles estejam ligados à tecnologia, aos meios de comunicação, quando se fala, mostra, como era antes para adquirir bens, suas 'tralhas', eles se interessam e querem saber mais e mais. É uma curiosidade que prende a atenção deles, realmente eles querem aprender", finalizou.
As peças produzidas por Matias Silva são vendidas na Casa do Artesão, localizada na rua Dom Aquino, 405, Centro de Corumbá. Há também um estande do artesão no espaço Corumbá Produz, no Porto Geral.
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