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Fechamento da fronteira completa 32 dias; comitês cívicos decidem por medidas mais radicais

Leonardo Cabral em 22 de Novembro de 2022

Diário Corumbaense

Fechamento da fronteira, do lado boliviano, começou no dia 22 de outubro

Nesta terça-feira, 22 de novembro, a fronteira entre a Bolívia e Corumbá completa 32 dias fechada e com medidas mais radicais, conforme o presidente do Comitê Cívico Arroyo Concepción, Antonio Chávez Mercado. Desde o dia 22 de outubro, manifestantes permanecem do lado boliviano, na linha internacional impedindo o tráfego de veículos. 

A greve geral começou no departamento de Santa Cruz de la Sierra, ganhando força em outras regiões da Bolívia. Os manifestantes querem a realização do Censo Demográfico em 2023, porém, o presidente Luis Arce (MAS), promulgou decreto oficializando o Censo em 2024.

No começo das manifestações, conflitos aconteceram entre bolivianos a favor e contra a greve. Na área de fronteira com Corumbá, na noite do dia 21 de outubro, enfrentamento terminou com a morte do servidor público da Prefeitura de Puerto Quijarro, Julio Pablo Taborga. Três pessoas foram presas acusadas de envolvimento na morte. 

Desde então, os comitês cívicos fecharam a fronteira, com pontos de bloqueios na linha internacional e em frente da sede do Controle Fronteiriço. Os bloqueios também ocorrem ao longo da estrada Bioceânica, que liga o Brasil e a Bolívia. 

Medidas mais radicais

Antonio Chávez Mercado afirmou ao Diário Corumbaense, que uma reunião na noite de segunda-feira (21), entre o setor de Transporte e Comitês Cívicos, decidiu por medidas mais radicais para reforçar o protesto. 

“O fechamento de instituições públicas, como agências bancárias, aduana, bem como os mercados. Enquanto a Assembleia Legislativa não aprovar a lei do Censo e não ocorra a libertação das pessoas presas injustamente durante os dias de greve, seguiremos com as medidas”, falou Mercado.

Na cidade de Santa Cruz, distante 650 km da fronteira com Corumbá, a população poderá ir aos supermercados para o abastecimento. Conforme a Unitel TV, nesta terça-feira os centros de abastecimento funcionam das 06h às 11h. Os líderes do movimento reforçaram que as pessoas saiam de casa de bicicleta ou a pé.

Diário Corumbaense

Do lado de Corumbá, fronteira também está fechada

“Temos que continuar esta luta porque é necessário que este governo insensível, nos ouça”, afirmou Rômulo Calvo, do Comitê Pró Santa Cruz. Ele transferiu para o presidente Luis Arce, a responsabilidade pela solução do conflito. “Por isso peço ao povo que continue sendo corajoso, não é um capricho do Comitê, é uma necessidade para um futuro para nossos filhos”, disse o líder cívico sobre a greve.

De acordo com lideranças do Paro Cívico, como é chamado, o Censo Demográfico precisa ser realizado o quanto antes, pois o Estado de Santa Cruz de La Sierra e outros departamentos são os mais prejudicados, já que o último foi realizado em 2012 e de lá pra cá, muita coisa mudou.

Santa Cruz, conforme o ultimo Censo, tinha 2 milhões de habitantes, desde então, essa população cresceu, ainda mais com a migração de pessoas de outras cidades e departamentos da Bolívia, que optaram por viver lá. Como consequência, afeta diretamente no repasse de verba pública para investimentos, políticas sociais, que deveriam ser de acordo com o número de pessoas que vivem nos estados. Também afeta a representatividade política do departamento no Congresso boliviano. 

Lado de Corumbá

Desde o dia 17 de novembro, caminhoneiros brasileiros iniciaram uma mobilização com fechamento da fronteira do lado de Corumbá. O protesto segue os mesmos moldes, não é permitido carros e nem caminhões cruzarem para a Bolívia.

Até mesmo a entrada que dá acesso aos assentamentos está fechada, sendo permitida apenas a liberação do tráfego para moradores dos assentamentos. Buracos também foram abertos em estradas conhecidas como cabriteiras, por onde muitos veículos passavam para driblar o fechamento na linha internacional. 

É que por alguns dias, em determinados horários, os manifestantes bolivianos abriram a passagem para carros de passeio e de parte dos caminhões com cargas de exportação. Os caminhoneiros que não conseguiram passar passaram a cobrar dos comitês cívicos uma posição definitiva: "Ou abre ou fecha de uma vez", decidiram. 

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