PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

Adiado júri de policial acusado de ser cúmplice de delegado condenado por homicídio

Marta Ferreira, do Campo Grande News em 24 de Junho de 2021

Leonardo Cabral/Diário Corumbaense

O juiz André Monteiro, de máscara azul, ao lado do visor em que o delegado Fernando participou do júri ontem

Foi adiado o julgamento do agente de polícia judiciária Emannuel Nicolas Contis, 32 anos, denunciado no mesmo processo em que o delegado de Polícia Civil, Fernando Araújo da Cruz Junior, foi condenado, ontem, pelo assassinato do boliviano Alfredo Rengel, o “Ganso”, ocorrido em fevereiro de 2019, na rodovia que liga Corumbá a Puerto Quijarro na Bolívia. Contis, às vésperas da data do júri, trocou de patrono da defesa e os novos responsáveis pediram ao juiz do caso, André Monteiro, para que ele não fosse levado a julgamento nesta quarta-feira (23), como estava previsto.

O magistrado, então, decidiu manter o júri de Fernando e dividir a ação penal em duas. O pedido foi feito no dia 18 de junho, sexta-feira passada. Contis agora, terá um processo só para suas acusações, começando de onde parou o andamento. Ou seja, a próxima fase é o júri, sem data definida por ora.

Contra o policial, pesa a acusação de coação a testemunha e fraude processual. Na prática, conforme a acusação, ele agiu para tentar enganar a Justiça em prol do ex-chefe na Polícia Civil em Corumbá e amigo pessoal.

Fernando, levado a júri ontem, foi condenado a 20 anos e 10 meses de reclusão, além de  seis meses de detenção, pelo homicídio do boliviano. O júri acatou como verdadeira a história revelada pela investigação da Corregedoria da Polícia Civil, segundo a qual o delegado esfaqueou a vítima em evento na Bolívia e, como “Ganso” sobreviveu, interceptou a ambulância onde era feito o transporte para o Brasil, em busca de mais recursos, atirando quatro vezes contra o paciente, na frente de três pessoas.

Essas pessoas eram o motorista do carro de socorro e dois parentes de Alfredo Rengel, homem que tinha sentença por tráfico de drogas no Brasil.

Indícios

É depois da morte que Emmanuel, conforme a acusação, passa a agir para tentar livrar o delegado da responsabilização. No processo, são citadas conversas entre eles no celular até debochando da equipe policial, afirmando que seria improvável achar indícios suficientes do crime.

Foi identificado que eles usaram o conhecimento dentro da corporação para tentar se antecipar às fases do inquérito, atrapalhando o trabalho.

O policial nega estar envolvido em crimes. Afirma, desde o início do processo, que era apenas amigo de Fernando e que nunca tramou para impedir investigação policial. 

Fernando e o agente foram filmados indo a estabelecimento comercial e a suspeita é de que foram ameaçar testemunhas.

Contis chegou a ficar preso, em março de 2019, junto com Fernando. Em setembro do mesmo ano, foi solto para responder em liberdade, e transferido de Corumbá para Coxim, onde permanece.

Ao Campo Grande News, Contis disse que  o advogado anterior renunciou ao caso porque ele ficou sem dinheiro para pagar. A partir de agora, será representado pelo setor jurídico do Sinpol (Sindicato dos Policiais Civis). O profissional responsável, Marcelo Ramos Calado, informou que está avaliando o caso, para decidir a estratégia de defesa daqui para frente.