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Projeto da UFMS mostra potencial gastronômico das plantas pantaneiras

Da Redação em 27 de Abril de 2014

O Festival Gastronômico Sabores das Américas (Fegasa) dará um destaque especial para “os sabores do Pantanal” durante a abertura do evento programada para o dia 1º de maio. Na ocasião, serão apresentados aos chefs participantes o “Projeto de Valorização de Plantas Alimentícias do Pantanal e Cerrado”, desenvolvido pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) desde 2006. Ao longo destes anos, dezenas de espécies foram catalogadas e tiveram seus nutrientes avaliados e o potencial culinário testado em receitas que foram organizadas em um livro que os chefs do Fegasa irão receber.

No Laboratório de Botânica “Graziela Maciel Barroso”, do Campus do Pantanal, unidade da UFMS em Corumbá, a professora doutora Iria Hiromi Ishii e seus alunos, já se programam para a apresentação que destacará o arroz pantaneiro (ou selvagem), a farinha de jatobá, o doce de jaracatiá e o broto da taboa.

Kleverton Velasques/PMC

Jaracatiá e o broto da taboa, delícias pantaneiras que serão apresentadas no Fegasa pela equipe da UFMS

De acordo com a professora, praticamente todas as plantas encontradas no Pantanal têm uso comestível ou então podem ser aproveitadas economicamente, entretanto, o projeto surgiu para vencer certos entraves. “O nosso objetivo é resgatar o conhecimento em processo de perda ou já perdido. São recursos da natureza riquíssimos e que muitos desconhecem a forma de utilização até mesmo por preconceito”, explicou Iria.

A chance de apresentar todas as potencialidades nutritivas e de sabor das plantas pantaneiras é vista com bastante entusiasmo, pois contempla o principal objetivo da pesquisa que já existe há 8 anos catalogando as várias espécies vegetais do bioma.

“Acho uma grande oportunidade para divulgar internacionalmente o trabalho que a gente faz, divulgar esses conhecimentos porque, muitas vezes, as pessoas têm conhecimento do vegetal ou do fruto, mas não o utilizam por desconhecerem a importante fonte de alimentação que aquela árvore, arbusto, enfim, o vegetal, possui”, disse ao citar o jatobá, que tem um fruto rico em cálcio.

Depois de atestarem o valor nutricional e as possibilidades gastronômicas das plantas e frutos, os pesquisadores e estudantes compartilham o conhecimento durante oficinas com comunidades ribeirinhas e de assentamentos.

“Se deixássemos essas informações restritas ao nosso universo acadêmico, não atingiríamos o que pretendemos, que é fazer com que as comunidades usem esses recursos naturais. Quando fazemos as oficinas levamos conhecimento, mas muitas vezes, eles nos ensinam muito mais”, conta a professora Iria sobre a troca com os ribeirinhos e produtores rurais.

Algumas plantas

Dentre as plantas que serão destacadas no Fegasa 2014 está o arroz pantaneiro (selvagem) que já é bastante utilizado pela etnia guató por ser abundante em toda a região pantaneira. O grão se assemelha no formato ao encontrado no mercado, porém, é integral e de cor avermelhada.

Conhecido popularmente como “mamãozinho-de-veado”, o jaracatiá, espécie bastante recorrente nas morrarias e assentamentos do município de Corumbá é rico em zinco, manganês, magnésio, ferro, cálcio e vitamina C. Seu nome científico Jacaratia corumbensis atesta que sua descoberta aconteceu em Corumbá, o que não impede que ele seja encontrado em outras regiões do país, onde se sobressai no Nordeste.

“É da mesma família do mamão, tem muito leite e pode ser usado também pra amaciar a carne (é proteolítico), mas o uso registrado antigamente era a sua batata (xilopódio) com a qual se fazia o doce, porém isso matava a planta. Fizemos uma adaptação e com o talo, depois do correto manuseio, conseguimos também produzir o doce”, contou.

O acadêmico Thomaz da Silva Guerreiro Botelho, que está desenvolvendo um projeto com o jaracatiá, acredita que a planta agradará ao paladar dos chefs. Já a acadêmica Mayara Santana Zanella leva como aposta a taboa (Typha domingensis) cujo uso artesanal para a confecção de tapetes é bastante difundido na cidade, porém o uso comestível ainda é novidade para muitos.

A professora Iria explica que na culinária é usado apenas o broto da planta, de onde é retirado um palmito que se assemelha no sabor ao aspargo. Com ele, pode-se fazer recheios de tortas, pães e demais receitas. As informações são da Assessoria de Comunicação Institucional da PMC.

Conheça a receita de arroz pantaneiro:

Arroz Pantaneiro

Ingredientes

2 copos de arroz

1 cebola roxa picadinha

250g de linguiça ou calabresa picadinha em rodelas

1 colher (chá) de alho picadinho

3 colheres (sopa) de óleo de milho, girassol ou soja

sal a gosto

Modo de Fazer:

Numa panela, colocar óleo, a cebola, o alho e refogar bem. Em seguida, colocar o arroz, mexendo um pouco para dar uma leve torradinha. Colocar água para cobri-lo e, quando estiver quase cozido, adicionar a linguiça para que cozinhe junto. Se necessário, ir acrescentando mais água até chegar ao ponto.

Dica:

Rende 4 porções. Para enriquecer o prato, sirva com castanhas.

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