Coluna Coisas da Língua, com Rosangela Villa(*) em 19 de Abril de 2024
Os provérbios são formas simples de comunicação, passados de geração em geração, e carregam em seu significado comprovada sabedoria popular, que transmitem conselhos e valores culturais de um povo. Sendo de fácil compreensão e da interpretação da ideia implícita nas metáforas, o provérbio da epígrafe alerta que as consequências negativas de determinadas ações são inevitáveis.
É um aviso para que haja bom senso nas nossas atitudes, e para que os atos realizados sejam pensados com prudência, pois aquilo de mau que fizermos hoje retornará para nós mesmos, mais dia, menos dia.
A mensagem do título também nos remete à máxima “não faça aos outros o que não quer que façam a você”, que tem como base o respeito e a empatia ensinados por Confúcio. Nesse contexto incluímos a frase “quem com ferro fere, com ferro será ferido”, alertando sobre como tratar os outros.
Devemos aprender essas lições de vida com nossa ancestralidade, e respeitá-las, mantendo o conhecimento popular eternizado na voz do povo, o que nos remete a outra tradicional expressão “a voz do povo é a voz de Deus”.
Contudo, quanto a este provérbio, há controvérsia, mas tomem cuidado, pois chegará a hora da onça beber água e vocês não terão para onde correr, pois se correr o bicho pega e se ficar o bicho come. Aliás, vocês poderão até tentar correr, mas não poderão se esconder por muito tempo.
“Estamos vivendo tempos sombrios, onde as piores pessoas perderam o medo e as melhores perderam a esperança”, H. Arendt.
A inversão de valores é tamanha que os parâmetros de honestidade, verdade, lealdade e caráter foram banalizados por muitos. Havia um tempo em que tudo parecia mais simples e transparente, hoje, precisamos dormir com um olho aberto, outro fechado. Quem poderá nos salvar?
Só Deus, portanto, nesses tempos medonhos, guarde a sua fé e proteja a sua integridade. Guarda tua língua do mal e teus lábios de falarem falsamente. Aparta-te do mal, e pratica o bem; busca a paz e empenha-te por conquistá-la. (Salmos 34:13-14). E lembrem-se “aqui se faz, aqui se paga”. Coisas da língua!
(*) Rosangela Villa da Silva, Profa. Titular da UFMS, Mestre e Dra. em Linguística pela UNESP, com Pós-Doutorado em Sociolinguística pela Universidade de Coimbra/Portugal.