Leonardo Cabral em 23 de Setembro de 2021
Reprodução/El Deber
Célia chegou em Corumbá em dezembro de 2016, teve refúgio renovado, mas foi presa nesta quinta pela PF em Corumbá
Conforme a PF, as investigações apontam que ela, foragida boliviana, foi responsável pela análise e aprovação do plano de voo do avião, que em novembro de 2016, por volta das 22h57, caiu ao se aproximar do aeroporto internacional José Maria Cordova, em Rio Negro, a poucos quilômetros da cidade de Medelín, na Colômbia.
71 pessoas morreram na queda da aeronave que transportava a equipe de futebol masculina Chapecoense que iria disputar o jogo de ida da final da Copa Sul-Americana daquele ano.
"A boliviana era especialista em segurança de voo e, na ocasião, teria deixado, fraudulentamente, de observar os requisitos procedimentais mínimos para a aprovação do plano de voo da aeronave, eis que no programa apresentado, a autonomia de voo não era adequada para a viagem", diz a Polícia Federal em nota.
A estrangeira ainda permanecerá em Corumbá, onde aguardará os trâmites legais para que seja entregue às autoridades bolivianas.
O advogado José Carlos dos Santos respondeu ao Diário Corumbaense que está tomando conhecimento da situação de Celia. "Designamos um colega que está fazendo o acompanhamento do caso", afirmou.
O Jornal Nacional, da Rede Globo, informou que a ordem de prisão foi dada pelo ministro do STF Gilmar Mendes, que atendeu ao pedido de autoridades da Bolívia.
Entenda
Celia Castedo vivia em Corumbá desde dezembro de 2016, quando teve o pedido de refúgio aceito pela Justiça brasileira, após justificar que na Bolívia passou a ser perseguida após declarações sobre o acidente.
Ela afirmou que o voo não deveria ter saído, pois, como inspetora, teria alertado, mas depois de uma ordem superior da Direção Geral de Aeronáutica Civil, o avião foi liberado para seguir viagem para a Colômbia.
O plano de voo do avião apresentado pela companhia LaMia no aeroporto de Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, de onde partiu a aeronave, teria tido pelo menos quatro pontos questionados pela funcionária responsável por verificar o documento. Entre eles, a autonomia do voo, já que houve preocupação de que a quantidade de combustível na aeronave não fosse suficiente para cumprir o trajeto até Medellín.
As regras internacionais de aviação exigem que o avião disponha de combustível para pelo menos meia hora a mais do que o tempo previsto no trajeto, porque pode haver necessidade de que a aeronave procure outro aeroporto ou fique à espera de liberação de pista para aterrissar. Depois de relatar seus questionamentos, a funcionária teria passado o documento para os controladores de voo. Não se sabe por que, mesmo com as dúvidas, a viagem foi autorizada.
A Aasana enviou ao Ministério Público boliviano notícia-crime contra Celia Castedo por "não cumprimento de deveres" e "atentado contra a segurança dos transportes". Ela foi suspensa de suas funções por suspeita de negligência no dia 1º de dezembro e, então, veio para Corumbá e pediu refúgio.
O refúgio é uma proteção legal que o Brasil oferece a cidadãos de outros países que estejam sofrendo perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, ou ainda, que estejam sujeitos, em seu país, a grave e generalizada violação de direitos humanos.
(matéria editada para atualização de informação)
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