Rosana Nunes e Leonardo Cabral em 17 de Novembro de 2022
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Caminhoneiros usaram pneus para bloquear o lado brasileiro da fronteira
No lado brasileiro, centenas de caminhões e carretas carregados de cargas de exportação estão parados no porto seco da Alfândega e ao longo da rodovia Ramão Gomes, amargando prejuízos. Nesta quinta-feira, os líderes do Paro, abriram a linha internacional, por algumas horas, para a passagem de caminhões de cargas. Ainda pela manhã, o tráfego foi bloqueado novamente.
À tarde, cerca de 150 caminhoneiros decidiram bloquear a fronteira do lado brasileiro, usando pneus. "Ou abre de uma vez, ou fecha de uma vez, não tem meio termo", disse Deriwelton das Graças, em vídeo enviado ao Diário Corumbaense, se referindo ao "abre e fecha" do tráfego por algumas horas. Do outro lado, um manifestante boliviano diz "melhor fechar tudo mesmo".
Deriwelton, que é um dos representantes dos caminhoneiros disse em entrevista à reportagem deste Diário, que a categoria entende e apoia a paralisação do lado boliviano, mas é preciso uma posição definitiva dos Comitês Cívicos.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Deriwelton das Graças diz que situação está insustentável para caminhoneiros
“Comunicamos a Receita Federal, Policia Rodoviária Federal, e estamos fazendo esse protesto pacífico, esperando que eles decidam abrir de uma vez para trabalhar ou fecha de uma vez. Já são 27 dias de fronteira fechada do lado deles, então, quem está na chuva é para se molhar”, mencionou o representante dos caminhoneiros.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Bloqueio no lado brasileiro na linha internacional, inclusive no acesso às estradas conhecidas como "cabriteiras"
Alguns carros são autorizados a passar pelo bloqueio, ambulâncias com pacientes também cruzam a fronteira. Quase ao lado da linha internacional, há uma entrada que dá acesso às estradas vicinais, conhecidas como “cabriteiras”, que foi bloqueada.
“Aqui na entrada das estradas vicinais, pessoas que moram nos assentamentos passam normalmente, caminhões e carros não passam por essa estrada e nem pela ponte”, falou Deriwelton, que também está com caminhão parado na Agesa há 27 dias.
“Na Agesa deve ter uns 200 caminhões parados, tenho um carregado com piso e tenho que atravessar para o lado boliviano. Só hoje, a minha estadia na Agesa chega a R$ 9 mil, imagina quem tem mais caminhões?!”, questionou.
O Paro Cívico
Na região de fronteira com Corumbá, essa é a maior mobilização realizada nos últimos cinco anos no lado boliviano. O último tinha sido em 2019, quando a Bolívia protagonizou os 21 dias de greve geral, que ficaram conhecidos como “21 dias de Paro”, terminando com a queda do então presidente Evo Morales.
Desta vez, o presidente Luis Arce, ratificou que o Censo Demográfico de População e Habitação será realizado em 23 de março de 2024 e também anunciou que a redistribuição de recursos para os estados bolivianos ocorrerá em setembro do mesmo ano.
O que Arce não mencionou é quando ocorrerá a redistribuição de “cadeiras” na Assembleia Legislativa Plurinacional, nem a reconfiguração de círculos eleitorais na Bolívia.
Os movimentos cívicos resistem e continuam com os bloqueios.
(matéria editada para acréscimo de informação)
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ROSÉLIA MARIA RAMOS MENDES GOMES: Acho que os caminhoneiros deviam liberar em parte do fluxo pra quem precisa, em Serviços essenciais.
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