Leonardo Cabral em 24 de Outubro de 2020
Divulgação/Fundação do Meio Ambiente de Corumbá
Estrutura metálica foi instalada ao lado da árvore que sustentava o ninho
Localizado no alto de uma árvore, um Ipê, às margens da rodovia, passando a ponte sobre o rio Paraguai, no Porto Morrinho, a mais de 70 km de Corumbá, a estrutura metálica já foi instalada. De acordo com a diretora-presidente da Fundação do Meio Ambiente do Pantanal, Ana Cláudia Moreira Boabaid, a ação é considerada inédito no Brasil.
“Ali temos um cartão postal da nossa cidade, que também é protegido por decreto municipal e por isso, resolvemos encarar esse trabalho de reconstrução do ninho. Estamos correndo contra o tempo, pois sabemos que as aves podem estar por ali sobrevoando, para a reprodução”, mencionou Ana Cláudia ao Diário Corumbaense.
Ela também explica que a ideia partiu do pesquisador da Embrapa Pantanal, Walfrido Tomás, e após isso, parcerias foram buscadas. “Desde então estamos trabalhando em cima desse projeto considerado inédito, isso pelo fato de não termos registro de ninhos de tuiuiú, de forma artificial. Um poste de 12 metros, com uma estrutura toda metálica e forrada com pedaços de madeira, já foi colocado no local. O projeto Arara Azul será o responsável por fazer esse ninho”, contou.
Divulgação/PRF Ninho foi consumido pelas chamas, mas árvore não foi atingida, porém já não tem condições de sustentar um novo ninho
Mesmo assim, o Ipê, já não é capaz de sustentar um novo ninho, caso as aves retornem, explicou Ana Claudia Boabaid. “Por isso, resolvemos encarar esse projeto da construção de um ninho artificial para as aves”, completou.
Na época em que o ninho foi atingido, a este Diário, o pesquisador da Embrapa Pantanal enfatizou que se a árvore não morresse ou fosse destruída, os tuiuiús poderiam retornar ou procurar locais próximos para construir novamente o seu ninho. “Os tuiuiús são fiéis ao sítio de reconstrução de ninho, então a tendência é essa”, mencionou Walfrido.
A ave
De plumagem branca e pernas pretas, a ave possui papo vermelho que se destaca entre o preto do pescoço. Com cerca de 30 centímetros, o bico é preto e muito forte.
O período reprodutivo dos tuiuiús coincide com o período de estiagem das águas, ou seja, quando o nível da água está baixando e os peixes ficam vulneráveis nas baías servindo de alimento para o casal e os filhotes, que aguardam nos ninhos, que podem chegar, em alguns casos em até três metros de diâmetro.
Uma vez construídos, eles permanecem no local e a cada ano só passam por reparos, onde as aves refazem a reconstrução com novos galhos, capins e plantas aquáticas. A capacidade é de até quatro ovos no ninho.
Já os filhotes do tuiuiú permanecem no ninho até os três meses de idade e o casal fica unido durante todo o período reprodutivo, que vai de maio a novembro.
Parada obrigatória protegida por decreto
O local onde está localizado o ninho, é conhecido como parada obrigatória para boa parte dos turistas e visitantes, que recebem as boas-vindas ao Pantanal de Corumbá.
Pela tradição e beleza, bem como pela sua importância e como forma de proteção, o decreto municipal 964/2011, declarou que o Ipê-roxo ou Piúva, que sustenta o ninho de tuiuiú é imune de corte, é uma espécie de tombamento a esse bem natural, haja vista a sua importância simbólica por sustentar um ninho da ave do Pantanal.
O Ipê é uma das árvores mais altas da região e pela sua casca rugosa e copa aberta, é adequada para pousos e decolagens do tuiuiú, que, além disso, prefere essa espécie para fazer ninhos.
As aves e sua moradia também são famosas por sempre estarem aparecendo em campanhas publicitárias que enaltecem a fauna e flora pantaneira, dando visibilidade ao Pantanal de Corumbá, cidade onde está localizada a maior área do bioma pantaneiro.
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