“O grito dos oprimidos”: Mocidade arrebatou nove notas 10 com a “voz do povo”

Com nove notas 10, a escola de samba Mocidade Independente da Nova Corumbá se consagrou bicampeã do Carnaval de Corumbá. Com enredo crítico e reflexivo, a  agremiação trouxe para a passarela do samba o “grito dos oprimidos”, mostrando a realidade nua e crua da sociedade. O título veio com uma diferença de oito décimos para a segunda colocada, Unidos da Major Gama.

Das notas 10, duas delas, a agremiação arrematou com a bateria “Explosão Zona Sul”, que antes de levantar o título na Avenida, também foi escolhida pelo prêmio Esplendor do Samba, instituído pelo Diário Corumbaense. A bateria, assim, que a apuração confirmou a agremiação como campeã, ditou o ritmo na Avenida, com o samba-enredo da escola: “No grito dos oprimidos a voz do povo ninguém vai calar e no toque do meu tambor a arara voa ensinando o amor para quem não sabe amar”.

Bastante eufórico, o presidente da escola, Reinaldo Aparecido dos Santos, mais conhecido como “Bá”, afirmou que, com o bicampeonato, a “Nova Corumbá, ninguém vai calar”, se referindo a parte do refrão do samba-enredo: “a voz do povo ninguém vai calar... Nem o toque do meu tambor, sou Mocidade, tem que respeitar, a zona sul é o meu amor”.

“Quando apresentamos o enredo para a escola, todos tiveram um ‘pé atrás’, sabíamos que era propositivo, crítico e reflexivo, mas quando caiu na boca da comunidade, todos se apaixonaram. Um ano de trabalho, não paramos em abril do ano passado, seguimos trabalhando, 100% do trabalho da nossa escola foi feito aqui mesmo em Corumbá, não veio nada de fora, então, Corumbá quem ganhou com o carnaval. Esse título consolida gestão, trabalho bem feito, com a comunidade, com a base, esse gosto de ‘bi’ é sensacional, mas já estamos com samba e enredo prontos para 2024. A Mocidade não para”, disse ao Diário Corumbaense.

A Mocidade também levou mais duas notas 10 redondas nos quesitos de mestre-sala e porta-bandeira e também no enredo. A menor nota da agremiação foi 9,7, dada ao conjunto harmônico, último a ser divulgado.

Punições

Victor Rafael, presidente da Liesco (Liga Independente das Escolas de Samba de Corumbá), lembrou que todas as escolas de samba foram punidas, algo inédito no carnaval da cidade.

“Desfile competitivo, com pessoas empolgadas, o que fica passível das falhas, foi o que aconteceu, mas são muito menores do que outros anos, quando já tivemos punição com perda de até sete pontos por escola de samba", avaliou

Ainda segundo ele, uma das falhas mais especificas do regulamento são as sapatilhas. "Elas são o terror de muitas escolas, a maioria das punições é causada por pessoas que vêm de fora da cidade, que não conhecem os hábitos do desfile e acabam cometendo esses erros, mais nesse sentido aconteceram essas perdas de pontos. Mas, seguimos com o melhor carnaval do Estado, continua sendo, a despeito de alguns que colocam outras cidades, Corumbá tem o melhor do que qualquer outro e está na lista dos melhores do País”, completou.

A segunda colocada, pelo 2° ano consecutivo, a Unidos da Major Gama levou cinco notas 10, com o enredo: “Dourados, Portal do Mercosul”. A menor nota foi 9,4, no quesito conjunto harmônico. A diferença para a campeã, Mocidade, foi oito décimos. Em 2022, ficou em sete décimos.

A terceira colocada, A Pesada, obteve 157,4 pontos. Ela levou para a passarela do samba uma das tradições mais fortes de Corumbá, com  enredo: “São Cosme e São Damião, que a doçura e a inocência da criança invada os nossos corações”.