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Leia artigo "Corumbá: crescimento a taxas chinesas?!", de Raul Assef Castelão

Fonte: Raul Assef Castelão em 21 de Setembro de 2011

Nos últimos anos, temos vivenciado um movimento que, de certa forma, pode ser considerado como sendo de transformação. É assim, por exemplo, que as grandes potências mundiais têm perdido espaço para os países emergentes como, por exemplo, Brasil, Rússia, Índia, e China - o chamado BRIC's. Este último, a China, evidencia um robusto crescimento econômico a taxas de aproximadamente dois dígitos por ano. Algo que muitos invejam.

Para ilustrarmos que sim, de fato e matematicamente, a Cidade Branca também cresceu a dois dígitos, reunimos informações de órgãos oficiais e descobrimos algumas informações interessantes para a população aniversariante. O mapa para nossa análise tem como fonte: os dados do censo de 2010 do IBGE, o estudo "Mapa da Distribuição Espacial da Renda no Brasil" e o IPEA.

Nada mais justo do que começar pela população: Corumbá não é uma cidade jovem, completa neste ano, 233 anos de fundação. Todavia, sua população é jovem. Os dados mais recentes mostram que o município tem hoje 58,60% - ou 60.867 habitantes - entre 10 e 45 anos de idade. Em 1991 éramos pouco mais de 88 mil habitantes e em 2010, ano do último censo, mais de 103 mil, um crescimento populacional de 17% nos últimos anos. No mesmo período, a população no estado cresceu 27%.

E ainda em pouco mais de quatro anos, 17% de nossa população entrará na faixa considerada como economicamente ativa, ou seja, aquelas que irão contribuir com a economia.

A geração de riqueza dentro do município também tem tido um crescimento linear ao longo dos últimos anos. Em 1999, a geração de riqueza ou o PIB do município não chegava a 500 milhões, para ser mais exato foi de R$ 403.070.934,00. Após nove anos, a riqueza produzida na Cidade Branca saltou para aproximadamente R$ 2.846 bilhões em 2008, ou seja, a riqueza municipal foi multiplicada por aproximadamente 7 vezes. A figura abaixo evidencia tal crescimento.

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O mesmo aconteceu com a riqueza pessoal, o PIB per capita. Em 1999, os corumbaenses tinham um PIB per capita de R$ 4.391,00 e em 2008 R$ 28.693,20, ou seja, a riqueza em relação à renda dos corumbaenses foi multiplicada por quase cinco vezes.

Corumbá após todos estes dados ficou entre as dez maiores regiões de planejamento de maior PIB per capita da região Centro-Oeste dentro do estudo da distribuição espacial da renda no Brasil. No estudo, coordenado pelo Conselho Federal de Economia, estamos no mapa do "Brasil mais rico" - aquele em que as regiões possuem PIB per capita 1,5 acima da média nacional em 2008.

Ainda conforme o estudo, Corumbá se enquadra ainda como uma das regiões com "taxas chinesas de crescimento", ou seja, aquelas com crescimento médio geométrico do PIB total acima de 10% ao ano entre 19991/2001 e em 2008 - o município apresenta uma variação de 10,59%.

No entanto, os melhores manuais do saber revelam que existe uma grande diferença entre crescer e desenvolver. Para desenvolver-se é preciso crescer, mas crescer não significa necessariamente que iremos desenvolver.

Do lado social, temos visto também uma alteração em nossos indicadores, porém, em ritmo muito menor do que as variáveis econômicas. O IDEB, por exemplo, cresceu em cinco anos algo em torno de 18% e o I.D.H. quase não se alterou na última década.

É certo que a capital do pantanal tem peculiaridades que a distinguem de outros municípios. Peculiaridades positivas como, por exemplo, o fato de crescermos a taxas significativas como estas demonstradas neste artigo e peculiaridades negativas como, por exemplo, de que adianta crescer tanto se a saúde deixa a desejar ou de que ainda não sabemos como aproveitar da melhor maneira as nossas riquezas.

Existe em nossa região um verdadeiro paradoxo ou um eterno conflito que pode ser pouco explicado pelos livros, justamente pela região possuir tantos dilemas, mas que ao mesmo tempo parecem ser tão simples de resolver. Perguntamo-nos, neste 233º aniversário da capital do pantanal, o quê de fato queremos? E que ninguém se sinta imune a este dilema, pois todos têm um dedo na ferida e logo na medicação.

*Raul Assef Castelão, Economista com MBA em Finanças.