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Um dos símbolos da fauna e flora do Pantanal em Corumbá, ninho de tuiuiú é destruído pelo fogo

Leonardo Cabral em 28 de Setembro de 2020

Divulgação/PRF

Ninho foi consumido pelo fogo que segue devastando o Pantanal de Corumbá

O fogo que atinge o Pantanal de Corumbá segue devastando vegetação e consumindo também a fauna e flora. As chamas que se alastraram pela BR-262 no fim de semana, também chegaram ao ninho do Tuiuiú, ave símbolo da maior área alagada do planeta, mas que hoje sofre com a forte estiagem.

O ninho, que é uma das representatividades daquilo que se pode ser visto e apreciado no Pantanal sul-mato-grossense, fica localizado no alto de uma árvore, um Ipê, às margens da BR-262, passando a ponte sobre o rio Paraguai, no Porto Morrinho, a pouco mais de 70 km de Corumbá. 

Durante checagem sobre as condições de tráfego na rodovia, equipe da Polícia Rodoviária Federal, constatou na manhã desta segunda-feira, 28 de setembro, que o ninho foi consumido pelas chamas. A suspeita, conforme a PRF, é que uma fagulha das queimadas tenha chegado até o ninho; a árvore não foi atingida.

Divulgação

O tuiuiú, ave símbolo do Pantanal

O pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido Moraes Tomas, explicou que apesar da situação, geralmente os ninhos são reconstruídos pelas aves nas proximidades.

“Se a árvore não morrer ou ser destruída, eles voltam ou procuram locais próximos para construir novamente o seu ninho. Os tuiuiús são fiéis ao sítio de reconstrução de ninho, então a tendência é essa. Porém, a sorte ali é que não havia filhotes, pois o casal de aves não tinha botado e nem ia botar, isso pelo fato de que não teve alimentação e nem enchente e provavelmente não iriam reproduzir esse ano ali”, falou Walfrido frisando ainda sobre outros locais afetados pelos incêndios. “Imagina muitos desses ninhos que estão sendo destruídos em toda a área já queimada no Pantanal. Deve estar sendo muito impactante”, completou ao Diário Corumbaense informando que geralmente nos meses de agosto, setembro e outubro, as aves começam a construir seus ninhos.

O período reprodutivo dos tuiuiús coincide com o período de estiagem das águas, ou seja, quando o nível da água está baixando e os peixes ficam vulneráveis nas baías servindo de alimento para o casal e os filhotes.

Parada obrigatória

O local é conhecido como parada obrigatória para boa parte dos turistas e visitantes, que recebem as boas-vindas ao Pantanal de Corumbá, principalmente na época da reprodução das aves. Isso porque, os tuiuiús são conhecidos por sempre retornarem ao mesmo ninho, para dar sequência à vida, até que os filhotes estejam preparados para alçar voo.

A corumbaense Renata Cortez, que atualmente vive em Campo Grande, expressou o sentimento de tristeza ao saber do ninho que foi destruído pelas chamas.

Renata Cortez

Em uma das viagens, Renata fotografou o ninho de tuiuiús

“Sempre agraciava pelo descanso das aves. Assim, como os jacarés de ‘Dona Maria’, o ninho era um chamariz da região. Infelizmente com essa queimada ficou a sensação de vazio e impotência, pois recebemos tanto da mãe natureza e com ações, retribuímos de forma contrária, destruindo que é para ser preservado”, disse Renata.

Importância simbólica 

Pela tradição e beleza, bem como pela sua importância e como forma de proteção ao famoso ninho de tuiuiús, o decreto municipal 964/2011, declara que o Ipê-roxo ou Piúva, que sustenta o ninho de tuiuiú é imune de corte, é uma espécie de tombamento a esse bem natural, haja vista a sua importância simbólica por sustentar um ninho da ave símbolo do Pantanal.

O Ipê é uma das árvores mais altas do Pantanal e pela sua casca rugosa e copa aberta, é adequada para pousos e decolagens do tuiuiú, que, além disso, prefere essa espécie para fazer ninhos.    

As aves e sua moradia também são famosas por sempre estarem aparecendo em campanhas publicitárias que enaltecem a fauna e flora pantaneira, dando visibilidade ao Pantanal de Corumbá, cidade onde está localizada a maior área do bioma pantaneiro.

Comentários:

Edilso Jose da Costa: Muito triste, já tirei várias fotos desse lugar, hoje moro no Rio de Janeiro mais tenho muito amor por este lugar.

Maria Rita Kleinsorge Daibert: Todas as vezes que vou a Corumbá e passo em frente a este ninho para para registrá-lo.

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