Coluna Ampla Visão, com Manoel Afonso em 20 de Dezembro de 2019
REFLEXÃO
Como dizia o poeta – “O tempo engole a gente”.
Mas na política nem todos tem essa percepção ou leitura. Acham que são eternos, que tem a fórmula da
invencibilidade ou algo parecido. Por ocasião da morte do ex-senador Juvêncio
C. da Fonseca (MDB) não se falou da sua derrota para deputado estadual no
pleito de 2006 aos 71 anos de idade. Amargou o 44º lugar e com 8.267 votos. Seu
cacife de 384.264 votos de 1998 ao Senado evaporou. E convenhamos; com a internet as mudanças são radicais e rápidas. O festival de surpresas só
começou. Aguardem o que virá por aí!
O
RELÓGIO não para embora ignorado pelos
políticos. Outros exemplos: O
ex-governador Pedro Pedrossian tentou o senado e foi derrotado por Delcídio do
Amaral (PTB); ex-senador Marcelo Miranda (PL) também foi derrotado nas tentativas
de retornar inclusive disputando a prefeitura de Paranaíba; o ex-deputado
estadual Benedito Leal (MDB) também não obteve sucesso como candidato a deputado
estadual após um período sem mandato. Na análise conclui-se que a tendência do
eleitorado, que vai se renovando ano a ano, é pela natural oxigenação do quadro.
A
MÍDIA A influência
dela pesa muito na política. A imagens do candidato idem. Episódio interessante
que ilustra a situação de políticos sem mandato e que após alguns anos tentam o
retorno. Um amigo – eleitor roxo do ex-governador Pedro Pedrossian – tinha como
certo de que seu filho iria estrear como eleitor votando nele na eleição de
1990 vencida por Zeca do PT (40 anos de idade). Mas no horário eleitoral. o
jovem decepcionou-se com a imagem e fala de Pedrossian – diferente das referências feitas pelo pai e
votou segundo suas convicções pessoais. Nova geração, outra cabeça.
IMPRESSIONA
o reflexo
do estresse nos políticos ao longo do tempo. Um simples olhar na foto no
palanque do MDB – por exemplo - em sua recente convenção permite-nos aferir essa
verdade. Mas como se diz; a sede
de poder é muito mais forte que os
limites de cada um, sobrepondo-se a outros valores dos simples mortais. O ano passa num piscar de olhos; quando menos
se espera os filhos são pais, os netos cresceram sem o colo doce do avô; o
mandato terminou e é hora de enfrentar
uma nova eleição. A adrenalina motiva mas
também consome o político anestesiado pela vaidade ou raiva.
CARLOS
MARUN No dia 16 de
maio de 2020 vencerá o mandato do ex-deputado federal como Conselheiro da
Administração de Itaipu. Embora fora da
estrutura do MDB é notória sua ligação - mas sem declarações ou manifestações
partidárias. Por exclusão dos nomes do MDB Marun pode ser apontado como aquele
que reúne bons predicados como candidato a prefeito. Já ouvi no saguão da
Assembleia Legislativa de que ele teria como candidato a missão de tentar
provocar o 2º turno em 2020 onde faria aliança com a candidata Rose Modesto que
não desistiu de suas pretensões.
A
TESE é
interessante. Marun tem tornado público em vários episódios de que tem na política seu projeto de vida. Encara com
naturalidade situações que aos olhos da opinião pública provocam reações divergentes. Foi assim
defendendo o ex presidente Temer (MDB) e na prisão do ex-deputado Eduardo Cunha (MDB) em Curitiba. Enfim, sua passagem por Brasília deu-lhe
maturidade e fez relacionamentos de peso, não teve o nome envolvido em escândalos E tem postura ativa politicamente falando. Mas
antes é bom consultar o eleitorado –
cuja maioria acha que na política não há inocentes.
ECONOMIA É ela que decide as grandes eleições. O eleitor quer renda e estabilidade. Volto ao tema devido a insistência da Rede Globo em demonizar o presidente Donald Trump que tem folgada maioria no Senado para barrar o impeachment. Ora bolas! O país surfa uma onda de crescimento econômico e geração de empregos. Lá atrás Bill Clinton só derrotou George Bush (pai) pela crise econômica . Lá como aqui, Argentina e Chile, as pessoas comuns não estão interessadas em ideologia. Querem barriga e bolso cheios. Enfim, o eleitor é mais pragmático do que se imagina.
BAGAÇO Se você perguntar aí no seu trabalho ‘quem confia nos políticos ou nos partidos’ não ficará surpreso. Nessa última pesquisa ‘Datafolha’ só 4% dos brasileiros confiam nos partidos e 58% não confiam. Tá explicado porque o Congresso Nacional é a segunda instituição do país pior avaliada. O povo faz sua análise de conduta pelas matérias votadas pelos congressistas e tira então suas conclusões que influenciarão inclusive nas eleições de 2020. Duas das matérias votadas são emblemáticas e decepcionaram: o pacote anticrime e a reforma da previdência com suas exceções.
‘JUSTO
VERÍSSIMO’ Chico
Anísio já carimbou o passaporte para o andar de cima mas o seu personagem
continua atual mesmo com o passar dos anos e após os sucessivos escândalos - tidos por nós como ‘normais’. Aquela
expressão ‘eu quero é me arrumar e o resto que se exploda’ faz sentido. Apesar
da renovação do Congresso Nacional que
inicialmente trouxera esperança e até euforia, caiu na vala comum do
descrédito. A presença de militares,
policiais, autoridades e lideranças religiosas não contribuiu para a melhora de
postura. Não há comprometimento com a
Nação.
