Portal de Notícias de MS em 12 de Agosto de 2024
Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar
Tenente Letícia Solano na linha de combate ao fogo no Pantanal
Mas muito mais que veículos, o combate está sendo feito por pessoas. Desde abril, 1170 homens e mulheres se dedicam dia e noite para impedir o avanço das chamas. Desse efetivo, 714 são do Corpo de Bombeiros de Mato Grosso do Sul.
O combustível que leva essas pessoas a arriscarem a própria vida é o amor ao bioma. Esse é o caso da tenente Letícia Solano, que é campo-grandense de nascimento, mas também corumbaense de coração.
“Sou de Campo Grande e por conta da minha profissão - sou engenheira ambiental - tive a oportunidade de trabalhar em outros lugares, e um deles foi Corumbá, onde morei de 2013 a 2018. Eu servia na Marinha como oficial temporário. E aí Corumbá já tem um lugarzinho especial no meu coração. Acredito que esse tempo que eu passei lá, já posso me considerar pantaneira”, conta.
Letícia fez concurso para o Corpo de Bombeiros em 2018. Era um certame específico para formados em Engenharia Ambiental, para preencher um quadro recém-criado de especialistas. Na ocasião, acreditava que trabalharia com projetos em vez de atuar diretamente em campo. Estava enganada. O curso se encerrou em junho deste ano e no mês seguinte já estava combatendo incêndios florestais em um dos biomas mais importantes do mundo.
“Nosso curso começou em janeiro deste ano, se encerrou em junho e em julho eu ingressei na Diretoria de Proteção Ambiental. Uma semana depois eu estava lá, no Pantanal, então com zero experiência assim de combate a incêndio florestal. Só que também estava com uma equipe que é especialista no combate e aí foi muito desafiador e muito aprendizado”.
Depois de 15 dias de combate ininterrupto, a tenente Letícia Solano afirma ter ficado impressionada com a força do fogo, mas que a determinação em acabar com o incêndio é ainda maior.
“Um dia a gente está protegendo uma área. Depois dorme e no dia seguinte aquela área é atingida (pelo incêndio) por conta que o solo lá no Pantanal é bem específico. A vegetação também. Aí o clima seco acaba sendo a cereja do bolo pra que nada dê certo. Só que tem uma vontade da equipe. Não teve um dia que eu vi a equipe ficar desanimada. Todos os dias a gente estava lá tentando dar o nosso melhor e a gente conseguia, ao final do dia combater”.
Sonho realizado
Saul Schramm/Governo do Estado
Sargento Katiane diz que ser bombeiro é a concretização de um sonho
“Acho que a maior palavra que a gente tem é responsabilidade, principalmente porque eu nasci no Estado. Sou filha do Estado e a gente vê esses animais, a vegetação e tudo aquilo que em toda na minha infância também via, que eu vinha para cá passear, e ver queimando, a gente sofre por isso. Então, a necessidade de apagar aquilo o quanto antes, é o que move a gente”.
Katiane explica que, em relação aos incêndios de 2020, a diferença está na estrutura de combate aos incêndios. “Hoje a gente conta com mais material, veio também o pessoal da Força Nacional. O incêndio, a proporção dele é um pouco maior, só que a dinâmica de material e de pessoas é maior agora também”, conta.
Pode parecer um paradoxo, mas a árdua tarefa de enfrentar as dificuldades do Pantanal e arriscar a própria vida, para ela, é a realização de um sonho. “Eu tenho 14 anos de bombeiro. Eu entrei em 2010. E a ideia de entrar no bombeiro é que unia duas coisas do que eu gostava: a parte de aventura e de salvar vidas. Então, aquele sonho que geralmente é do homem, de ver a viatura, de brincar de carrinho com a viatura, também era meu. Eu queria dirigir aquelas viaturas, eu queria combater assim como os bombeiros fazem, e eu faço hoje”, diz.
Fazendo 'chover' no Pantanal
Saul Schramm/Governo do Estado
Sargento Monalisa Alves Tabaco é mecânica de voo do KC-390
E uma das responsáveis por fazer esse cargueiro multiuso alçar voo é a sargento Monalisa Alves Tabaco, mecânica de voo. Parte integrante da tripulação, ela é responsável pela preparação técnica e monitoramento da aeronave. Ela fica no cockpit com os pilotos.
Sem essa profissão, não seria possível o combate aéreo. “A gente faz todo um pré-voo antes do outro voo em si. Verificamos as condições da aeronave no solo, administramos o combustível e todos os sistemas do avião, e quando estamos em condições de voar, os pilotos assumem as posições de 1P e 2P (1° e 2° pilotos) e eu fico monitorando durante o voo os sistemas do avião”, explica Monalisa.
Há dois anos e meio ela é a mecânica do KC-390. Filha de um militar da Aeronáutica, ela se formou eletricista de instrumentos, mas aproveitou uma oportunidade em Anápolis (GO) para ser aeronavegante. Monalisa já atuou no desastre natural em Canoas, no Rio Grande do Sul, e agora está em Corumbá. “Os incêndios são um desastre natural que nós não gostaríamos que existissem, mas é muito gratificante poder ajudar no combate nesses períodos”, finaliza.
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