Por Regina Baruki-Fonseca e Naudir Ney Carvalho da Silva (*) em 30 de Janeiro de 2023
Orgulho e Preconceito, seu livro mais conhecido, é fonte de inspiração para histórias românticas. Foi referenciado em diversos filmes, séries e novelas de televisão. Ainda no cinema em preto e branco, em 1940, Greer Garson e Laurence Olivier desempenharam os papéis dos protagonistas Elizabeth e Sr. Darcy. Mais popular, e por muitos considerada a melhor adaptação da obra, a minissérie britânica em seis capítulos, transmitida em 1995, trouxe Jennifer Ehle e Colin Firth nos papéis principais.
A escalação de Firth ocasionou que ele se tornasse, de certa forma, reconhecido pelas nuances de Darcy. Isso fez com que ele viesse a interpretar o personagem homônimo em O Diário de Bridget Jones, em 2001, com diversas alusões à história de Austen.
Em 2005, foi encenado o filme diretamente baseado em Orgulho e Preconceito, estrelado por Keira Knightley e Matthew MacFadyen, contendo poucas diferenças em relação à obra original. O filme, sucesso de crítica e público, por sua fidelidade ao material de origem e por ter curta duração, é comumente abordado em aulas de literatura inglesa.
Houve outras adaptações um pouco mais ousadas, tais como Orgulho e Preconceito e Zumbis, que coloca os personagens criados por Austen em um cenário pós-apocalíptico do século XIX. Fire Island: Orgulho e Sedução conduz as temáticas de fraternidade e disparidade econômica para o universo das festas LGBTQIA+ em Long Island, Nova Iorque. Orgulho e Paixão, telenovela escrita por Marcos Bernstein, tem, em seu núcleo principal, referências à trama de Orgulho e Preconceito, situando a história no Brasil de 1910.
Outro texto transportado para a telona foi Razão e Sensibilidade, em 1995, com estrelas de primeira grandeza como Emma Thompson (que escreveu o roteiro), Kate Winslet e Hugh Grant, entre outros. Trata-se da obra cinematográfica baseada em Austen mais aclamada pela crítica, sendo reconhecida em diversas premiações naquele ano. A direção magistral do chinês Ang Lee recebeu muitos elogios. O título em inglês, Sense and Sensibility, exibe duas palavras com sonoridade próxima e significados totalmente distintos, que se refletem nas personalidades opostas das principais personagens femininas (as irmãs Elinor e Marianne) e na proximidade da conexão familiar. A trama explora esse contraste, desvelando a natureza humana com prevalência da emoção, em oposição à aplicação do raciocínio, em momentos cruciais da vida.
Emma, outra obra de Austen, foi levada às telas em diversas ocasiões. Uma curiosidade notável é que, apesar de a primeira adaptação direta para o cinema ter estreado em 1996, com Gwyneth Paltrow no papel titular, ela foi precedida por As Patricinhas de Beverly Hills, que localiza a história no universo do Ensino Médio americano, com Alicia Silverstone protagonizando as desventuras da personagem central. A versão mais recente e direta da obra, lançada em 2020, tem a atriz Anya Taylor-Joy como Emma, e se destaca em seus figurinos e fotografia.
Becoming Jane, de 2007, que veio para o Brasil com o título Amor e Inocência, traz uma ficcionalização da vida da autora (interpretada por Anne Hathaway), com referências à sua obra. O resultado lembra o que foi realizado em Shakespeare Apaixonado: os leitores reconhecem as similaridades entre os personagens do filme e os dos livros da autora.
Devido à popularidade e à versatilidade dos embates ideológicos, emocionais, racionais e socioeconômicos da obra de Jane Austen, é extraordinário como as histórias se adequam aos novos tempos e públicos, sem abandonar o cerne principal: o sentimento humano persistindo perante as normas de convivência social.
Autores:
Naudir Ney Carvalho da Silva é licenciado em Letras, Habilitação Português e Inglês (CPAN/UFMS). Cursa Especialização em Tradução Profissional na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR).
Regina Baruki-Fonseca é professora do Curso de Letras do CPAN. Tem Mestrado em Língua Inglesa pela UFRJ e Doutorado em Educação pela UFMS.