UTOPIA
“A política deve ser movida pelo desejo de
servir e construir coisas que verdadeiramente mudem para melhor a vida das
pessoas. Dar significado a um mandato eletivo exige dedicação, estudo e, acima
de tudo, amor ao próximo, preocupação com as pessoas, capacidade de sentir a
dor dos mais humildes, a angústia dos desemparados...” Essa afirmação é do
deputado federal amazonense Marcelo Ramos (DEM)
em recente artigo. Sem a pretensão de discutir as qualidades do parlamentar é oportuno comparar o o texto com o que vemos no Congresso. Como se
diz em italiano: ‘parole...parole’.
VERGONHA
Não há uma só semana sem denúncias de corrupção envolvendo políticos e agentes da
administração pública. De norte a sul – de Uberlândia ao Rio de Janeiro . Casos comparáveis à violência rotineira que resiste ao longo do tempo. O cidadão liga
a TV ou rádio; acessa um site e depara com notícias sobre investigações e
prisões de gente de diferentes posições da vida pública. Até prisão de juízes e
desembargadores não causa mais espanto. Neste quadro é difícil confiar nas lideranças políticas e autoridades. No fundo os números do “Datafolha’ também são frutos disso.
O
FILME é antigo, só
mudam os personagens. O sistema permite brechas para os corruptos se safarem. O caso do ex-governador Pezão (MDB) do Rio de
Janeiro é apenas mais um que reúne esses
ingredientes. O brasileiro fica
questionando: será que esses gestores públicos
seriam na verdade pobres vítimas
da imaginação e perseguição das
autoridades? Será que todos os fatos,
documentos e as gravações comprometedoras seriam obras arquitetadas por
‘agentes do mal’? Mas no
subconsciente da população pairam a
desconfiança e a tendência pela culpabilidade.
BOMBACHAS
VAZIAS Os governantes do PT também quebraram o Rio
Grande do Sul. Pode? Lá existem 100 mil professores aposentados e pasmem - apenas 50 mil em sala de aula; 35 mil
militares na reserva e somente 16 mil na ativa. Com isso o déficit anual da
previdência gaúcha chega aos astronômicos R$ 20 bilhões – numa dívida de 233%
da receita líquida anual, salários atrasados e investimento ridículo de só 0,3%
do PIB. A declaração do governador Eduardo Leite “Não existem soluções
simpáticas para uma situação dramática como essa” - precisa ser assimilada por todos os
governadores.
TACADAS
Os números econômicos colocam Sidrolândia como
cidade efervescente e de futuro. A
agroindústria é sua mola propulsora. O
anúncio do Governo Estadual em levar até lá o ramal de gás natural romperá a última barreira para se consolidar
como um polo. Estive conversando com o deputado
Gerson Claro (PP) e o Secretário Jaime Verruch (Meio Ambiente, D.
Econômico, Produção e Agricultura
Familiar) e seus argumentos são irrefutáveis. O outro ramal do gás para Ribas
do Rio Pardo coincide com a vinda de outra gigante indústria de celulose que
sacudirá a cidade e região. O Estado vai diversificando sua economia e ganha
espaço no cenário nacional.
TELMA
RENNER: “ (
)...A CLT foi criada em 1943...Ah! mas essa legislação visava proteger o
empregado...assim nasceu o “coitadismo” tão prejudicial e enraizado na nossa cultura...mas
hoje complemente obsoleto...o empresário evoluiu, mas a legislação piorou a
cada dia, onerando e dificultando ao máximo o desempenho das empresas... cheia
de norminhas e regrinhas, a toda hora mudada por políticos que sempre viveram
às custas do contribuinte e para conquistar seu eleitorado, foram apertando o
cerco cada vez mais e com isso dificultando a criação de mais empregos...o
empresariado com medo da industria das causas trabalhistas, baixa a cabeça,
aceita e não comenta...”
MEMÓRIA
“No Brasil, em vez de se colocar o falsário na cadeia, obrigam-se todas as
pessoas a provar sistematicamente, com documentos, que não são desonestos. Com
isso, pune-se o honesto sem inibir o desonesto, que é especialista em
falsificar documentos”. A afirmação é do
ex-ministro Helio Beltrão – da Desburocratização – 40 anos atrás quando entrava
em vigor uma lei para acabar com regras
absurdas muito parecida com a Lei
13.726/2018 que tem o objetivo de proibir os órgãos públicos de exigirem firma reconhecida em cópias de
documentos. Tal qual a ingênua pretensão
de Beltrão, essa lei de 2018 tende a ser ignorada. Esse é o país!
XORORÔ,
reclamações por imprevistos ou qualquer outro insucesso é o que se ouve por aí.
Aliás, hoje cobra-se demais por
felicidade e sucesso pessoal. Ser feliz virou obrigação. A minha mensagem de final de ano é inspirada
num vídeo onde um cidadão cego em Nova Veneza (Goiás) consegue preparar seu
café, cuidar dos porcos, fazer a ordenha de 8 vacas e por incrível que pareça produzir
seus próprios queijos . Ele caminha pela propriedade rural e cuida dos
animais como qualquer cidadão. Entrevistado, ele se diz feliz e em momento algum
reclamou da sorte. E pensar que as pessoas andam insatisfeitas e por motivos
banais reclamam. Portanto, o momento é de agradecimento por tudo que somos e
temos. E ponto final!
Feliz Natal e excelente 2020!