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Corumbá registra suspeita de "fungo negro" em paciente de 50 anos

Leonardo Cabral em 03 de Junho de 2021

Reprodução

"Fungo negro” é uma infecção oportunista em vítimas da pandemia de coronavírus

Corumbá tem um caso suspeito de mucormicose, conhecido como fungo negro, o segundo em Mato Grosso do Sul. O primeiro foi em Campo Grande, onde o paciente de 71 anos faleceu na quarta-feira (02). O Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (CIEVS- MS), recebeu alerta da Saúde Municipal sobre um paciente, de 50 anos, residente na cidade, que tem hipertensão arterial sistêmica e obesidade.

O paciente teve histórico de Síndrome Respiratória Aguda Grave, com início dos sintomas em 22 de maio. No dia 27, realizou RT-PCR detectável para Covid-19. Ele apresentou tosse, dor de garganta, desconforto respiratório e fadiga. Está na UTI-Covid da Santa Casa desde 28 de maio e teve de ser intubado.

Ainda conforme as informações, o paciente recebeu duas doses da vacina contra a covid, em 20 de janeiro e 05 de fevereiro. No dia 02 de junho, foi diagnosticado com suspeita de mucormicose, apresentando necrose ocular bilateral. 

Sobre o caso suspeito, o médico infectologista, Hilton Luiz Alves Filho, disse ao Diário Corumbaense que não há motivo para pânico, pois a doença não é transmitida de pessoa para pessoa.

“Mucormicose é um fungo ambiental, ele está presente na terra, material em decomposição e algumas vezes pode estar no ar, um fungo oportunista e tem relatos da Índia em pacientes com Covid-19, onde a própria covid, com quadro grave do paciente, que está na UTI, já faz uma deterioração do sistema imunológico da pessoa, associado ao uso de medicações, como corticoides por tempo prolongado para diminuir inflamação do pulmão e associação comum de doenças pré-existentes, principalmente a diabetes, são fatores de risco para essa doença. É importante esclarecer que o fungo negro não é transmissível de pessoa a pessoa, não existe risco de uma pessoa transmitir para outra. Então não existe motivo para pânico", explicou o infectologista.

Já o secretário de Saúde de Corumbá, Rogério Leite, mencionou que tudo que ocorre com paciente com covid-19, tem que ser apurado. “Seja necrose, desidratação de uma pele, a gente tem que sempre suspeitar, caso desse paciente”, disse ao informar que foi feita coleta de material para biópsia da lesão no olho.

O fungo

O termo mucormicose é usado para se referir a toda infecção fúngica causada por fungo da classe Zygomycetes e ordem Mucorales. As pessoas contraem mucormicose entrando em contato com os esporos fúngicos no ambiente. Por exemplo, as formas pulmonares ou sinusais da infecção podem ocorrer depois que alguém respira em esporos. Essas formas de mucormicose geralmente ocorrem em pessoas que têm comorbidades ou utilizam medicamentos que diminuem a capacidade do corpo de combater algumas doenças.

A progressão da doença leva a uma sequência de sintomas que se iniciam com dor orbital unilateral ou facial súbita, podendo conter obstrução nasal e secreção nasal necrótica. Há a possibilidade de ocorrer lesão lítica escura na mucosa nasal ou dorso do nariz, celulite orbitária e facial, febre, ptose palpebral, amaurose, oftalmoplegia, anestesia de córnea, evoluindo em coma e óbito.

O tratamento envolve remover cirurgicamente todos os tecidos mortos e infectados. Em alguns pacientes, isso pode resultar em perda da mandíbula superior ou às vezes até mesmo do olho. A cura também pode envolver de 4 a 6 semanas de terapia antifúngica intravenosa. Como afeta várias partes do corpo, o tratamento requer uma equipe de microbiologistas, especialistas em medicina interna, neurologistas intensivistas, oftalmologistas, dentistas, cirurgiões e outros.