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Bolívia continua enfrentando escassez de combustível e de dólares

Leonardo Cabral em 11 de Março de 2025

Reprodução/Jornal El Deber

Bolívia enfrenta uma das piores crises de abastecimento de sua história

Encurralado pela crescente demanda por combustível e pela pressão de vários setores, o governo admitiu que não conseguirá garantir o fornecimento integral de diesel e gasolina devido à escassez de moeda estrangeira. Com isso, a Bolívia enfrenta uma das piores crises de abastecimento de sua história.

Longas filas estão sendo registradas em vários postos de combustíveis do país. Para amenizar essa situação, a YPFB se ofereceu para importar combustível como intermediária para os setores de mineração e agricultura e vendê-lo a preços internacionais.

A proposta foi rejeitada por algumas organizações que exigem a liberação total das importações, o que implicaria a eliminação de trâmites burocráticos.

Além disso, a escassez ocorre em um momento chave para a economia: a colheita de grãos de verão. Esta campanha agrícola, que movimenta mais de US$ 2 bilhões, está comprometida devido à falta de diesel. Por isso, os setores produtivos exigem uma solução urgente para garantir a produção de soja e seus derivados.

O grão é um produto essencial para o setor pecuário, já que seus derivados são utilizados por avicultores e pecuaristas, que fornecem aos bolivianos carnes de frango, bovina e suína.

Atualmente, os produtores montaram dois bloqueios: em Yapacaní e Concepción, exigindo o fornecimento de diesel. Não há tráfego nesses trechos.

Moeda estrangeira

O presidente da Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), Armin Dorgathen, disse que a petroleira está despachando apenas entre 40% e 50% do combustível necessário, por isso não é possível garantir 100% de abastecimento aos setores produtivos.

“A importação livre é algo que já foi solicitado e já temos no país há vários meses”, explicou. A YPFB propôs facilitar a importação de combustíveis para os setores agrícola e de mineração, por meio de suas empresas YPFB Logística e Botrading.

“O setor de mineração é muito importante para nós, porque nos ajuda a gerar moeda estrangeira. Então, é uma solução temporária que estamos oferecendo para superar essa situação difícil", disse ele, acrescentando que a resolução final dependerá da disposição da Assembleia Legislativa em lidar com os créditos pendentes.

O chefe da YPFB também explicou a situação da planta de armazenamento de combustível no porto de Arica (Chile), onde a capacidade de despacho aumentou de 70 para 150 caminhões por dia. "Conseguimos descarregar 12 navios e hoje o combustível que estamos trazendo para o país vem do nosso porto em Arica", afirmou.

Reprodução Unitel TV

Longas filas estão sendo registradas em postos de combustíveis do país

No entanto, ele mencionou que há cerca de 500 caminhões-tanque com combustível parado aguardando pagamento, o que causa atrasos na distribuição. Nos próximos dias, segundo Dorgathen, a YPFB dará andamento aos pagamentos pendentes para liberar os caminhões-tanque.

O ministro de Hidrocarbonetos e Energia, Alejandro Gallardo, disse que atualmente há dificuldades para obter a divisa estrangeira necessária para comprar combustível e atender à demanda, especialmente no setor produtivo.

"Estamos trabalhando com volumes menores do que o nosso programa de demanda e, obviamente, isso cria situações que não nos permitem atender 100% do fornecimento (de combustível) nos diferentes setores", disse.

O ex-ministro dos Hidrocarbonetos, Álvaro Ríos, disse que essa situação se deve à queda da produção da estatal YPFB e que não se pode “esconder o sol com um dedo”. Ele também afirmou que a livre importação de combustível está na pauta há meses, mas os procedimentos "são trabalhosos".

Nesse sentido, propôs que o Governo faça um ajuste no investimento público para viabilizar a compra de combustíveis e deixar de lado projetos de industrialização no setor de hidrocarbonetos.

Também reforçou que esse é um problema estrutural da moeda que já dura 24 meses. Além disso, o governo não está facilitando a importação de combustível para o setor privado.

Com informações do jornal El Deber.

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