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Fake News: de onde saiu a "notícia" que hospitais recebem R$ 18 mil por cada óbito registrado como covid-19

Rosana Nunes em 06 de Agosto de 2020

A notícia falsa saiu do estado de Minas Gerais e se espalhou pelo país levantando dúvidas a respeito da idoneidade de médicos e instituições hospitalares. E, o responsável pela fake news, por incrível que pareça, foi um médico que disse não ter noção da dimensão que a postagem teria, prejudicando assim os próprios colegas e botando em polvorosa familiares de vítimas do coronavírus.

Em Corumbá, profissionais da saúde e a Santa Casa já tiveram que amargar acusações de que estariam deixando pacientes morrerem para poder receber R$ 18 mil por óbito. O médico Manoel João de Oliveira, responsável pelo SB-4, o CTI da Covid, já usou as redes sociais para desmentir essa afirmação e até para responder a quem faz este tipo de acusação leviana. 

“Estamos trabalhando exaustivamente em plantões das sete da manhã às sete da noite e, às vezes, somos chamados de madrugada também”, disse em uma live no Faceook, de forma a mensurar a importância do envolvimento da equipe. São médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e funcionários que se expõem ao risco de contrair a covid dentro do espaço reservado para tratar os doentes. 

“Muitos já se infectaram, alguns se recuperaram, outros estão em isolamento. Nem sei como não me contaminei ainda, já que a carga viral dentro do B-4 é muito alta”, afirmou. “Mas apesar de tudo, tenho tido a alegria de dar alta a vários pacientes recuperados da covid, só que o maior problema é com aquelas pessoas que já chegam ao hospital em estágio avançado da doença e que têm que passar a respirar com o auxílio de equipamentos”, detalhou o médico. 

O Comprova, um programa do site de notícias Universo Online (UOL), investigou minuciosamente essa situação, que, na verdade, é uma desinformação, fake news lançada com o único intuito de criar suspeição ou denegrir a imagem e a credibilidade de quem trabalha. 

Segundo o Comprova, no vídeo, um homem não identificado mostra uma declaração de óbito de um morador do interior do Rio Grande do Sul. No documento, consta que ele tinha suspeita de covid-19. O autor do vídeo diz, mais de uma vez, que conversou com "o médico" que assinou a declaração e que ele teria confirmado que a informação foi incluída apenas para que o hospital pudesse receber o valor. Ao fazer a postagem, o médico insinuou que isso estaria por trás do elevado número de óbitos no país. "Entendem agora o altíssimo número de mortes por covid-19?", disse.

Questionado pela equipe do Comprova a respeito da publicação, ele alegou desconhecer a origem do vídeo e disse que não sabe quem é o sujeito que fala na gravação. O médico alegou que compartilhou o vídeo após recebê-lo via WhatsApp de um colega, mas não tem lembrança de quem se trata, e que não imaginava a repercussão. Disse, inclusive, que se arrependeu de postar e que, quando decidiu apagar, a publicação já havia sido retirada pela própria rede social.

Apesar da exclusão, a notícia se espalhou pelo Brasil e até hoje causa desconfiança e desentendimentos. O Ministério da Saúde divulgou nota oficial informando que “não repassa verba para registro de morte”. O ministério informou ainda que “repassa recursos públicos para ações e serviços públicos de saúde”. 

As notícias falsas que circulam nas redes sociais, vêm sendo um grande problema para os brasileiros. São sempre informações que não têm checagem, fonte ou que, montadas, infernizam a vida das pessoas que acabam acreditando em inverdades e muitas vezes invertendo a situação, transformando aqueles que trabalham de forma ética e profissional em grandes vilões. 

É por isso que, o mais indicado é procurar as notícias em órgãos de imprensa confiáveis, em especial aqueles que já têm credibilidade reconhecida. Desta forma o internauta, leitor, ouvinte ou telespectador vai ter a certeza de que a notícia antes de ser veiculada passou pelo crivo de jornalistas preparados para lidar com a informação de forma consistente e isenta. Séria e de conformidade com as normas, as leis e a ética profissional, não acarretando prejuízos assim, a quem quer que seja.

Comentários:

Cibele maria Moraes: Tenho NOJO de fake news. Nojo da ausência de escrúpulos de "alguns".

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