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Estudantes de Corumbá e Ladário expõem conhecimento em atividades de final de ano

Ricardo Albertoni em 27 de Novembro de 2017

Fotos: Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Projeto levou uma senzala para dentro da sala de aula; uma forma de vivenciar a escravidão na época

Com a proximidade do fim do ano letivo, alunos de escolas públicas e privadas dão início às apresentações das atividades desenvolvidas durante os bimestres. As Feiras do Conhecimento abordam diversos temas que envolvem pesquisa e aplicação prática de projetos desenvolvidos sob orientação dos professores das instituições.

Em Corumbá, a Escola Estadual Gabriel Vandoni de Barros mobilizou alunos desde a educação infantil até o ensino médio abordando assuntos relacionados ao tema: Consciência Negra. Preconceito, fatos históricos, culinária, valorização do negro na sociedade foram demonstrados pelos alunos através de apresentações durante a última sexta-feira (24).

A coordenadora pedagógica Andreia Araújo Ramirez de Arruda, destacou ao Diário Corumbaense o empenho dos alunos durante o desenvolvimento do tema.  “Hoje, o negro tem conquistado diariamente sua história. Ele está no mercado de trabalho, na universidade e é importante mostrar e respeitar quem faz parte da nossa história. Destaco que os alunos  participaram muito bem, através de vários bons trabalhos e ficaram muito felizes por mostrar a nossa história”, disse  a coordenadora.

Em um dos trabalhos dos alunos do ensino médio, os alunos demonstraram a contribuição dos negros na culinária brasileira, como a feijoada, alimento que se popularizou no país que surgiu por necessidade na época da escravidão.

Aniel, do 1º Ano Técnico, explicou que durante os questionamentos identificou que o preconceito ainda é latente na sociedade

Os alunos também debateram a questão do preconceito na sala de aula. Para demonstrar o quanto esse problema é presente na sociedade, os estudantes realizaram entrevistas com funcionários da própria instituição para saber se já foram vítimas de preconceito. O aluno Aniel Francelino Raimundo, de 16 anos, do 1º Ano Técnico, explicou que durante os questionamentos identificou que o preconceito ainda é latente na sociedade. “Fomos até as pessoas da comunidade escolar, as entrevistamos, fizemos questionamentos e montamos um painel. É que em muitos trabalhos sobre a consciência negra mostram-se pessoas famosas, que estão longe da gente, mas nós decidimos mostrar quem está perto. Foram aproximadamente 20 pessoas que pudemos perceber que passaram por mais dificuldades que uma pessoa branca passa. As pessoas pensam que a cor define o caráter e por isso elas têm mais dificuldade de crescer na vida e não é nada disso”, opinou.

Outro projeto,  que teve a orientação da professora de História, Anny Lise Roa, levou uma senzala para dentro da sala de aula. Para a professora, a visualização dos problemas e vivência da situação naquela época traz reflexão aos jovens.

“O tema escravidão é um tema antigo, e as pessoas veem o dia da Consciência Negra como algo desnecessário por isso. Fazer com que eles (os alunos) visualizem os problemas da época faz com que eles tragam à tona toda a reflexão do que se viveu naquela época de fato. Vivenciar isso de uma forma mais clara é a melhor forma de fazer com que eles entendem o conteúdo”, ressaltou a professora.

Feira de Química e Física na escola Leme do Prado

Sob a orientação das professoras Sabrina Clink (Química e de Atividade Eletiva à Iniciação Cientifica), e Fátima Helena, de Física, também aconteceu na última sexta-feira (24) na Escola Estadual Leme do Prado, em Ladário, a exposição de trabalhos desenvolvidos pelos alunos do ensino médio.

Atividade na escola Leme do Prado teve a participação de 150 alunos

De acordo com a professora Sabrina Clink, a Feira do Conhecimento serviu para os alunos trabalharem na prática os conhecimentos adquiridos em sala de aula durante as disciplinas de Química e Física, além de melhorar o desempenho nas apresentações.

“Nós começamos a desenvolver no final do 3º bimestre e os alunos começaram a escolher o projeto que queriam. Eu e a professora Fátima Helena fomos orientando quanto ao conteúdo. Queríamos que eles focassem não só o quanto é legal, na beleza do projeto, mas sim no conteúdo que esse experimento está passando para eles. A importância de trabalhar na prática é conseguir enxergar tudo aquilo que a gente ensina em sala de aula, aquilo que aprendem em Química e Física, conseguir visualizar nesse experimento e também para que consigam se soltar mais na hora da apresentação”, explicou Sabrina a este Diário.

