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Maranata!

Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa (*) em 21 de Dezembro de 2018

Caros leitores

Estamos vivenciando dias muito especiais de preparação para o Natal. Ocasião propícia à partilha, ao perdão e ao agradecimento a Deus. Para os cristãos, esse momento simboliza o nascimento de Jesus Cristo, e destaca a primeira maior festa do cristianismo na Terra, sendo, a da Páscoa, a segunda, quando celebramos a ressurreição de Jesus. Do âmbito da linguagem, e recentemente revelado a mim durante uma missa de peregrinação à Fátima (Portugal), o termo cristão Maranata caracteriza uma evolução dos termos aramaicos marãn athá (ou em outras fontes maran atâ ou maran atha / O Senhor vem!, ou Marana tha /Vem, Senhor!).

A explicação etimológica encontrada dá conta que o termo maranata surgiu a partir da junção de duas palavras: marãn, que significa nosso Senhor ou Messias virá, e athá, que quer dizer Jesus está aqui. Percebe-se o vocabulário bíblico sendo adequado para o homem considerando-se que, na contribuição ao termo e seu significado, registra-se a participação dos judeus, antes e depois de Jesus, quando, numa rápida pesquisa, notamos que a história cristã relata que, antes da vinda de Jesus, quando um judeu encontrava outro cumprimentava-o dizendo marãn, e que, após o nascimento de Jesus, quando o mesmo judeu, já convertido a Jesus, encontrava outro judeu, acrescentava a palavra athá depois de marãn, formando a expressão marãn athá, com significado relativo a “O Messias veio, está aqui”.

Nesse sentido, o Natal reflete com o real significado a palavra maranata e marca todo o contexto cristão que envolve essa celebração, sendo também uma palavra de oração. A carga semântica da palavra nos remete, assim, para além do lado comercial do Natal, explorado com tanta persuasão. Ela nos leva ao lado espiritual, coloca-nos a meditar sobre conversão, perdão, amor, generosidade, solidariedade e partilha. Nesse contexto, para além da troca de presentes tão aguardada e difundida com muita criatividade, é preciso entendermos que o Natal não é só um amontoado de presentes embaixo de uma árvore, e que não dá para compararmos sentimentos com presentes. Sendo assim, é necessário separarmos os sentimentos dos presentes para não colocarmos todos no mesmo saco, mesmo que esse seja um saco natalino.

Eu fico por aqui, meus estimados leitores, desejando a todos vocês um verdadeiro Natal de Maranata, de amor e solidariedade, da família e de paz, e dos verdadeiros amigos. À Família Diário Corumbaense, meus agradecimentos pelo espaço e confiança, que a nossa amizade continue para além de 2018. Se Deus quiser, voltaremos em 2019, após o carnaval. Feliz Natal!

(*) Rosangela Villa é professora associada da UFMS e colaboradora do Diário Corumbaense.