Leonardo Cabral em 22 de Outubro de 2019
Foto enviada ao Diário Corumbaense
Lideranças dos Comitês Cívicos reunidos nesta manhã em Puerto Quijarro
A decisão foi anunciada pelo presidente do Comitê Cívico de Quijarro, Marcelito Moreira Silva. "Esperamos o apoio da população porque esta é uma luta para o futuro de nosso país", afirmou ao Diário Corumbaense ao reforçar que o tráfego de veículos vai ser interrompido por tempo indeterminado, apenas pedestres poderão circular pela fronteira.
A Bolívia amanheceu sob muita tensão nesta terça-feira, 22 de outubro, após horas de violência ocorrida em várias cidades, com manifestações de cidadãos que denunciavam a suposta fraude.
Na cidade de Santa Cruz de La Sierra, os cívicos já decidiram por paro indefinido (uma paralisação geral) a partir desta quarta-feira também. A decisão deve se espalhar por todo o país andino.
"Vamos à greve geral por tempo indeterminado, a partir da zero hora de quarta-feira não haverá nenhum tipo de movimento em Santa Cruz", disse Luis Fernando Camacho, presidente do Comitê Cívico de Cruz, durante ato realizado na manhã de hoje.
Manifestações no país
Milhares de pessoas foram para as ruas de diversas cidades da Bolívia na noite desta segunda-feira (22) para protestar enquanto uma apuração preliminar apontava que Evo Morales tinha vantagem suficiente para garantir a sua reeleição ainda no primeiro turno. Apoiadores de Carlos Mesa, também candidato, denunciam uma suposta fraude nas apurações.
As manifestações mais violentas ocorreram em Potosí, com confrontos entre a polícia e cidadãos que haviam denunciado a coleta de malas eleitorais em uma casa particular, alugada para “proteger” material excedente de escolha. Os manifestantes se revoltaram após os resultados parciais e à noite, mesmo com policiais no local, invadiram o prédio eleitoral, incendiando-o e destruindo material.
Em La Paz, na Praça central, houve confrontos de opositores com a Polícia e também brigas entre apoiadores do Movimento ao Socialismo, de Evo Morales e à Comunidade do Cidadão, do candidato Carlos Mesa, as duas forças políticas com maior apoio do país.
Em Oruro, também foram registrados atos violentos. Dezenas de pessoas invadiram o prédio do MAS, destruindo o local. Eles também queimaram a porta de entrada do prédio do governo. Já em Tarija, uma multidão entrou à força no Tribunal Departamental Eleitoral removeu documentos que foram incendiados na rua.
Em Cochabamba e Cobija, se registrou também confronto com a polícia que dispersou os manifestantes com gás lacrimogêneo. Em Pando, as instalações do TED foram queimadas.
Em Riberalta (Beni), os manifestantes destruíram uma estátua do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez, aliado de Evo Morales. Enquanto, em Trinidad, mais de cem estudantes universitários enfrentaram a aplicação da lei, terminando com quatro presos.
Dado o clima de violência, a Igreja Católica conclamou "paz e serenidade" e pediu ao Tribunal Supremo Eleitoral (TSE) "que cumpra seu dever de árbitro imparcial".
OEA
A missão da Organização dos Estados Americanos (OEA), que chegou à Bolívia para assistir às eleições, deixou suas dúvidas sobre o processo na contagem dos votos.
"A Missão da OEA manifesta sua profunda preocupação e surpresa com a drástica e difícil justificativa mudança na tendência dos resultados preliminares conhecidos após a apuração dos votos no domingo, e que apontava o segundo turno do pleito entre Morales e Mesa”, disse em comunicado.
Com informações do jornal El Deber.
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