Leonardo Cabral em 10 de Abril de 2020
Foto enviada ao Diário Corumbaense
José Brandão com parte da equipe que o assiste na Santa Casa
O médico e diretor técnico da Santa Casa, Manoel João de Oliveira, informou ao Diário Corumbaense, que o paciente, que é serralheiro, reagiu muito bem ao tratamento, deixou o CTI e se encontra em um quarto isolado do hospital.
“Ele deixou o CTI após um quadro de melhora e evolução. Ao ser transferido, até pediu para consertar algumas cadeiras do hospital, para poder passar o tempo. Claro que, mesmo assim, ele segue em isolamento e recebe todo os procedimentos adequados de atendimento por parte da nossa equipe médica”, disse Manoel João.
O diretor técnico ressaltou que a resposta positiva ao tratamento se deve ao uso do coquetel com os medicamentos cloroquina e azitromicina. Os medicamentos ainda estão em fase de testes no país para tratamento da doença, mas podem ser usados em casos que o médico achar necessário e com autorização do paciente.
"Quando ele chegou, na sexta-feira (03), apresentava bastante cansaço, estava dependendo de oxigênio. Ele evoluiu bem nesses primeiros momentos e, com o consentimento dele, entramos com o tratamento com os medicamentos, mesmo ainda não tendo o diagnóstico positivo para a doença, que foi confirmado quatro dias depois por exames. Porém, pelo fato de o paciente apresentar o quadro clínico para a doença e até mesmo depois de uma tomografia, que apontava para o uso dos medicamentos, iniciamos o tratamento e ele pouco a pouco foi respondendo positivamente, apresentando um quadro significativo de melhora”, disse Manoel João ressaltando que se aguardasse o resultado do exame sair, para iniciar o tratamento, talvez a doença teria evoluído e o paciente poderia estar respirando por aparelho.
“Ele não precisou ser entubado, pois reagiu bem ao tratamento e em 24h, após a chegada dele, foi possível perceber um quadro de melhora", completou o médico.
Com a alta do hospital, o paciente ainda deve ficar em isolamento domiciliar. “Saindo do hospital, ele vai ter acompanhamento da equipe de Vigilância Sanitária e deve ficar em isolamento por mais alguns dias”, ressaltou Manoel João.
O diretor técnico da Santa Casa enalteceu o trabalho e desempenho da equipe médica que, com todos os cuidados, realizou os procedimentos necessários junto ao paciente.
Ele também reforçou que toda a estrutura preparada na Santa Casa de Corumbá, foi essencial, na reversão do quadro clínico do serralheiro, já que mesmo antes de a cidade registrar caso suspeito, o hospital foi preparado com leitos e equipamentos para atender eventuais pacientes diagnosticados com a doença.
“Houve um 'casamento' entre todos esses fatores, que contribuiu para que o paciente pudesse apresentar um quadro de melhora rápida. Ressalto a importância da equipe que nós temos aqui, tanto de médicos como de enfermagem, que são treinados e estamos intensificando ainda mais esse treinamento a partir de semana que vem, para que a gente tenha condições de atender pacientes que cheguem nessas situações e também tenhamos a segurança necessária para não contaminar a equipe”, completou Manoel João.
"Nasci de novo"
Bastante emocionado, Aparecido Brandão, disse em entrevista por telefone ao Diário Corumbaense, que a sensação é de ter renascido.
“Me sinto vitorioso. Por ironia do destino fui pego por essa doença que é uma das coisas mais terríveis que passei em minha vida e não desejo que ninguém enfrente essa situação. Sinto que nasci de novo”, falou.
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Paciente respondeu muito bem ao tratamento, deixou o CTI e está em um quarto isolado
“Exatamente eu não sei como contraí a doença, mas suponho que fui contaminado dentro do meu local de trabalho, que é uma serralheria, onde duas pessoas passaram alguns dias lá fazendo trabalho, e uma dessas pessoas era de Fortaleza”, contou Brandão relatando ainda que ao contrair a covid-19, os primeiros sintomas foram terríveis.
“Eu senti muita dor no corpo, dor nos olhos, dor de cabeça, parecia que a cabeça ia partir ao meio. Senti muita falta de ar, foi tudo de pior nessa vida. Mas graças a Deus, quando procurei atendimento, a equipe médica agiu rápido. Me levaram para o CTI e, com o meu consentimento, fizeram o uso da medicação que deu resultado positivo. Agradeço muito mesmo o empenho desses profissionais maravilhosos, preparados e humanos”, disse o paciente ainda frisando: “Tive muito medo, mas me agarrei em minha fé, me lembro que abaixei a cabeça, mesmo com dores, e disse que estava nas mãos do Pai. Se já era confiante em Deus, a partir de agora, sou muito mais nessa nova vida que vou ter”, afirmou a este Diário.
Entre as primeiras coisas que quer fazer ao sair do hospital e terminar o isolamento domiciliar, é rever a família. “Quero poder abraçar meus pais, falar direito com meus filhos, um mora em Campo Grande e outro em Uberlândia (MG), poder falar com a minha esposa que está em isolamento e mora no sítio, no assentamento Tamarineiro; minhas tias, como a Amélia Brandão, que sempre esteve me acompanhando por telefone, enfim, voltar a viver, pois ninguém merece ficar isolado, sem nada. Aqui, para passar o tempo, pedi e fui liberado para consertar algumas cadeiras do hospital”, finalizou.
A doença
O coronavírus é uma doença que gera síndrome respiratória na maior parte das vezes. 90% das pessoas que contraírem o vírus tem quadro de resfriado, o que equivale a sintomas respiratórios brandos, como tosse, dor de garganta. Já a outra parcela poderá apresentar quadro gripal, com febre, dor na garganta, tosse, espirros, generalizando uma síndrome gripal. Crianças, jovens e adolescentes, em 85% dos casos, não terão sintomas ou se apresentarem, será como se fosse uma virose.
A doença atinge mais idosos e pessoas acima de 45 anos, com quadro de doenças crônicas, como cardíacas, renais, tabagistas, entre outras, que se encaixam no grupo de risco, porém parecido como gripe comum, podendo evoluir e levar a óbito. O grau de complicação é baixo.
Para evitar contaminação, as autoridades em Saúde recomendam cuidados básicos de higiene, como lavar as mãos com água e sabão, utilizar lenço descartável para higiene nasal, cobrir o nariz e a boca com um lenço de papel quando espirrar ou tossir e jogá-lo no lixo. Evitar tocar olhos, nariz e boca sem que as mãos estejam limpas. Não compartilhar copo, talheres e canudos.
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