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Tempo e vegetação seca, associados à prática cultural, contribuem para queimadas

Lívia Gaertner em 01 de Setembro de 2017

Anderson Gallo/Diário Corumbaense

Meses entre agosto e outubro são os que mais registram focos de queimadas; em Corumbá, a paisagem voltou a ser tomada pela fumaça

Período do ano quando a umidade relativa do ar cai drasticamente e a vegetação ganha aspecto seco, os meses entre agosto e outubro, são os que mais registram focos de queimadas, sejam urbanas ou florestais, no município de Corumbá. Essa prática, considerada crime devido à série de problemas que causa tanto à saúde das pessoas como ao meio ambiente, infelizmente ainda persiste como um hábito cultural para muitos cidadãos.

A dificuldade em identificar quem provocou o fogo, por vezes, pode promover a sensação de impunidade, mas a situação é grave e gera muita “dor de cabeça” a quem a pratica. No início deste mês, um professor foi detido depois de atear fogo em um terreno baldio. Além do boletim de ocorrência em seu nome, o professor foi multado em R$ 200.

O fogo ainda é visto por muitos como uma forma de limpeza e o hábito que parece inofensivo ajuda a acumular fumaça, deixando o ambiente ainda mais seco, o que acarreta problemas de saúde, principalmente os de ordem respiratória.

Somente este ano, na área urbana, o Corpo de Bombeiros registrou 135 combates a incêndios. Esse número se multiplica quando entramos em área de vegetação nativa. De acordo com dados do sistema de monitoramento do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais), Corumbá é um dos municípios brasileiros com maior número de focos de queimadas. Durante todo o período deste ano, Corumbá aparece na quarta colocação com 1.869 focos.

Em área agrícolas e de pastagem, a queimada é praticada mas com a licença de órgãos estaduais, incluindo técnicas e uma série cuidados que evitam que as chamas se alastrem. Entretanto, no período quando a estiagem é mais forte, a prática fica expressamente proibida. “A pessoa acaba descuidando daquele foguinho pequeno que ela fez e pensa estar sob controle, e daí, por exemplo, entra para tomar uma água, e quando volta está aquele fogo imenso que não consegue tomar conta e espalha. Então, daquele fogo que se pensou poder tomar conta, cria-se um incêndio florestal e isso acontece bastante aqui na nossa região”, disse  Bruno Aguéda, gerente do Prevfogo.

Divulgação/Prevfogo

Corumbá já registrou mais de 1,8 mil focos de incêndio este ano

Neste mês, as brigadas instaladas em Corumbá combateram dois incêndios de grandes proporções em áreas florestais. Um foi na Estrada Parque e outro às margens da BR-262. Em ambos os casos, os brigadistas atuaram por mais de 10 horas para cessar as chamas. “O fogo pula, ou seja, aquela fagulha originada de um lado da pista quando encontra uma corrente de vento é levada para o outro lado e é o que basta para iniciar o estrago numa área que não era atingida. Isso acaba dobrando o nosso trabalho no combate”, explicou Bruno ao Diário Corumbaense.

Atualmente, Corumbá conta com 22 pessoas no quadro do Prevfogo. São 4 esquadrões com 5 pessoas e mais o gerente e o chefe de Brigada. Além de dois veículos, esses profissionais contam com uma embarcação para chegar a regiões de acesso via fluvial. De acordo com Aguéda, hoje, a maior dificuldade das equipes está em manter a comunicação, pois não contam com um sistema de radiocomunicação. “Nossos atendimentos ocorrem na maioria das vezes em áreas onde a cobertura por celular não atinge e sempre nos deparamos com essa dificuldade em saber se a equipe chegou, como está no local, se a situação está sendo controlada, se precisam de algo mais”, disse.

A orientação do gerente do Prevfogo é evitar a queima de lixo e folhas secas em quintais e terrenos baldios. Para as folhas secas, a saída é recolhê-las em sacos. Também se orienta a não jogar bitucas de cigarro em locais onde há vegetação que possa servir de combustível.