Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 27 de Janeiro de 2023
É NORMAL: Não é preciso construir catedrais de linguagem para falar das candidaturas na Assembleia Legislativa. Os 24 deputados tem o mesmo direito. Vencerá quem transitar melhor, agregar simpatia, carisma e prestígio partidário. Precisamos nos acostumar com o jogo democrático, às vezes até viciado, mas ainda o melhor existente.
INCOMPREENDIDOS: Às vezes o eleitor comum, sem intimidade com o clima do parlamento não entende, discorda da posição desse ou daquele deputado. Fatores mais influentes ficam submersos em certas votações como na eleição da mesa diretora e projetos de interesse do governo. A postura do deputado na campanha nem sempre se repete no mandato.
EQUILÍBRIO: Se na campanha eleitoral Riedel já mostrara essa faceta, agora repete-se a postura nas decisões administrativas, nas tratativas com a sociedade e nas relações com o público em eventos no dia a dia. Só tenho ouvido elogios sobre a facilidade de Riedel em se adaptar à liturgia do cargo. E mais: ele é técnico, calmo – mas não é lento.
SERGIO MURILO: Presidente local do Podemos fez o raio-x da sigla. Em 2022, elegeu 6 senadores, 12 deputados federais e 28 deputados estaduais (um no MS). Em 2020 foram 1.524 vereadores e 99 prefeitos. No final de 2022 fundiu-se ao PSC. Engenheiro, Sérgio preside o Rádio Clube e constrói um grupo político. Sonha e não se omite. Tem seu valor.
MUDANÇAS As velhas e suspeitas coligações de ocasião deram lugar às federações de caráter nacional, mais duradouras, dando sobrevida às siglas nanicas e o acesso ao Fundo Partidário. Os partidos ficarão alinhados nacionalmente no mínimo por 4 anos (tempo do mandato) válido para os cargos proporcionais e majoritários. Mas as siglas preservam a identidade e autonomia.
QUESTÕES: Três federações estrearam no pleito de 2022 e outras devem ocorrer em 2024. Será um desafio para o novo sistema porque nos municípios há tradicionais grupos políticos antagônicos que serão obrigados a "deitar com o inimigo" por decisão superior. Essas uniões a contragosto até provocam desconforto, mas elas não são eternas.
EFEITOS: Antes, o partido era um em Brasília e outro nos Estados. Diferentes das coligações, as federações dificultam a união de partidos ideologicamente distintos. Antes, os partidos eram companheiros num município e adversários na cidade vizinha ou em outro Estado. É o fim dos ‘partidos de aluguel’ com ‘donos’ que cobravam caro para eleger um candidato.
EXPECTATIVA: Muito cedo para dizer como serão as composições das federações partidárias para as eleições municipais de 2024. Estamos no início de um governo federal e a classe política – diante de tantos fatos ocorridos e do clima de expectativa – mantém cautela esperando as eleições para o Senado, Câmara e a formação das suas comissões.
ENFIM JUNTOS! PSDB e MDB devem retornar ao papo de se juntarem. Na Câmara, são 18 deputados do PSDB & Cidadania, e o MDB com 42. No Senado são 4 ‘tucanos’ e 9 do MDB. A hipótese gera expectativa aqui no Estado. O deputado Beto Pereira (PSDB), já defende a união, mas o ex-governador Puccinelli não vê com bons olhos a ideia.
BORBULHAS: A presença de Eduardo Rocha no Governo Riedel é significativa. Fomenta o racha visível no MDB – isola, enfraquece Puccinelli, estabelecendo uma ponte com o Planalto através da ministra Simone Tebet. O jogo vai sendo jogado de olho nas eleições municipais que formatarão os projetos e as bases eleitorais para o futuro.
BOM SABER: O PSD, 42 deputados federais e 11 senadores na mira da federalização. Mas é cedo para saber com quem. Gilberto Kassab não abre o jogo. Em termos locais, o plano do MDB seria atrair o vereador Carlão (PSD) (presidente da Câmara de Campo Grande) e viabilizá-lo candidato a vice-prefeito na chapa encabeçada por Beto Pereira.
SEM ILUSÕES: A dimensão das bancadas no Congresso impacta no financiamento dos partidos. A maioria do Fundo Partidário é dividida entre as siglas proporcionalmente a votação para a Câmara Federal. O tamanho das bancadas influencia na atuação parlamentar, pois as presidências das comissões e as vagas na mesa são escolhidas pela proporcionalidade de votos.
O JOGO: Muito mais perguntas do que respostas na atual conjuntura. O que estaria passando na cabeça das lideranças dos principais partidos? Eles sabem da importância de eleger seus cabos eleitorais das bases. Prefeitos e vereadores são os pilares de sustentação, o oxigênio político que sustenta o mandato dos parlamentares estaduais e federais.
SINTONIA: É o que não pode faltar entre esses parlamentares e as lideranças de seus municípios na análise da viabilidade de integrar uma federação partidária. Nas cidades interioranas a política está presente 24 horas por dia de todos os seus segmentos sociais. Todo fato tem sua narrativa política. Vereadores e prefeitos deveriam ser ouvidos.
FERIDAS: Nas cidades do interior a cicatrização demora. Cada eleição deixa marcas, mágoas - tornando a convivência social do dia a dia difícil. Não é como simplesmente passar o apagador na lousa e começar do zero esquecendo as velhas diferenças e rixas pessoais. É neste ponto que poderá haver dificuldades das federações partidárias.
COMPOSIÇÃO da futura Câmara dos Deputados: PL 99 – PT/PCdo B/ PV 80 – União Brasil 59 – PP 47 – MDB 42 – PSD 42 – REP 41 – PSD/Cidadania 18 – PDT 17 – PSB 14 –PSOL/Rede 14 – Podemos 12 – Avante 7 – PSC 6 – Patriota 4 – Solidariedade 4 – Novo 3 – PROS 3 – PTB 1. Os dados divulgados pela Agência Câmara.
SENADO: PL 14 – PSD 11 – MDB 10 – União Brasil 10 – PT 9 – Podemos 6 – PP 6 – PSDB 4 – Republicanos 3 – PDT 3 – Cidadania 1 – PSB 1 – PROS 1 – PSC 1 – REDE 1. Para as 27 vagas disputadas a taxa de reeleição foi de 38,5%. Dos 13 senadores que tentaram a reeleição só 5 obtiveram êxito. Sete senadores não disputaram qualquer cargo.
GOLPISTAS? Lula morde a língua e chama de golpe o impeachment da ex-presidente Dilma. Conclusão: quem votou a favor da medida seriam golpistas como os ministros Simone Tebet (MDB) do Planejamento; André de Paula (União Brasil) – da Pesca e Juscelino Filho (União Brasil) das Comunicações. Por tabela atinge também seu vice Alckmin e Temer, seu eleitor.
LIDERANÇA: O poder é para os fortes. Antônio Carlos Magalhães se elegeu governador da Bahia em 1971, 1979 e 1990. Em 1986 perdeu para Valdir Pires, mas não deixou seus eleitores órfãos. ‘Não foi para Miami’. No primeiro dia de governo de Waldir - ACM bradou no rádio: “Acorda Waldir moleza! Está na hora de trabalhar.” Resultado: em 1990 voltou ao poder.
APITO FINAL:
“Não era nada ruim aquele tempo em que tudo era bom”. (Nelson Padrella)