O grupo da adolescente Rafaela Abreu Rodrigues, de 14 anos, desenvolveu uma máquina de bolhas de sabão. A jovem contou que durante o desenvolvimento do projeto conseguiu entender o funcionamento dos pequenos motores de corrente contínua, o que despertou o interesse e a vontade de se aprofundar no conhecimento.

Grupo desenvolveu máquina de bolhas de sabão

“Nós fizemos uma máquina de bolhas de sabão na intenção de mostrar como funciona os motores de corrente contínua. Eles funcionam aproveitando os movimentos de atração e repulsão dos eletroimãs e imãs permanentes, então, foi feito todo com material reciclável e pode ser usado em ocasiões de lazer, para diversão.  Nós desenvolvemos após pesquisas e pedimos pequena ajuda de algumas pessoas. Fizemos em dois dias. Vimos alguns projetos semelhantes, mas não fizemos totalmente igual. Aprendemos como os motores funcionam e despertou minha vontade de talvez trabalhar em algo relacionado a esse tipo de projeto”, afirmou Rafaela.

Já o grupo da aluna Débora Santos Pinheiro, do 2º B, decidiu demonstrar o processo químico denominado “explosão de cores”.  “Nosso objetivo foi mostrar a tensão superficial que é quebrada pelo detergente. Usamos leite, palitos, corante e detergente. Quando adicionamos o leite e o corante, não se misturam, mas se pegamos o palito e colocamos um pouco do detergente no leite que está com as manchas, elas tendem a quebrar essa tensão e a causar como se fosse uma explosão de cores. O detergente consegue romper a tensão superficial por ter a parte polar e apolar”, disse ao ressaltar que que a interação proporcionada pelo trabalho em grupo auxilia no aprendizado.

“É importante essa maneira prática de aprender porque dá pra gente interagir e ao mesmo tempo aprender, trabalhar com planejamento e entender o conteúdo” afirmou.

Entre os trabalhos, os alunos também demonstraram a preocupação com os problemas da sociedade atual.  A insuficiência de abastecimento de energia elétrica no modelo convencional foi um dos temas abordados. O grupo da aluna Gracieli de Jesus Martins, de 17 anos,  desenvolveu a maquete de uma cidade em que a geração de energia elétrica é feita com energia eólica (ventos). Ela afirmou que buscar outras fontes de pesquisa, possibilita um melhor aprendizado.

Entre os trabalhos, os alunos também demonstraram a preocupação com os problemas da sociedade atual

“Aprendemos que temos várias formas de conseguir energia. Vemos os problemas de falta de água que é constante, então, imagine como é gerar energia para milhares de pessoas. Pensamos em fazer um projeto pensando nisso. Inicialmente com  placas solares, mas o custo disso foi muito alto e não seria acessível para as pessoas. Entendemos que para essa necessidade, a energia eólica seria mais interessante. Como é uma versão reduzida, usamos um motor de impressora que capta 1 volt a cada giro. Usamos Led, que tem uma durabilidade maior. Com essas atividades, aprendemos mais, buscamos conhecimento em outras fontes e não ficamos presos a um quadro e um livro”, contou Gracieli.

Durante o período matutino, a atividade na escola Leme do Prado teve a participação de 150 alunos. Todos os trabalhos foram avaliados por professores da instituição. Os três melhores receberam premiação como troféu, medalha e um fardo de refrigerante. Todas as atividades surpreenderam os professores que acompanharam a exposição.

“Os alunos nos surpreenderam bastante. São muitos projetos interessantes, bem desenvolvidos e o que nos chamou a atenção foi o interesse deles na hora da execução e o esforço ao desenvolver as atividades.  Esses eventos são  importantes porque faz com que os estudantes consigam demonstrar o conhecimento deles”, finalizou Sabrina.

 

Comentários:

Tania da Silva Conceição Souza: A família Leme do Prado sente-se honrada em ter o trabalho dos nossos alunos divulgados por esse excelente jornal e por pessoas competentes que fazem um brilhante trabalho. Muito obrigado pelo carinho.

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