Leonardo Cabral em 13 de Novembro de 2019
Anderson Gallo/Diário Corumbaense
Tráfego na fronteira entre os dois países vai se normalizando
O bloqueio foi suspenso à zero hora de hoje, depois que o país finalmente conheceu presidente interina, Jeanine Añez. Logo depois do anúncio da nova chefe do Estado, no início da noite de terça-feira (12), o presidente do Comitê Cívico de Santa Cruz de La Sierra, Luis Fernando Camacho, principal líder das manifestações no país, anunciou que a greve geral, assim como os bloqueios em estradas e fronteiras, se encerrariam.
Anderson Gallo/Diário Corumbaense Caminhoneiro Rogério Siqueira disse que dinheiro acabou, mas bolivianos o ajudaram a se manter durante o protesto
Para o caminhoneiro, Rogério Siqueira Correa, que é de Limeira - São Paulo e que permaneceu com o caminhão parado na Bolívia, mais precisamente na região de San José de Chiquitos, cruzar a ponte entre os dois países, foi um alívio. “Foram 23 dias parado na Bolívia. Essa foi minha segunda viagem para o país, mas entendo perfeitamente a luta deles. Nesses dias, até o dinheiro acabou, mas não fiquei desamparado, muitos bolivianos me ajudaram, assim, como meus colegas que lá estavam também. Agora é seguir viagem de retorno para o Brasil com a carga”, contou Rogério que transportava carga de butano.
Já o caminhoneiro, Adalberto Menacho, morador de Corumbá, disse que agora é correr atrás do prejuízo. “Fui descarregar a carga de aglomerados e acabei ficando na Bolívia quando os protestos começaram. Como moro em Corumbá, vinha apenas verificar o caminhão que ficou estacionado em uma garagem. Os prejuízos são grandes, mas é trabalhar para recuperar”, disse.
O médico Lucas Egues, que faz residência no hospital Príncipe da Paz, em Puerto Quijarro, e que mora em Corumbá, contou que com a greve geral, teve prejuízo estimado em R$ 400,00.
“Pode parecer pouco, mas um gasto que não estava no orçamento faz muita falta, ainda mais para nós que estamos nessa transição de conclusão dos processos para ingressar na carreira profissional. Eu utilizo uma moto, mas com a fronteira fechada, como tinha que ir para o internato no hospital em dois períodos, manhã e tarde, tive que desembolsar esse valor para gastos com táxi, mototáxi e até mesmo ônibus, já que não tinha como vir com a moto. Eu vinha até a fronteira de ônibus ou táxi, cruzava a pé e, então, andava mais um pouco até encontrar mototáxi ou táxi para me levar ao hospital”, explicou Lucas que ainda fez questão de dizer que apesar dos transtornos, entende a situação que o país enfrentou. “Foram dias de luta pela democracia e entendo perfeitamente o que aconteceu”, mencionou.Já a moradora de Corumbá, Anicéia Ovelar, disse que assim que amanheceu, veio com o esposo abastecer o carro, com Gás Natural Veicular (GNV). “Aqui em Corumbá não temos e eu abasteço na fronteira, mas com esses 21 dias de bloqueio tivemos que economizar bem até que pudéssemos vir abastecer. É um alívio ter a fronteira reaberta”, contou com um sorriso estampado no rosto, pois, além de abastecer o veículo, aproveitou para comprar saltenhas. “Com toda certeza também estávamos com saudades da saltenha e aqui estou levando para o café da manhã”, finalizou com risos.
Venda de passagens
A presidente do Comitê Cívico Feminino de Puerto Quijarro, Rosário Hurtado de Gallardo, disse que a situação no país está se normalizando, como a venda de passagens para quem deseja seguir viagem com destino à Santa Cruz de La Sierra. Ela informou que as empresas voltaram a comercializar as passagens de ônibus nos Terminais Rodoviários de Puerto Quijarro e Puerto Suárez.
Outro setor que voltou ao atendimento foi a Aduana, na fronteira, e também a Migração, responsável pela liberação do visto e passaporte para estrangeiros que estão entrando e saindo da Bolívia, bem como também aos bolivianos que desejam seguir viagem. O horário de atendimento é das 08h às 18h, sem horário para almoço.
17/11/2019 Comissão de Direitos Humanos registra mais mortes na Bolívia
16/11/2019 Confronto em manifestação deixa 5 mortos e 22 feridos na Bolívia
14/11/2019 Morales não poderá disputar próxima eleição, diz presidente da Bolívia
14/11/2019 Evo Morales pede intercessão da ONU e do papa para pacificar a Bolívia
14/11/2019 Nova chanceler boliviana afirma que país não quer voltar ao passado
13/11/2019 Após 21 dias de protesto, fronteira da Bolívia com Corumbá é desbloqueada
12/11/2019 Senadora Jeanine Añez se declara presidente da Bolívia; fronteira será reaberta
No Diário Corumbaense, os comentários feitos são moderados. Observe as seguintes regras antes de expressar sua opinião:
Os comentários são de responsabilidade de seus autores e não representam a opinião deste site. O Diário Corumbaense se reserva o direito de, a qualquer tempo, e a seu exclusivo critério, retirar qualquer comentário que possa ser considerado contrário às regras definidas acima.