Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 05 de Junho de 2020
NOVO
TEMPO: Como a recuperação econômica só começará em 2023,
devemos repensar a rotina, a profissão, o consumo, a vida bancária, as relações
sociais (com menos viagens e festas), mais cuidado com a estética e saúde e
adaptar a residência para atividades profissionais inclusive. Quanto às perda,
já são notórias em alguns segmentos como na indústria aeronáutica, automotiva,
bens de consumo e do vestuário. Acho que a conscientização só ocorrerá à
medida que os casos de morte acontecerem
perto de nossas casas ou em nossos círculos de relacionamento.
POLÍTICA
& GUARÂNIA: A maioria conhece a música ‘Saudade’.
Poucos sabem; seu autor é Mário Palmério, quando era embaixador no Paraguai em
1961. (“Si insistes en saber que es saudade/tendrás que antes de todo
conocer/Sentir lo que es querer, lo que
es ternura/Tener por bien um puro amovo, vivi...”). Deputado federal (PTB-MG) 4 vezes , fundador
da Universidade de Uberaba, músico e escritor, titular da cadeira nº 2 da
Academia B. de Letras com o romance ‘Chapadão do Bugre’ que ele escreveu na
“Fazenda Cangalha” de sua propriedade em Água Clara. Morreu em 1996.
‘BATATA
ASSANDO’: A insônia do deputado federal Vander
Loubet (PT) continuará até o próximo dia 9 quando será julgado no STF pela
denúncia de suposta pratica de corrupção no caso ‘Petrolão’ graças a delação do
doleiro Alberto Youssef. A pena pode
superar 22 anos de prisão e mais a multa
de R$1.900 mil. Preocupa Vander: o
relator é o ministro Edson Fachin e o revisor é o ministro Celso de Mello,
considerados da linha dura da Corte. Em tempo: o caso foi iniciado nos
primórdios da ‘Lava Jato’
VALEU
A PENA? Os detentores do poder
(Executivo,Legislativo,Judiciário) não podem esquecer que, agindo errado,
pagarão de algum modo. Alguns pelo
estresse ou no vexame da prisão. Caso emblemático é do ex-Juiz Nicolau
(Lalau), Morreu agora, humilhado por ter se apropriado de milhões de reais na
construção do prédio do TRT em São Paulo. Velho, desmoralizado, não podia ir à
padaria e causava constrangimento ao neto na escola. Lembro também as prisões
de políticos daqui justamente para inibir eventuais pretendentes a essa
pratica. Enfim, nada substitui a consciência tranquila
NUMA
PAREDE do bairro
Palermo em Buenos Aires encontra-se a pichação favorita do jornalista Ariel
Palácios citada em “Os Argentinos”,
livro de sua autoria. Ela diz: “Argentinos: chega de realidades! Agora nós
queremos promessas.!”. Além de revelar
sentimento do argentino, idêntico ao do brasileiro de hoje – com a perda
da autoestima - o desabafo inspira-nos para
observações neste início esquisito do período pré-eleitoral. O brasileiro
não aceita mais sacrifícios e o adiamento do início de um futuro melhor.
ATÍPICA
essa fase, pela crise econômica herdada do PT,
devido a pandemia atual e pela própria legislação que inibe gastos e ações duvidosas dos partidos e
postulantes a prefeito e vereança. Para piorar, não se sabe a data exata do
pleito. Esse clima ‘xoxo’ , que não
motiva, é comparável ao final de ano sem musicas Natalinas, ao Carnaval
sem mascaras/adornos, às Festas Juninas
sem fogueira, sanfona e trajes caipiras.
TESES:
Os políticos lembram: antes as campanhas
municipais começavam cedo, eram caras. Acham que serão beneficiados financeiramente. Menos tempo resultará em
menos contato pessoal com o eleitor e menores chances de levar ‘mordidas’. Os
candidatos usarão as mídias sociais e outros meios para divulgar imagens e propostas. O temor da pandemia justificaria o distanciamento; pedir votos sem abraçar; mas
manifestando muito otimismo. Afinal, o
eleitor rejeita candidato pessimista, amargo.
ENIGMA:
Os prefeitos chiam: pela Constituição e leis complementares eles ficaram só com os encargos . As tais emendas
parlamentares tem destino certo e não ajudam no caixa do dia a dia.
