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Sem contato com alunos, professora faz buscas pelas redes sociais e visita vira rotina para aprendizagem

Leonardo Cabral em 02 de Agosto de 2020

Arquivo Pessoal/ Enviada ao Diário Corumbaense

Professora busca sempre deixar atividades nas casas dos alunos

Enquanto as escolas seguem sem aulas presenciais, alguns professores usam a criatividade para seguir com o papel de educar em tempos de pandemia. Mesmo diante dos desafios, alguns mestres não deixam de lado o desejo de estar junto de seus alunos.

Educadora há 10 anos, Elaine Corvalan, que leciona na escola Estadual Octacílio Faustino da Silva, para a turma do 3° ano do ensino fundamental, assim, como muitos outros colegas de profissão, vem encontrando dificuldade de trabalhar o rendimento escolar dos alunos. Enquanto eles estão em casa, os professores preparam as atividades que são disponibilizadas pela internet (plataforma oline) ou na escola, por meio de material impresso. 

Desde que as aulas presenciais foram suspensas em março, por causa da covid-19, Elaine pegou os contatos dos pais e os endereços, mas, percebeu que entre os 28 alunos faltavam oito, que não haviam deixado o endereço e nem telefone de contato. A professora, então, decidiu ir atrás, recorreu às redes sociais e começou a procurá-los.

“Resolvi postar nas redes sociais, para que as pessoas pudessem me ajudar, tudo isso para que esses alunos não ficassem sem nota. Eu quero o aprendizado deles. Para a minha surpresa, logo, boa parte foi aparecendo e entrando em contato, graças às pessoas que os conheciam e estavam indicando os endereços certos. Assim, consegui entregar as atividades. Ainda falta localizar dois, que não estão nos endereços informados”, contou a professora.

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Elaine diz que faz questão de explicar os exercícios aos alunos durante a visita que faz

Ela ainda revela que quando as aulas foram suspensas na escola, decidiu criar um grupo no WhatsApp, com os pais dos alunos. A ferramenta ajudou a somar com os trabalhos.

“Criei o grupo com algumas finalidades, a primeira era para deixar as atividades que deveriam ser feitas. Já o outro motivo, era para que sempre mantivéssemos contato, para que eles não se esquecessem de mim e nem eu deles. É um momento difícil, complicado que estamos passando. Afeta a todos, principalmente nós educadores e também diretamente as crianças e as famílias”, mencionou Elaine ao Diário Corumbaense.

Ensinar vai além da sala aula

A professora faz questão de dizer que alfabetizar vai muito além da sala de aula, ou seja, tem que participar e vivenciar junto com as crianças os momentos dos processos de alfabetização. Afinal, são ensinamentos que irão ficar marcados para todo o sempre.

“Mesmo antes de começar as buscas, os que eu tinha contato, ia até eles, mas claro, sempre seguindo as recomendações para evitar o contágio do vírus. Ia até a casa e levava as atividades. Aproveitava também para manter esse contato com os alunos e seus pais”, contou a professora.

Ela diz que tomou essa atitude depois de perceber dificuldades de alguns alunos na hora das explicações pela internet.

Arquivo Pessoal/ Enviada ao Diário Corumbaense

Elaine também aproveita para conversar com os pais das crianças

“O processo de ensino e aprendizagem não é simples, alfabetizar não é fácil, mas para quem gosta é prazeroso. Não está sendo fácil, pois os pais têm muitos afazeres em casa. Eles têm que cuidar da criança, às vezes não tem tempo de ajudar nas atividades, é de se compreender que não é fácil para ninguém. Mas mesmo assim, no grupo que temos, procuro postar vídeos explicando passo a passo como devem fazer. Quando percebo que alguns não entendem, levo na residência, explico, leio com eles, tudo isso, para que superem a dificuldade”, esclarece a educadora enfatizando que as visitas acontecem pelo menos duas vezes na semana. As crianças, que estão na faixa etária de 08 a 10 anos, moram próximo a escola Octacílio e outras em bairros afastados. “Mesmo assim, isso não me impede de ir para levar um pouco de esperança, através da educação, pois alguns pais não têm a condição de ir até a escola buscar as atividades”, afirmou.

Elaine faz questão de ressaltar que educar é preciso e tudo que conquistou na vida foi através do esforço e dedicação enquanto professora e busca sempre mostrar aos alunos que é possível vencer, pois como ela diz, a educação é a ferramenta necessária para mudanças.

“Eu amo ser educadora. Tudo que tenho é por causa deles. É lindo demais. Eles querem ter contato, mas a gente sempre evita. Pede para os pais conversarem antes da chegada. Alguns entendem, outros não, mas a gente vai enfrentando. Acredito muito no educação, ela transforma a vida de qualquer pessoa”, disse em tom de emoção. 

“A minha maior recompensa é ver que o trabalho está sendo feito, o educar está sendo concretizado. O sorriso e olhar, tanto dos alunos como  dos pais, é isso que me deixa satisfeita”, concluiu Elaine afirmando que ainda segue atrás de dois alunos.

Comentários:

Elvis Ramos: Bonito trabalho dessa professora, é necessário ter um cuidado não apenas técnico mas também afetivo e proximal com os alunos e a educação em geral.

Elaine Cristina Ghidini Silva: Parabéns Professora pela sua atitude,o mundo precisa de educadoras assim

Fernanda Maria de Russo Godoy : Que matéria inspiradora!!!! Por mais pessoas assim. Uma inspiração pra mim??????

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