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Mais de 30% dos votos dos corumbaenses em 2014 foram para candidatos de fora

André Navarro em 24 de Abril de 2018

Chega a ser surpreendente a quantidade de votos que os candidatos a deputado estadual de outras cidades obtiveram do eleitorado corumbaense. O índice supera os 30%, ou seja, um terço dos eleitores da cidade deixou de votar em candidatos da terra para delegar a cidadãos de outros municípios de Mato Grosso do Sul, a responsabilidade de representar Corumbá na Assembleia Legislativa. 

No total, Corumbá tinha em 2014, 69.935 eleitores e a surpresa já começou pelas abstenções, nada menos do que 17.247 eleitores deixaram de comparecer às urnas, quase 26% do eleitorado segundo números do Tribunal Regional Eleitoral (TRE). Esse montante de votos poderia ter ajudado a eleger um representante de Corumbá, seja para o parlamento estadual ou para o federal. 

Naquela ocasião, dois candidatos da terra precisaram de poucos votos para conseguir uma vaga na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul e ficaram como suplentes de deputado. O ex-prefeito, já falecido, Ruiter Cunha de Oliveira (PSDB) que obteve um total de 18.502 votos e o atual prefeito Marcelo Iunes (PSDB), escolhido por 13.124 eleitores. Fala-se em menos de dois mil votos para que cada um fosse eleito.

Em 2014, os cinco primeiros colocados eram de Corumbá e somaram um total de 33.355 votos somente aqui na cidade. O primeiro colocado foi Ruiter com 12.995 votos, seguido de Marcelo Iunes com 9.312, em terceiro ficou Solange Alves (MDB) com 4.428 votos, em quarto Buxexa do Amaral (PHS) que teve 4.113 votos e em quinto lugar Elano Olanda (PPS) que obteve 2.507 votos.

Se forem descontados dos 48.666 votos válidos, os 33.355 dados aos candidatos da cidade, então sobrariam 15.311 que foram para candidatos de outras regiões, ou 31% de votos corumbaenses campeados por outras cidades. Isso valeu ao município ficar sem representatividade política em Campo Grande e Brasília e, consequentemente um esforço nada comum dos prefeitos correndo atrás de deputados que não são de Corumbá para conseguir verbas e aprovar projetos para o Município. 

A conta mostra que o corumbaense não tem se preocupado muito em defender o seu território, e também não tem tido preocupação de cobrar aquilo que a cidade tem direito, mas depende de verbas federais e estaduais para que se concretize. Emendas parlamentares são, nada mais nada menos, do que dinheiro governamental direcionado aos municípios. Os deputados, clara e logicamente, privilegiam as suas cidades, os seus redutos eleitorais antes de fazer a redistribuição da verba para as outras, onde tiveram alguns votos para ajudar a conquistar a vaga. 

Nas eleições passadas o candidato de fora mais votado em Corumbá foi Barbosinha (PSB) que teve 995 votos dos corumbaenses. Depois dele veio Antônio Vaz (PRB) com 697 votos, Paulo Corrêa (PR) com 566 e mais uma dúzia ou duas de políticos que, em alguns casos, o corumbaense nunca ouviu falar o nome e nem sabe de onde veio.

Para as eleições deste ano, há uma campanha que busca conscientizar os eleitores da importância de eleger seus representantes. Um desafio e tanto, principalmente levando-se em conta que o problema não está só no eleitor que vota em candidato de fora, mas também nos políticos locais que acham que têm densidade eleitoral e no final, servem apenas de escada para eleger quem não é daqui.

 

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