Leonardo Cabral em 19 de Maio de 2021
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Banho do São João é uma tradição que remonta do século 19
Com o registro, o estado de Mato Grosso do Sul passa a ter um bem imaterial exclusivamente registrado em seu território, já que no registro do Modo de Fazer a Viola-de-Cocho é compartilhado com o estado de Mato Grosso.
A relatora do parecer técnico referente ao pedido do registro, professora doutora, Cecília Londres, que visitou em 2019, as cidades de Corumbá e Ladário, refez a trajetória de todo processo para o registro desde 2010 e destacou o excelente trabalho de coleta de relatos dos festeiros realizado na parceria entre o IPHAN e UFMS.
“O Banho de São João é importante celebração que compõe a identidade do estado do Mato Grosso do Sul. Pra nós, é uma felicidade imensa concluir o processo de registro de um bem tão significativo para a região do Pantanal e para o Brasil”, declarou a presidente do Iphan, Larissa Peixoto. “Com esse ato, coroamos um intenso processo de pesquisa sobre o bem, com produção de vídeos, documentário e dossiê. Assim, o Iphan já atua na salvaguarda para a reprodução e sustentabilidade do Banho de São João.”
O pedido inicial foi realizado em 2010 pela Prefeitura de Corumbá, por meio da então Fundação de Cultura e Turismo do Pantanal, e a partir daí uma série de estudos, pesquisas, festejos, interações, entrevistas, coleta de materiais e cooperação geral, envolvendo o próprio Iphan, Prefeitura Municipal, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Conselho Municipal de Políticas Culturais, entre outros entes.
Divulgação / PMC
Equipe da Fundação da Cultura comemorou a aprovação do registro
Apesar da grandiosidade do evento, pelo segundo ano consecutivo – devido a pandemia do novo coronavírus –, a Prefeitura não vai realizar a tradicional festa do Banho de São João. “Teremos em outro formato. Talvez uma ‘live’ e, pensamos na possibilidade de uma decoração no Jardim da Independência e também na Ladeira Cunha e Cruz, por onde os andores descem com os santos para o banho nas águas do rio Paraguai. Até o final dessa semana teremos uma decisão sobre todo esse planejamento”, adiantou Joilson a este Diário.
“É um momento muito especial para toda nossa cidade, para todo povo corumbaense. Fico muito feliz desse reconhecimento nacional, principalmente porque sabemos da grande importância do banho de São João, não só para a economia da região, mas principalmente para a fé dos festeiros”, afirmou o prefeito Marcelo Iunes.
Tradição vem do século 19
O Banho de São João é uma manifestação cultural religiosa e festiva que acontece na virada do dia 23 para o dia 24 de junho. De acordo com o ritual a imagem do santo é levada em procissão até o Porto Geral, às margens do rio Paraguai, para o banho que irá renovar as forças de São João e abençoar tudo o que se relaciona com as águas e com o homem.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Andores descem pela Ladeira Cunha e Cruz até chegar às margens do rio Paraguai para banhar o santo
Somente em Corumbá, atualmente, pelo cadastro da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico há pelo menos quase cem festeiros no território urbano. Com a pandemia, este ano, lançou-se um edital para os festeiros entregarem um registro audiovisual sobre a trajetória de suas comunidades para compor o acervo da Fundação da Cultura e do Patrimônio Histórico.
Para, Alfredo Ferraz, um dos mais conhecidos festeiros de Corumbá, a notícia do registro do Banho de São João foi recebida com muita alegria e emoção. Desde 2003, ele percorre as principais ruas da cidade, na noite de 23 para 24 de junho, para banhar a imagem de São João, nas águas do rio Paraguai.
“A gente recebe essa notícia com muita alegria, é uma vitória e valorização da nossa cultura, que além do Estado, pertence agora ao Brasil. Isso vai abrir as portas para que todo o País conheça essa tradição que é nossa, aqui da região pantaneira de Corumbá e Ladário. Haverá maior valorização, almejávamos como festeiro e devoto esse momento, pois somos protagonistas da festa, sem festeiro não tem São João, desde o modo de fazer, o ritual, na casa dos festeiros, nas casas de Umbanda e Candomblé. Precisamos valorizar e perpetuar essa tradição que é do nosso povo”, disse Alfredo Ferraz. Com informações da Ascom PMC.
20/05/2021 Agência Brasil destaca reconhecimento do Banho de São João como Patrimônio Imaterial