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A linguagem em tempo de isolamento social

Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa(*) em 17 de Julho de 2020

Caros leitores

Em tempos de isolamento social, adotado como medida primordial no combate ao novo coranavírus, vimos uma gama de palavras emergirem para o nosso repertório diário. Foi assim com alguns termos estrangeiros, como delivery, lockdown, drive thru, e, mais recentemente, com a palavra drive in. Nessa esteira, por vezes, amplia-se o conceito desses vocábulos, para dar conta da função social que desempenham.

Notadamente, isso ocorreu com o termo drive in, que teve o seu significado acrescido à ideia de palco de cerimônia de casamento, ocorrido esta semana em nosso estado, e noticiado pela mídia nacional. Nesse sentido, vimos que algumas bandas e artistas estão fazendo show servindo-se também dessa modalidade de contato com o público. Isso prova a versatilidade de uso da palavra drive in, de origem inglesa, e que se refere a cinema ao ar livre onde os espectadores podem assistir aos filmes em seus veículos.

O termo define ainda estabelecimento comercial ou serviço a que os clientes têm acesso ou onde são atendidos sem terem de sair do seu próprio veículo, mais popularmente conhecido como drive thru. Contudo, se formos fazer uma busca pela tradução seca da palavra drive in, na internet, encontraremos dirigir em, ou seja, dirigir um veículo estando dentro dele. Sabemos, todavia, que à palavra agrega-se significado cultural, a partir da tradição como ela é ensinada e das possibilidades de uso no dia a dia da comunidade que a utiliza, o que explica as variadas funções atribuídas a drive in.

Isso mostra como podemos ser criativos ao estarmos atentos à necessidade de adequação ao novo normal, para o qual nos empurra a pandemia, sem deixar que a mudança de hábitos afete demasiadamente nossa vida, projetos e planos. É preciso, então, sermos resilientes para nos adaptarmos ao momento e ultrapassarmos tudo isso da melhor maneira possível. Nesse cenário, registramos mais duas palavras, oriundas da situação de pandemia, e que ganharam destaque na mídia: insumo e swab.

O termo swab, significa uma haste recoberta de algodão nas extremidades e que serve para coletar secreção das fossas nasais para análise da presença do novo coronavírus, em outras palavras, swab é algo semelhante ao nosso conhecido cotonete. Já o termo insumo é comum na área da economia e indústria, e significa cada um dos elementos essenciais para a produção de um determinado produto ou serviço.

Assim, no contexto atual, falta de insumos para realizar o teste da Covid 19, pode ser falta ou insuficiência de quaisquer dos elementos essenciais a esse serviço, incluindo swab (cotonete estéril) e recursos humanos. Quaisquer que sejam as palavras relacionadas à pandemia e ao isolamento social, ao emergirem para o repertório vocabular, comprovam nossa imensurável capacidade de adaptação linguística a esse momento, e às mudanças reais que nos são impostas naturalmente no NOVO NORMAL. Fiquem bem, e fiquem em casa. Até a próxima.

(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.