Pergunta-se: onde os candidatos oposicionistas buscarão subsídios para o
discurso otimista, da reinvenção, para vencer quem está no poder? O eleitor
quer otimismo, promessas, mas não é otário. A proposta de reinventar a roda, não cola.
MUITO
BOA! A pronúncia
do presidente Marechal Eurico Gaspar Dutra
(1945/51) era complicada, motivava piadas ao trocar o C pelo X na pronúncia. Até inspirou uma marchinha no
carnaval de 1951: “voxê qué xabê / Voxê qué xabê / Não pixija sabe / Pra que voxê
qué xabê?” Certa vez, fardado, no interior da Paraíba, ele foi cumprimentado por
um matuto: Bom dia, coronel. E Dutra respondeu na lata: não xô coronel. Xô o
presidente da República. O caipira retrucou:
“Mas não é coronel porque não quer.”
‘CONCENTRAÇÃO’:
Pré-candidatos aumentam a presença nas
redes sociais. Venceu no dia 4 o prazo para desincompatibilização dos
Secretários Municipais, Secretários de Estado, Defensor Público, Delegado de
Polícia, Diretor de Associações Municipais, Diretor de Autarquias, Empresas
Públicas, Sociedades de Economia Mista, Fundações Públicas, Dirigente Sindical,
Funcionário do Fisco, Presidente da Comissão de Licitação Municipal, Presidente
do F. Previdenciário Municipal. Carlos Alberto de Assis, por exemplo, saiu do
Governo Estadual para tentar um mandato
eletivo. Qual seria?
‘DE OLHO’: Em 2022 deve
ser mais acirrada a disputa pela única vaga ao Senado do que para o Governo
Estadual. Dependendo das circunstâncias
poderemos ter nomes interessantes disputando como o ex-senador Delcídio
do Amaral (PTB); ex-ministro Luiz H. Mandetta (DEM), o governador Reinaldo
Azambuja (PSDB), além da própria senadora Simone Tebet (MDB). Aliás, nos
bastidores especula-se que ela poderia até optar, (dependendo do cenário ) pela
candidatura à Câmara Federal.
‘PÉROLAS’: Os políticos ‘se reinventam’ nas propostas inócuas. Em Sertãozinho (SP),
como medida de proteção aos gatos, um vereador propôs a proibição de se cantar
nas escolas municipais a música “Atirei o pau no gato...toto...” Deputado gaúcho tentou proibir o uso de nomes
de humanos em animais domésticos e aves. Outro deputado queria penalizar os homicidas com a doação
dos próprios órgãos (rim, córnea, medula) para compensar os males causados a terceiros. Outras propostas
absurdas registradas por aí: ‘Dia do
Skate’, ‘Dia do flasback’, ‘Dia do Orgulho Étero’, ‘Dia do Saci’.
OBSESSÃO
pelo poder é coisa séria. Nas eleições municipais , por vaidade, ‘miopia’,
falta de auto crítica e ‘surdez’, ambiciosos metem os pés pelas mãos e se lançam
candidatos a prefeito de suas cidades. Alguns sonham em aproveitar a visibilidade para outras pretensões eleitorais
em 2022. Um deputado estadual ou federal, por exemplo, não teria em tese nada a
perder como candidato. Mas dependendo das urnas poderá sair menor do que entrou
e inviabilizar eventual projeto.
‘BOLA
CHEIA’: Independentemente de partidos e interesses
eleitorais o Secretário de Saúde Geraldo Resende vem sendo alvo elogios dos
políticos pelo desempenho no combate ao coronavirus, colocando o Estado
como referência inclusive. Sobre o fato, o deputado Barbosinha (DEM) publicou
na mídia um manifesto elogioso à decisão do Secretário de Saúde em permanecer
no cargo, declinando à candidatura à
prefeitura de Dourados e priorizando seu compromisso junto ao Governador
Reinaldo Azambuja.
GUIMARÃES ROSA: “Tem uma verdade que se carece de aprender, do encoberto, e que ninguém ensina: o bêco para a liberdade se fazer. Sou um homem ignorante. Mas, me diga o senhor: a vida não é cousa terrível? ( ) O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem .” (Grande Sertão Veredas)
“Mas depois do túnel há uma curva fechada. Não sairemos dessa como entramos...” (J.P. Cuenca – jornalista e cineasta alemão)