Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 08 de Janeiro de 2021
ESBÓRNIA:
“Constituição tem 103 vezes a palavra 'direitos' e 9 vezes a palavra 'deveres'. Trata-se, claro, de uma conta que não
fecha (-) nosso país gasta 14% do PIB para sustentar o funcionalismo público,
enquanto o Japão usa 5% do PIB. O Brasil
não consegue pagar essa conta.” (Ricardo
Barros (PP-PR), líder do Governo na Câmara.
CALMA! Os novos vereadores não podem se precipitar.
Tudo ao seu tempo. Primeiro as noções básicas do cargo e as atribuições. Mas
estão previstas proposições de títulos
de cidadania, votos de pesar, de louvor, denominação de ruas e logradouros.
Detalhe: a formação cultural ajuda, mas não é determinante assim como o estilo
do nó da gravata.
EQUÍVOCOS: Pesquisas
mostram que a maioria dos vereadores sonha com o cargo de prefeito, inclusive
os novatos delirando pelo sucesso do batismo nas urnas. A disputa por espaços
na Câmara e na mídia é esperada. Alguns conseguirão, mas outros passarão
despercebidos, anônimos, ao longo do mandato. E 4 anos passam rapidinho – vapt
vupt.
BALELA:
Aquelas utopias de campanha e início de mandato serão logo esquecidas e trocadas
por posturas ‘pragmáticas’ comuns na vereança. Vão priorizar a sobrevivência do mandato, as vantagens financeiras (salários, verbas de representação e as famosas diárias) e as nomeações de correligionários na administração municipal.
AMARGO:
O fim da vereança por força das urnas não é agradável. Sem mandato o cidadão deixa de ser
referência, não é mais consultado na comunidade. Isso gera certo desconforto social. Enfim, retornar à
antiga realidade exige humildade contra
aquela vaidade que embalou o status do cargo. Aliás, como tudo na vida tem
início e fim.
"VASO
BRASIL": Ficará entupido ganhe quem ganhar na
Câmara Federal. O deputado Arthur Lira (PP-AL) é réu no STF e acusado de
‘rachadinhas’. Baleia Rossi (MDB-SP) tem
apoio do presidente Rodrigo Maia, do PT
e da esquerda contra o ajuste fiscal, a desestatização, as reformas e a diminuição do tamanho
do Estado.
"ALZHEIMER"? O DEM era o PFL que o ex-presidente Lula (PT) tentou
exterminar e depois foi um dos algozes de Dilma. Agora o DEM e PT esquecem tudo
e se associam para presidir a Câmara,
num provável 1º ato preparatório do impeachment
presidencial que já teria a benção
do STF inclusive. Aí o eleitor fica pirado, não entende essa zorra.
COMPARANDO: Obama levou sorte com a crise financeira em
2008 e ganhou de John MaCain. Trump
estava em alta até a covid chegar. Bem nas pesquisas de hoje Bolsonaro
dependerá em 2022 de 3 fatores: economia
em alta, sucesso do combate à covid e
da postura dos adversários – para os quais quanto pior a situação - melhor!
DEBOCHE:
10 suplentes assumindo na Câmara Federal no lugar de eleitos a prefeito e vice-prefeito. Em pleno recesso ganham
salário, cota parlamentar e auxílio-mudança. Sem sessões não apresentam projetos, sem
discursos e nem participam das comissões. Nada a fazer! O fato vitamina a descrença da opinião pública
em nossas instituições.
SUCESSÃO:
Em 2022 teremos ao menos 8 candidatos a governador, sendo para alguns uma
eleição preparatória das eleições da capital em 2024. A deputada Rose Modesto
(PSDB) nesse rol. Ela quer chegar ao 2º turno. Se não vencer mas tendo boa
votação em Campo Grande, terá preparado o terreno para a disputar a prefeitura
dois anos após.
POLÍTICA: Nela
nem sempre a derrota é perder. O derrotado pode se beneficiar pela experiência
adquirida. Exemplo: em 2012 Reinaldo
Azambuja (PSDB) ousou candidatar-se a
prefeito da capital. Perdeu mas
surpreendeu com a boa votação ( 25% dos votos) – o que viabilizou a candidatura com sucesso ao governo dois anos
após.
DOURADOS:
Em 2022 teremos eleições! Os derrotados acompanham o novo governo. Interesses
convergentes e conflitantes existem na cidade tão rica e complicada. Com 4 deputados estaduais e o vice governador,
a cidade precisa manter seu peso político no Estado. Hoje, a prioridade do
prefeito é viabilizar seu governo ainda indecifrável.
DUPLA
AÇÃO: O prefeito Alan Guedes (PP) precisa viabilizar a
gestão nos 6 meses iniciais e só após
pensar em política. Mas apenas o apoio da Câmara é pouco. Necessita sim de emendas federais e estaduais dos 4
parlamentares de olho na reeleição. Oriundo da Câmara, Alan teria a leitura
pragmática de tentar agregar apoios nesta hora difícil.
ISOLADO? Nem pensar! A hipótese remota leva-nos ao
exemplo de Alcides Bernal (PP) em Campo Grande – sucumbindo ao não dialogar com
a classe política. Mas Alan é articulado, tem DNA político, esteve do outro
lado do ‘balcão’, sabe: a construção política passa pelo diálogo,
sensibilidade, a arte de ouvir e também de virar a página.
UM
DRAMA: A reeleição de prefeitos tem um lado complicado e
pouco mostrado. Geralmente para se
reeleger o prefeito faz alianças diversas e com elas as promessas de prestigiar
grupos e siglas na futura gestão. Aí vem o fato complicador: os funcionários (
também fieis no pleito) não aceitam perder seus empregos. E como resolver isso?
INEXPLICÁVEL:
O deputado Lucas de Lima (SOL) foi a Alagoas visitar parentes e voltou
espantado com a lotação das praias no pico da covid, onde só os
ambulantes estavam a trabalho. Lembrei-lhe de Kafka, segundo o qual ‘o mundo
coletivo funciona por razões que a razão
individual desconhece’. Bem...depois não adianta chorar.
‘PLIM
PLIM!’: A Crefisa, (parceira do Palmeiras,
coincidentemente o clube de Bolsonaro), desistiu de patrocinar o JN - onde o comercial de
meio minuto no intervalo custa R$ 847 mil.
A concorrência da internet e a
crise - as causas. Odiada também pelo PT, a saída da Globo seria apostar as fichas em Huck?
‘QUE
FASE!’: O governador paulista João Dória (PSDB)
massacrado nas redes sociais por conta também de 2 episódios: sua malfadada
viagem à Miami em plena pandemia e o decreto do ICMS de produtos do agronegócio.
Sairá menor da pandemia; seu projeto de disputar o Planalto foi água abaixo.
Não há vacineaque o salve destas enrascadas.
PONTO FINAL: “ ( - )...Estes são tempos de parar para pensar: difícil, eu sei. O que ando fazendo da minha vida, do meu dinheiro ou da minha necessidade, dos meus amores ou rancores, como estou construindo minha existência ou destruindo o que toco. (-)...Quero de volta a minha vidinha cotidiana, para receber família e amigos...” (Lya Luft)
Política – É a luta de interesses disfarçada de disputa de princípios. (Ambrose Bierce)