PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Celia Castedo emite carta e diz que foi pressionada a mudar relatório

Caline Galvão em 08 de Dezembro de 2016

Reprodução/Facebook

Ela afirmou que seus superiores a pressionaram para mudar relatório

O jornal boliviano El Deber teve acesso a uma carta circular que Celia Castedo Monasterio, inspetora da Administração de Aeroportos e Serviços Auxiliares de Navegação Aérea da Bolívia (AASANA-SC), emitiu para justificar sua vinda a Corumbá à procura de refúgio no Brasil. Ela chegou à cidade 
sul-mato-grossense na segunda-feira (05).

Celia disse na carta que, até o dia 29 de novembro de 2016, por mais de 30 anos prestou serviços a AASANA-SC, na função de técnica aeronáutica, especialista em ARO-AIS: Notificação dos Serviços de Trânsito Aéreo - Serviço Informação Aeronáutica. Ela explicou que a AASANA só presta serviços de trânsito aéreo, meteorologia, comunicações e serviços de combate a incêndio.

Ela insiste que o serviço de autorizar ou impedir saída de aeronaves não pertence a sua função. Denunciou que imediatamente depois da tragédia com o voo da Chapecoense, foi hostilizada e submetida a pressões por parte de seus superiores porque na manhã do dia 29 de novembro, logo após a queda do avião, ordenaram que ela modificasse o conteúdo da informação que horas antes havia apresentado por documento interno em que detalhava cinco observações que realizou sobre o voo da LaMia no dia 28 de novembro.

A mais importante observação feita, segunda ela, foi a respeito da autonomia do voo que era igual ao tempo da rota. Ela fez o despachante da LaMia, Miguel Quispe (tripulante que morreu no acidente), saber do fato por três vezes, a primeira duas horas antes do voo e a última vez, 20 minutos antes da decolagem. Ela solicitou que suas observações fossem “imediatamente consideradas” pelos responsáveis da linha aérea e deixou claro que eram eles os responsáveis pela autorização do voo.
Conforme Celia, a decisão final de manter o voo foi informada por Miguel Quispe, 20 minutos antes da partida da aeronave, indicando que esta havia sido uma decisão do capitão.

Explicou também que o selo e a firma carimbados no documento exposto amplamente na mídia internacional representam protocolo de recepção do documento e não significam nenhuma aprovação ou restrição ao voo. Celia informa que é a DGAC (Direção Geral da Aeronáutica Civil da Bolívia) a responsável por autorizar e permitir saídas de voos não regulares internacionais. Ela disse que resolveu tentar refúgio no Brasil porque o diretor da AASANA emitiu queixa criminal contra ela.

Conforme Celia, por lei, ela teria 10 dias para apresentar sua defesa na Bolívia, mas este prazo foi reduzido por algumas horas para o seu caso. Na carta, ainda diz que seus direitos constitucionais e de ampla defesa e presunção de inocência foram violados, por isso resolveu sair da Bolívia.

O voo da LaMia transportava a delegação da Chapecoense, jornalistas e tripulantes para a cidade de Medellín, na Colômbia, na noite de 28 de novembro. Das 76 pessoas que estavam na aeronave, 71 morreram.

 

 

PUBLICIDADE