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Diga-me com quem andas e eu te direi quem tu és!

Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa (*) em 19 de Fevereiro de 2024

Caros leitores,

Que o jeito de falar diz muito de uma pessoa isso é fato, para além de dar pistas do caráter do indivíduo, expõe seu modo de pensar e de agir sobre o mundo, sobre as coisas e as pessoas que o cercam, e, sobretudo, mostra seu nível de satisfação com a vida. Uma linguagem mais leve e positiva reflete uma pessoa de bem com sua existência e feliz. Por outro lado, alguém que está sempre reclamando de tudo e raramente encontra algo bom para falar das coisas e das pessoas, mostra um ser amargurado e triste.

É assim que podemos nos definir, por meio das palavras que escolhemos para expressar nosso pensamento, emoções e sentimentos. Somos as palavras que expressamos e que fazem parte da língua que falamos. E a língua portuguesa como instituição social e ferramenta de comunicação está na base de todo e qualquer relacionamento humano, ela sofre variação e muda naturalmente com o tempo.

Para além do aspecto histórico das línguas que promove mudança em sua estrutura e no seu acervo, adicionando novas palavras e adormecendo outras, as variações linguísticas ocorrem simultaneamente no dia a dia das pessoas e nos diferentes contextos de comunicação. As escolhas lexicais refletem o gênero, nível de escolarização, grupo social, a etnia, faixa etária e até a profissão da pessoa.

Nesse sentido, o contexto da comunicação e os envolvidos na conversa determinam o tipo de linguagem empregado, há um monitoramento natural da fala quando, por exemplo, situações de poder estão presentes: filhos ao se dirigem aos seus pais, alunos aos professores, empregados a chefes etc.

O papel social que cada indivíduo desempenha na sociedade é um fator que exerce forte efeito no ato comunicacional e adequa a escolha dos paradigmas utilizados. Isso ressalta a expectativa que cada um tem do outro, seu interlocutor, do seu posicionamento sobre o tema em debate, da vida, da sociedade e das próprias pessoas. Assim como certos termos e gírias marcam gerações, algumas palavras definem pessoas e grupos com interesse comum.

Portanto, devemos ter cuidado com nossas escolhas linguísticas para não sermos taxados de boca aberta. O provérbio popular de autor desconhecido, título da coluna, sugere que o meio e as pessoas com quem convivemos podem nos afetar tanto de forma positiva como negativa.

Por isso, quando sua intuição ou sua experiência de vida sinalizarem que algo não está certo ou que o discurso da pessoa o está deixando desconfortável, se afaste, e não se deixe enganar, pois “As más companhias corrompem os bons costumes.” (1 Coríntios 15:33), ande com quem lhe acrescenta qualidade. Uma vez que “aves da mesma plumagem voam juntas” (autor desconhecido), escolha criteriosamente seu bando de aves! Coisas da língua!

(*) Rosangela Villa da Silva, Profa. Titular da UFMS, Mestre e Dra. em Linguística pela UNESP, com Pós-Doutorado em Sociolinguística pela Universidade de Coimbra/Portugal.