PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Hamas e Israel fecham acordo de cessar-fogo e liberação de reféns

UOL Notícias em 15 de Janeiro de 2025

Ramadan Abed/Reuters

Palestinos comemoram cessar-fogo entre Hamas e Israel

15 meses e 45 mil mortos depois, o Hamas e Israel chegam a um acordo de cessar-fogo, gerando imagens de milhares de palestinos e israelenses comemorando em ambos os lados da fronteira. O pacto, negociado com a participação do Qatar e entrando pela madrugada dos últimos dias, prevê a troca de reféns e prisioneiros em diferentes etapas, assim como a desocupação gradual da Faixa de Gaza por parte das tropas israelenses.

O acordo — que já havia sido proposto há seis meses e recusado — ainda desmonta a promessa do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu de que a guerra apenas terminaria quando o Hamas fosse aniquilado.

Imediatamente, a ONU ordenou que dezenas de caminhões com ajuda humanitária se preparem para entrar imediatamente na região abalada por um dos piores conflitos em anos. Além de bombas, os civis foram afetados pela fome e frio. A crise começou quando, em 7 de outubro de 2023, o Hamas atacou Israel, num ato que gerou 1,3 mil mortos. A resposta por parte dos israelenses levou entidades como Anistia Internacional a denunciar um genocídio em Gaza.

O próprio primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi alvo de um mandado de prisão por crimes de guerra e crimes contra a humanidade por parte do Tribunal Penal Internacional.

Antes mesmo de Benjamin Netanyahu fazer o anúncio, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, se apressou a publicar em suas redes sociais que o acordo havia sido atingido, reivindicando a autoria. "Temos um acordo sobre os reféns no Oriente Médio", disse. "Eles serão liberados em breve. Obrigado", escreveu Trump.

Momentos depois, ele voltou às redes sociais para dizer que o acordo só foi possível graças a sua eleição. "Isso pois sinalizou para o mundo inteiro que meu governo buscaria a paz e negociaria acordos para garantir a segurança de todos os americanos e de nossos aliados", disse.

Há poucos dias, o presidente eleito alertou ao Hamas que, se não houvesse um acordo, "o inferno se abateria" sobre eles. Nos bastidores, foi um de seus enviados quem também atuou para convencer o governo de Netanyahu que o pacto era necessário.

Nos EUA, diplomatas apontam que a equipe de Biden trabalhou nos últimos dias pelo acordo, em consultas com os nomeados por Trump para a região.

O que prevê o acordo

Primeira etapa

Retorno dos reféns: Durante seis semanas, 33 reféns israelenses dos cerca de 98 mantidos em Gaza pelo Hamas serão soltos. A lista vai incluir crianças, mulheres, soldados do sexo feminino, homens com mais de 50 anos, feridos e doentes. Em troca, Israel irá liberar cerca de 1.000 prisioneiros palestinos de suas cadeias. No total, Israel conta com 12 mil palestinos detidos.

Retirada das tropas: Israel iniciaria uma retirada gradual de suas tropas, principalmente na fronteira entre Gaza e o Egito, conhecido como corredor Filadélfia.

Retorno dos palestinos: A população teria a permissão para voltar ao norte de Gaza, e a passagem de Rafah entre o Egito e Gaza começaria a ser reaberta gradualmente. Isso, porém, valeria apenas para quem estiver desarmado.

Socorro da ONU: O governo de Israel ainda permitirá mais ajuda humanitária desesperadamente necessária em Gaza, com a entrada de 600 caminhões por dia, dez vezes mais do que é autorizado hoje. Na ONU, as agências já trabalham para que o plano seja imediatamente implementado.

Segunda etapa

Duas semanas depois do início do processo, seriam iniciadas negociações para uma segunda leva de troca de reféns, incluindo soldados e civis mais jovens. Em troca, haveria uma retirada completa das tropas de Israel de Gaza.