PUBLICIDADE

Fronteira reabre por algumas horas, mas somente para carros de passeio

Leonardo Cabral em 10 de Novembro de 2022

Diário Corumbaense

Somente carros de passeio podem atravessar a fronteira das 04h às 09h

A fronteira entre a Bolívia e Corumbá reabriu parcialmente, nesta quinta-feira (10), após quase 20 dias fechada. Porém, apenas carros de passeio podem cruzar a linha internacional entre os dois países. O tráfego de caminhões e carretas de cargas, continua impedido.

Antonio Chávez Mercado, presidente do Comitê Cívico Arroyo Concepción, explicou ao Diário Corumbaense que a decisão de reabrir parcialmente foi tomada após reunião dos Comitês Cívicos.

“Durante a reunião ficou determinado que a fronteira fosse aberta das 04h até às 09h, mas apenas para carros de passeio. Depois desse horário, a fronteira volta a ser fechada e só podem cruzar a pé. Seguimos firmes no nosso propósito para que o governo entenda de uma vez por todas, que nós queremos o Censo Demográfico em 2023 e não em 2024, como ele já informou, pois em 2025 é ano de eleições e não vamos aceitar”, declarou Antonio Chávez Mercado frisando que, pessoas com atendimento médico marcado e ambulâncias podem cruzar a fronteira.

A greve que teve início apenas no departamento de Santa Cruz de la Sierra, no dia 22 de outubro e que engloba as cidades que fazem fronteira com Corumbá, ganhou força ao longo dos dias e moradores de outras regiões da Bolívia apoiam o Paro Cívico

Os impactos do protesto afetam a Bolívia e o Brasil em relação às exportações e importações, além do comércio de Corumbá, que devido à alta do dólar e o real desvalorizado, vinha recebendo grande movimento de consumidores bolivianos.

De acordo com a Receita Federal, os prejuízos chegam a 900 milhões de reais referentes aos dias de fronteira fechada. Quem mais sente o prejuízo é o lado brasileiro, pois é quem exporta mais mercadorias para o país vizinho.

Nesta sexta-feira, 11 de novembro, a manifestação se iguala aos “21 dias de Paro” como ficaram conhecidos os protestos que resultaram na queda do ex-presidente, Evo Morales, em 2019. A Bolívia enfrentou 21 dias de paralisação geral até a renúncia de Morales.

A mobilização

De acordo com lideranças do Paro Cívico, o Censo Demográfico precisa ser realizado o quanto antes, pois o Estado de Santa Cruz de La Sierra e outros departamentos são os mais prejudicados, já que o último foi realizado em 2012 e de lá pra cá, muita coisa mudou.

Santa Cruz, conforme o ultimo Censo, tinha 2 milhões de habitantes, desde então, essa população cresceu, ainda mais com a migração de pessoas de outras cidades e departamentos da Bolívia, que optaram por viver lá. Como consequência, afeta diretamente no repasse de verba pública para investimentos, políticas sociais, que deveriam ser de acordo com o número de pessoas que vivem nos estados. Também afeta a representatividade política do departamento no Congresso boliviano.

No início do Paro Cívico, houve conflito em Puerto Quijarro, na fronteira com Corumbá entre moradores contrários e apoiadores da paralisação. O funcionário da Prefeitura de Quijarro, Julio Pablo Taborga, morreu na confusão. Três homens foram detidos, acusados de envolvimento na morte e levados para Santa Cruz.

PUBLICIDADE