Rosana Nunes em 11 de Junho de 2025
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Nesta quarta-feira, nível do rio Paraguai na régua de Ladário, se manteve em 3 metros
Após registrar a maior cheia desde a seca histórica de 2024, o rio atingiu, na terça-feira, dia 10, a marca de 3 metros — um salto expressivo em relação ao recorde de 70 centímetros negativos (-70 cm), registrado em outubro do ano passado.
De acordo com as projeções do SGB, a tendência é de manutenção (com viés de leve subida) dos níveis atuais. A previsão detalhada para Ladário indica as seguintes marcas: atualmente, o rio está em 3 metros; para os próximos dias, espera-se que o nível alcance as seguintes marcas na centenária régua do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6º Distrito Naval da Marinha, em Ladário: 3,06 m (+7 dias); 3,10 m (+14 dias); 3,13 m (+21 dias) e 3,15 metros (+28 dias). Essas estimativas refletem o impacto das chuvas recentes, que superaram a média do ano anterior e permitiram a recuperação dos campos alagados e o retorno do fluxo em rios secundários do Pantanal.
O boletim do SGB destaca, ainda, que, embora as precipitações não tenham sido tão intensas quanto em anos de abundância, o volume acumulado nos últimos sete meses foi suficiente para reverter a situação de seca extrema. O Pantanal, que enfrentou a pior estiagem em 124 anos, agora apresenta sinais claros de recuperação, com áreas alagadas, ressurgimento de corixos e baías, e expectativa de menor incidência de incêndios ao longo de 2025.
Níveis extremos entre 2020 e 2025
O comportamento do rio Paraguai em Ladário, nos últimos cinco anos, foi marcado por extremos inéditos na série histórica iniciada em 1900. Em 2020, o rio já apresentava níveis abaixo da média, mas a situação se agravou em 2021, com cotas ainda mais baixas, refletindo o déficit pluviométrico acumulado na bacia. O quadro se tornou crítico em 2024, quando Ladário registrou -70 cm, superando o recorde negativo anterior de -61 cm, de 1964. Esse valor, embora negativo, não indica ausência de água, mas sim uma referência abaixo da cota zero local, adotada para fins de monitoramento e navegação.
A recuperação começou a ser observada a partir de dezembro de 2024, com chuvas acima da média nas principais estações de monitoramento, especialmente em Porto Murtinho, São Francisco e Ladário. Em janeiro de 2025, o nível já havia subido para 1,30 m, e a tendência de elevação se manteve até atingir os 3 metros atuais, em junho.
Especialistas do SGB e do Imasul atribuem essa reversão ao retorno das precipitações regulares e ao acúmulo de água nos campos do Pantanal, que favoreceu a recarga dos rios e a expansão das áreas alagadas.
Apesar da recuperação, o SGB alerta para a necessidade de monitoramento contínuo, já que a estabilidade do rio depende da regularidade das chuvas nos próximos meses, e o volume total de precipitação ainda foi 17% inferior à média histórica entre outubro de 2024 e abril de 2025. O boletim também ressalta que, em anos análogos a 2025, o rio pode voltar a apresentar cotas negativas caso o regime de chuvas volte a ser insuficiente.
A maior cheia do século passado ocorreu em abril de 1988, quando o rio Paraguai atingiu a marca de 6,64 metros na régua de Ladário. Considera-se cheia normal a que varia entre 5 m e 5,99 metros. Cheias iguais ou superiores a 6 metros são classificadas como grandes ou “supercheias”.
A régua de monitoramento do Centro de Hidrografia e Navegação do Oeste, do 6º Distrito Naval da Marinha, em Ladário, é uma das estações de referência da bacia do rio Paraguai. Seu comportamento hidrológico serve de base para a avaliação da situação em grande parte da planície pantaneira.
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