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A importância das conquistas dos movimentos feministas

Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa (*) em 05 de Abril de 2019

Caros leitores

Muita gente tem uma visão distorcida do que realmente são movimentos feministas. Vale ressaltar que foram os movimentos feministas no país que nos concederam o direito ao voto e muitas outras conquistas. Numa rápida pesquisa na internet, é possível encontrar material farto que descreve a cronologia dos progressos até os dias atuais, numa luta de dor e lágrimas. Entretanto, não são apenas as mulheres que compartilham de pensamentos feministas, há homens que entendem o valor desses movimentos e se alinham na defesa dos direitos da mulher e na luta por novos avanços. Vale lembrar que, no Brasil, o movimento feminista surgiu no século 19 com a luta pela educação feminina, direito ao voto e abolição dos escravos. Atualmente, existem várias organizações feministas que defendem a nivelação do direito das mulheres ao dos homens. Assim, como há organizações específicas de feministas negras, indígenas, homossexuais, trans etc.

A brasileira Nísia Floresta, por exemplo, foi uma das primeiras a se manifestar no Brasil como força defensora da busca de igualdade pelas mulheres, tendo publicado vários livros e artigos sobre a questão feminina, alguns apontados como os primeiros sobre feminismo no Brasil. Com a vinda da República, o movimento feminista no Brasil se tornou mais amplo. O código eleitoral elaborado em 1933 estendeu o direito a voto e a representação política às mulheres. Em 1975, a ONU declara Ano Internacional das Mulheres, dando novo ânimo para as brasileiras se reunirem e discutirem problemas e compartilharem soluções. Assim, a partir de 1980, torna-se discurso político primordial a definição da situação da mulher, que passou a ser tema de discussão nas universidades e em meio aos profissionais liberais. Com a volta da democracia ao país, as mulheres ganharam mais protagonismo com a criação, em 1985, do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher. Elas se uniram e conseguiram 26 cadeiras como deputadas constituintes, dando uma representatividade maior e mais significativa aos direitos da mulher.

Na década de 1990, as mulheres passaram a exigir maior participação na vida pública, e conseguiram dos partidos a garantia de cotas de 30% de mulheres candidatas ao legislativo. E, no século 21, segue a luta com o enfrentamento à violência doméstica, no combate à discriminação no trabalho, pela legalização do aborto, para além do direito ao estilo de vida independente, por maior representatividade política, amamentação em lugares públicos, e temas como a diversidade sexual, racial e pelo fim de uma cultura que coloca a mulher submissa ao homem. Com a Lei Maria da Penha, sancionada em 2006, houve um grande passo para a prevenção da violência doméstica contra as mulheres. Contudo, a luta agora é no sentido de ampliar o tempo de detenção do agressor, e investir no empoderamento feminino e nas políticas públicas do Estado para assegurar a proteção àquelas que denunciam a situação que as oprime. Percebe-se, assim, que a mulher continua escrevendo a sua história com os movimentos feministas e aumentando o seu papel nos grandes acontecimentos da biografia do país. Bom fim de semana.

(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.