Leonardo Cabral em 22 de Fevereiro de 2023
Luciene de Moraes/Diário Corumbaense Mocidade transformou a passarela do samba, num grito forte de “liberdade e esperança”
A escola de samba da Zona Sul da cidade obteve 158,3 pontos, seguida da Major Gama, com 157,5, repetindo o vice-campeonato de 2022. Em terceiro, com 157,4 pontos ficou A Pesada.
Os integrantes da Mocidade fizeram a festa na avenida General Rondon. Mais cedo, na premiação do Esplendor do Samba 2023, ela levou a placa de Melhor Escola de Samba na opinião dos internautas em enquete no site do Diário Corumbaense.
O desfile
O enredo: “No grito dos oprimidos a voz do povo ninguém vai calar e no toque do meu tambor a arara voa ensinando o amor para quem não sabe amar”, retratou o ser humano e seus retalhos da alma, na forma de como analisa e se posiciona diante de fatos sociais, onde Quem sou eu? Quem é você? Quem somos nós?
A comissão de frente veio representando Anjos Caídos e Anjo Iluminado, como destaque principal, já que os anjos recebem os pedidos, atendendo conforme as necessidades, caso sejam merecedores. Já os “Caídos”, diferentes, daí a representação em forma de trevas. Criaturas estranhas, excluídas, sozinhas, incompreendidas e entregues à própria sorte, decaem não por serem maus, mas, por não serem aceitos e não se enquadrarem dentro de uma sociedade que dita os padrões.
Primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira, Wellinton da Mocidade retratou a fantasia “Monstro entregue à sorte”, representando os monstros internos que carregamos dentro de nós e Lorrainy Moura, veio com fantasia “Nasce a Esperança”, que representou a arara vermelha, ave símbolo da agremiação, mostrando a resiliência vencendo o mal e trazendo esperança aos oprimidos.
No abre-alas, “O homem criador de si mesmo e do mundo”, duas versões para uma mesma situação, que, apesar de ser um objeto unitário, possui faces diferentes. Essa alegoria de abertura veio com o nome estampado da agremiação “Mocidade” nas cores verde, vermelho e dourado. Acompanhado do seu símbolo maior: a Arara Vermelha, anunciando “Amor para quem não sabe amar”.
As baianas, com a fantasia “Conspurcação da Fé”, retrataram o que se via em tempos remotos, as santinhas do pau oco, estas recheadas de joias em seu interior para poderem ser levadas para fora do País, tudo em nome da ambição e da ganância do ser humano. A fé profetizada de forma mascarada usando da religião para o bem próprio.
O crime do colarinho branco, também foi mostrado pela agremiação, ou seja, crime não violento, mas que é financeiramente motivado, cometido por profissionais de negócios e de governo, bem como sendo aqueles crimes praticados por pessoas dotadas de respeitabilidade e grande status social. Ajudando assim, no aumento da desigualdade social.
Outro setor trazido pela Mocidade foi a Saúde, mostrando que é a “foice da morte”, representando o caos da saúde, personificando as dificuldades enfrentadas. O empoderamento feminino também foi mostrado, bem como a ala da fome, com dizeres: “Quem tem fome, tem pressa”, trazendo fatos que muitos já conhecem e menosprezam. A fome dói, adoece e mata. Muitos têm que escolher entre comer e morar. Triste e dolorida realidade.
A alegoria “Nossa Piscina Continua Cheia de Ratos e a Favela Chegou” retratou aqueles que só pensam em seu benefício próprio, que utilizam da política para sustentar suas ganâncias em detrimento ao sofrimento do próximo. Quanto mais se tem, mais se quer. Carro representou a divisão injusta das classes: Dominante e Dominado. Trouxe esculturas de um homem carregando o fardo em sua costa; ratos; lobo; urubus.
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